sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Como criar personagens de RPG: jogadores de Dungeons & Dragons

Talvez um dos maiores problemas para jogadores iniciantes e veteranos seja montar sua ficha. A planilha de personagem para muitos é um dos maiores problemas para todos. Muitos não sabem onde devem preencher, mas o maior problema é o que vai fazer mesmo. Como será seu personagem. No que ele será útil.
Isso sem contar quando o mestre pede que lhe entreguem uma história. Ai existem dois tipos: os que entregavam o trabalho de escola de qualquer jeito, com uma página do seu caderno rapidamente, com umas cinco linhas escritas de uma coisa bem... Porca. E os que lhe entregam algo mais complexo que o TCC de astrofísica para uma faculdade americana. Sério. Já vi gente que digitou três folhas (FRENTE E VERSO) com suas histórias. Tem gente menos dedicada na USP.

O maior problema é que o narrador/mestre, normalmente só ajuda a fazer partes técnicas do personagem. Ou seja, a distribuição dos pontos. Sejam aleatórios ou não. Mas aqui veremos em duas etapas, divididos em semi-etapas. Mas vamos lá!
Lembrando: não necessita seguir essa ordem. Pode ser a ficha e depois o background. E outra, não vou lhe ensinar como distribuir seus pontos 

Background:
*Você será um herói ou vilão? - Mesmo que os sistemas sejam antigos, existia a chance de escolher seu lado (meio ideal maniqueísta mesmo, preto e branco, bem e mal), mas ainda existia problemas em escolher sua personalidade. 
Contudo, nas versões mais atuais, mesmo antes de escolher sua tendência, você pode falar se será um herói. Ou quem sabe um vilão. Mas como assim, você se questiona. E a melhor maneira de mostrar isso é usar como referência é Anakin Skywalker de Star Wars
Ele começa como um CB (Caótico e Bom, Rebelde), mas depois de vários conflitos se tornaria um sith. Mesmo sendo maligno, ele é um personagem mais controlado LM (Leal e Mau, Dominador), ainda assim  tem seus momentos de raiva (quando ele vai para um CM, ou seja, Caótico e Mau, Destruidor). E no final, devido a seu filho, cumpre seu papel no mundo, trazendo equilíbrio a Força se tornando um tanto quanto LB (Leal e Bom, Cruzado). 
*Qual seu papel no mundo? - Não que seu personagem não seja importante, afinal, ele será UM dos protagonistas da história. Só que ele não precisa ser um herdeiro de um reino, filho de um deus ou o primeiro humano do universo. Pode ser um cara que pegou suas coisas e falou que iria se aventurar.
Tramas e subtramas podem ser colocadas, mas isso não necessita ser feito por você. Sem precisar colocar tantos cliffhangers (ganchos) que parece uma série de dez temporadas.
*O que quer no mundo? O que lhe motiva - Como dito antes, não precisa ter um passado cheio de sombras e perigos, só que quando um personagem surge é comum que os jogadores escrevam que tem um inimigo. Isso é o seu objetivo? Derrotar o inimigo? Não precisa ser só isso, pois se tiver como fazer, suas intenções podem ser tantas quanto o menu de um restaurante: vingança (V de Vingança), viver em paz (Rambo), morrer em paz (o filme Logan), sobreviver (The Walking Dead e The Last of Us) salvar uma pessoa que ama (Os Aventureiros no Bairro Proibido), ressuscitar alguém (The Shadow of Colossus), entre tantos outros.
Mas vejam isso aqui:
"Taylor Halford hoje um homem conhecido por atuar no teatro, tem um lado obscuro.
Quando criança era de família humilde e como não tinham como sustentar a familia, Taylor aprendeu à aplicar pequenos golpes em outras pessoas para poder ajudar na família, com isso Taylor foi melhorando a arte de manipular as pessoas para o benefício próprio.
Tendo como missão acumular grandes riquezas aprendeu a usar ferramentas pra destrancar portas e trancas em geral, sua arte sutil em desativar armadilhas o fez ficar reconhecido como o poucas trancas no qual ninguém conhece seu rosto, nos últimos anos Taylor saiu em busca de novos desafios e acabou parando em uma equipe de teatro em Tristania."
Esse é um exemplo de história em que eu não preciso ser um grande ser cósmico para ter uma boa história no meu background.
*Como é o mundo? - Existe uma grande diferença entre estar no universo de Forgotten Realms, do que estar no universo de Dark Sun, Ravenloft e Eberron. Cada um tem sua particularidade. Mas sabendo um pouco como ele funciona, você vai poder encaixar seu personagem de modo plausível. Não adianta nada, por exemplo, querer jogar em Ravenloft, sendo que criou uma história para seu meio-dragão. Pois não existem esses seres naquele mundo, naquele semi-plano. Nem dragões.
Cada universo tem suas personalidades. Uma comparação bem parecida com a realidade esta nos cantores de j-pop e j-rock. No Brasil temos muitos fãs disso, mas nada se compara ao país do Sol Nascente. Isso funciona como um universo próprio.
*Você é livre para criar! - Vejam esse exemplo: em uma campanha relativa ao mar e pirataria, eu quis jogar com um paladino. Desde que me lembro por gente sempre gostei dessa classe, antes mesmo de termos o D&D Terceira Edição. Mais pelo seu conceito do que por qualquer coisa. Tempos depois o pessoal me zoava por estar jogando com um paladino entre um bando de piratas. Coisas como: "E ele disse que queria jogar com um paladino em uma campanha de piratas! kkkkkkkkk".
Certo... Não! Errado! Bem errado!
No Dungeons & Dragons tivemos uma revolução, pois um personagem ou raça, não tão associado a uma classe pode pegar ela. Um anão pode ser um mago, um meio-orc pode ser um paladino e até mesmo uma elfa pode ser uma bárbara! Não é o jogador que deve se adequar a campanha, mas a campanha ao personagem. Prova disso que muitas vezes joguei com personagens maus em um grupo de caras bons. E ninguém chegou a me zoar por isso.
Ficha:
*Seus números não são seu personagem! - Tirou dados ruins na rolagem? Ou acha que a pontuação que te deram não é suficiente? Manda tudo para o Inferno! Um personagem não baseado em números. Eles só estruturam o quanto você é bom em certa área ou não. Não que você será um fracasso completo. Por exemplo, me lembro de certa vez, ao chegar na casa de um amigo e um rapaz ter me cumprimentado. Não o reconheci. Ele então se revelou um colega de escola que quando estudávamos era gordinho. Ele ficou bem magro, só com exercícios. A pessoa pode ser de um modo quando começa sua vida, mas isso não significa que sempre será assim! O mesmo ocorre com a ficha, então não pire com números. 
Se quiser um exemplo mais nerd, pode imaginar como um pokémon que aprendeu um movimento de outro tipo. Até o Pikachu consegue soltar surf se você quiser!
*Tente ler o Livro do Jogador, mas não se fixe nele! - É óbvio que devemos seguir alguns padrões do sistema: um mago deve aumentar sua inteligência, um bardo seu carisma e um clérigo sua sabedoria. Entretanto, isso é extremamente exigido das outras classes? Por exemplo, eu não preciso de um guerreiro forte sempre. Ele pode ser bom em aguentar golpes (aumentando constituição) ou ser um arqueiro (aumentando destreza), quem sabe ainda ser um grande detetive (aumentando inteligência). Tudo é possível. Não existe regra que te impeça de gastar pontos de forma diferente. Ao menos que gaste seus três últimos pontos em habilidades em qualquer coisa que personalize ele.
Aliás, por que não vai contra corrente: colocar pontos em partes que NINGUÉM colocaria. Tipo, força demais em uma ficha para um mago. RPG é contar história, não evoluir um personagem em um MMO qualquer.
*Personalize seu personagem! - Gastando pontos (assim como talentos), você pode personalizar seu personagem. Um personagem, mesmo casca grossa, pode gastar pontos extras como Adestrar animais. Pois pode ter sido um camponês que trabalhava com isso para um cavaleiro. Ou um antigo fazendeiro que perdeu tudo que tinha. Ou ele aprendeu determinado talento, pois foi ensinado por seu mestre ou pai. Ser um cara treinado para determinada função não significa que ele sempre trabalhou com isso.
*Lembre do que seu personagem precisa! - Eu falei muitas coisas, mas talvez o que escreva agora pareça contraditório: tente seguir o que ele precisa para sobreviver. Um mago deve pegar magias que possa utilizar em campanha. Um clérigo pode decorar magias, mas sempre envolvendo uma ou outra de cura (quase sempre). Você vai ser um aventureiro! Mesmo que não queira terá que ser versátil. Algumas vezes isso estará envolvido com aquilo que surgiu como uma bomba, então não decore só magias de dano, mas de defesa e auxílio!
Isso não lhe impede te deixar seu personagem da forma que quer. Só que antes pense se isso não vai deixar seu personagem prejudicado.
*A tendência é importante! - Você começa como um cara BOM ou MAU. Beleza. Só que seu personagem não se parece nada com isso. Acho que você esta fazendo algo errado. 
Seja sincero com você. Sabe interpretar caras maus, o faça ser tão cruel quanto M. Bison ou Joffrey Baratheon. Sabe fazer pessoas boas, seja como Percy Jackson ou Aragorn! Ai de repente, você é um cara mau, mas se apaixona por um gatinho na rua. Não que não possa gostar de nada pois é mal (não estamos criando aqui um vilão de novela da Record), mas ao menos crie princípios. Um ser "do mal" teria como animal de estimação algo onipotente. Ou algo que ele perturbou e deturbou de modo irreversível. Mesmo quando ele é pai, ele mostra que sua ideia de carinho é perigosa (vide Thanos da Marvel).
Além disso, muitas vezes mestres descontam experiência devido sua interpretação errada de uma tendência.

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