sexta-feira, 20 de maio de 2016

Arquivo Sombrio - (Parte 1 - Introdução)


Há um ano comecei a escrever essas linhas para talvez ficar um pouco mais calmo depois de tudo que eu passei em 2016. Isso acontecia, pois nunca imaginei no que acarretaria estudar história. Sempre gostei de estudar essa matéria pelo que me lembro. Acho que isso se deva ao fato de sempre ter gostado das histórias relacionadas às cruzadas, sobretudo quando se tratada sobre os templários. Mas começo a me perguntar se não deveria ter feito outro curso qualquer com menos perigos. Sei lá... Talvez administração ou letras que são cursos mais chatos.
            Mas antes de falar sobre os fatos devo salientar duas coisas: quem sou eu e alguns fatos históricos que me envolveram nesse ano.
            Bem, meu nome é Carlos Eduardo Oliveira. Sou um dos filhos de dona Sandra Souza, atualmente dona de casa. Meu irmão mais novo se chama Claudio e é um verdadeiro idiota, mas não nos fixemos nele. Meu pai morreu há muito tempo atrás. Possuo três tios: Roberto, Conceição e Benedita. Tenho só três primos de primeiro grau devido ao meu tio Roberto e a mulher dele, Aparecida. Os nomes são Robson, Ramon e João Paulo. Atualmente estudo na UnG, fazendo curso de história e trabalho a tarde como operador de máquina de xerox. Chique, não é?
            Gosto de comer todo tipo de massas e comidas japonesas, especialmente apimentadas. Odeio verduras. Tenho como hobbys tocar bateria, ficar mexendo em meu computador e escutar rock. Se bem que também tenho uma guitarra, mas a toco mais para descontrair.
            Os fatos importantes até agora são que eu sou um estudante e a morte de meu pai. Sempre fui um ótimo aluno, mas nunca o mais brilhante. É que sempre gostei das lendas da Idade Média. Sabe, combates de cavaleiros errantes que lutavam contra exércitos. Coisa de garoto mesmo. Tudo bem que aqui no Brasil os garotos só pensam em futebol, mas eu pensava nisso. História.
            Meu pai já é um caso diferente: com oito anos de idade meu pai havia morrido. Foi o máximo que minha mãe falou sobre ele. Nunca soube nenhum dado sobre a vida dele, além do que consta no meu sobrenome. Família paterna, vida fora de casa, nada. Mesmo assim nunca gostei dele. Nunca estava em casa para ajudar minha mãe, então eu aprendi a trabalhar desde cedo. Havia vezes em que chegava bêbado da rua. E espancava qualquer um que estivesse na sua frente. Qualquer um mesmo. Sempre o odiei. Bem qual filho não odeia um de seus pais?
            De qualquer modo, eu sei que os meus problemas esse ano começaram por conta dele e da ditadura militar.
            Aí está o outro fato que ferrou minha vida. Como um estudante pesquiso vários períodos da história nacional e internacional, e devo confessar que um dos mais importantes são os chamados, anos de chumbo. Um período conturbado que pega de 1965 a 1985 na linha do tempo do nosso país
            O ano era 1964. O até então presidente, Jango, se recusou a tentar enfrentar uma resistência armada ao movimento militar que começou um golpe de Estado. No começo, se dizia que seria uma intervenção passageira devida “aos desmandos provocados pela infiltração esquerdistas no país”. As Forças Armadas teriam uma função patriarcal quase. Os tolos jornais da época saudavam isso como uma vitória do movimento democrático, acreditando que quando tudo estivesse bem haveria votação e um presidente seria escolhido. Bobinhos...
            Havia muitas coisas para serem feitas, entre elas – principalmente - reorganizar o país. O Brasil necessitava de um Poder Executivo forte, além de formar um novo governo a partir das alianças da UDN e PSD, das lideranças militares e dos diversos empresariados.
            Mas houve então em 09 de abril de 1964, o Comando Supremo da Revolução, uma junta militar que assumiu de fato o poder do país, promulgou um conjunto de regras políticas denominadas Ato Institucional número 1, mais conhecido como AI-1. Esse Ato fortalecia o Poder Executivo e concedia ao presidente poderes para suspender direitos políticos, cassar mandatos e exonerar funcionários públicos.
            Antecipando a Constituição, que previa eleições pelo Congresso Nacional 30 dias após a declaração de vacância dos cargos de presidente e vice-presidente, foram escolhidos o general Humberto de Alencar Castelo Branco como presidente, e o político do PSD mineiro, José Maria Alkmin como seu vice.
            Deveria haver eleições em outubro de 1965, sendo que entre alguns dos principais candidatos à eleição estava o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Porém, pressões dos udenistas levaram o governo a o incluir na lista de cassações políticas, acusado de corrupção em junho de 1964.
            Um mês depois foi aprovada uma emenda constitucional que adiando a eleição para 1966 e que prorrogava o mandato de Castelo até 1967. Era a institucionalização do Regime Militar.
            Esse período trouxe várias mudanças no cenário social, cultural e especialmente político de onde vivemos. Houve repressão: foi criado o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e outras coisas que pareciam vir direto da “Segunda Guerra Mundial”, mídias como jornais e rádios tinham que tomar cuidado para não falar nada contra o regime, um milagre financeiro que foi seguido de uma crise, repressão aos estudantes e professores de faculdades que eram sempre declarados como subversivos. Isso sem contar com as outras ditaduras militares que ocorriam nos países latino-americanos como a Guatemala, Chile, Argentina e Peru.
            Era uma verdadeira Era das Trevas, onde algumas pessoas perderam filhos, pais, irmãos, sobrinhos, netos e amigos... E que nunca tiveram a chance de enterrar seus entes queridos. Mas o que sempre me deixou mais revoltado é que em vários dos países em que ocorreram essas ditaduras houve a punição dos responsáveis por esses massacres. No nosso, alguns ainda estão no poder.

             E qual o motivo de falar sobre isso? Bem, digamos simplesmente que os relatos a seguir tratam sobre revelações incríveis sobre o período dos Anos de Chumbo e mais ainda, sobre meu passado nunca explorado.