sábado, 12 de março de 2016

Uma história para Vampiro (Anthony Bulgarelli)


Anthony Bulgarelli, ou Tohny como é comumente chamado, era filho de italianos que vieram para esse país atrás de um futuro promissor. E foi o que acharam. O pai se deu bem, abrindo um negócio de sapatos, tornando seu nome em uma marca famosa. O que fez Tohny aproveitar bem a vida com os estudos mais caros, e recebendo do bom e do melhor. E diferente de muitos filhos que se esbaldaram com o luxo e o dinheiro do pai, o jovem Tohny quis se afundar nos livros. Estudou os mais diversos temas da área de humanas: antropologia, filosofia, geopolítica, sociologia, economia, história e direito... mas nenhuma delas o interessou, pois o que o fez foi entrar numa sobre políticas publicas.
Seus estudos sempre batiam nas questões dos países de terceiro mundo. Seu interesse sempre foi as guerras civis, “as guerrilhas”, o que fazia seus amigos e parentes o ignorarem. Ele não entendia como muitos tinham conhecimento sobre os fatos e mesmo assim, ignoravam o que ocorria ao mundo, sempre dizendo “isso acontece do outro lado do mundo, não há porque nos preocuparmos”. Foi então que num ato de rebeldia, ele após se formar no curso, disse que iria partir em direção aos países da América latina, brigando com os pais. Esse não foi o pior que poderia ter acontecido, pensou ele, pois seus pais nunca o entenderam mesmo...
Com o dinheiro que lhe restava viajou por toda a América e conheceu muitas pessoas, seu sofrimento e sua força de vontade. Conheceu o Chile, México, Brasil, Argentina e Bolívia. Criou muitos inimigos e treinou muito para se proteger deles. Ao ponto de treinar artes marciais e manejar armas de fogo.
E através de seu conhecimento e sabedoria obtidos durante a viagem, ele foi convidado a se tornar professor de Filosofia Política numa faculdade de Los Angeles. Ele tencionava se candidatar a deputado.
Certa noite quando saia de seu escritório na faculdade encontrou uma jovem que dizia ser sua “fã” e queria debater sobre assuntos de um livro que escreveu. Eles debatem durante horas sobre os rumos políticos do país. Tohny se espanta com os conhecimentos que ela tem sobre a estrutura política dos país, as vezes citando até mesmo fatos como a Guerra da Secessão, quase com uma precisão – caso ele fosse formado em história – que poderia se disser que ela esteve lá!
Mais tarde, naquela noite, ao chegar próximo ao seu apartamento, o rapaz é abortado por uma figura com casaco e touca que o leva facilmente ao chão. Mesmo assim Tohny tenta se debater. Mas isso só piora a situação, quando o encapuzado tira touca revelando a face distorcida da moça com quem conversara a algumas horas e um poderoso conjunto de dentes brotando de sua boca.
A fome lhe veio rapidamente. A consciência não parecia nada a não ser um arremedo de piada na mente de Tohny. Ele gritava como um filhote de animal desesperado pelo alimento materno. Ele criou forças das trevas de sua consciência e caçou como um desesperado. Não queria atacar um inocente, era o máximo que pensava. Foi então que viu skinheads atacando um mendigo. Não pensou no bem estar do pobre homem, mas sim no seu, quando esmurrou a face do careca maior no chão e paralisou o menor, com seus punhos poderosos. Quando notou sua face estava ensopada com o sangue do neo-nazista. Ele mal sentiu quando mordeu o pobre coitado. Mas a sensação... ele nunca foi muito de se sentir alterado com prazer sexual, mas aquilo batia de longe qualquer transa que tivesse tido até então. “Orgasmos múltiplos”, ele diria.
Mas o outro ainda estava vivo. E apesar da cara esmigalhada, corria muito bem – ou melhor andava como um mendigo – e iria falar a alguém sobre aquilo. Isso poderia ser péssimo para Tohny, afinal nem ele imaginava como explicar aquilo, o que ocorreu e qual o motivo de ter matado um homem, independente de quem fosse. Sua vida como professor estava arruinada se aquele homem o entregasse.
Quando Tohny achava que teria perdido o homem de vista, que aproveitou o ataque ao companheiro pra correr o máximo possível, só viu a jovem novamente com o braço estendido, agarrando a cabeça do skin. E com a força do outro braço simplesmente, quebrou o pescoço do careca.
-E então? Vai ficar ai parado, enquanto esse lixo apodrece nas suas mãos? Ou agora que já fez um favor a sociedade vai aproveitar e voltar comodamente pra sua casa? Eu te dei uma chance única de mudar o mundo seu filho de papai revoltado. Agora você faz partes daqueles que tem um ideal de verdade, acima de todas as coisas... agora vamos logo esconder esse corpos...
A pós-morte
Ele tenta até hoje se adaptar aos fatos de sua nova família, (a Camarilla, não os Brujahs) mas é tudo novo para ele: sua mentalidade, ainda voltada para o mundo mortal, o faz confundir varias coisas, até mesmo os nomes dos clãs, – exceto logicamente os nosferatus – mas isso não o deixa deprimido, tentando compreender o novo sistema em que esta envolvido. Incluindo o fato que no começo, achava que a Camarilla poderia transformar o mundo para todos.
Isso até o atentado.
Quando estava voltando para o refúgio de sua senhora, viu um grupo de Sabás atacando um homem na rua. Sabia que eram do Sabá pois tinham traços únicos que sua mestra o fez decorar. Foi então que fez o impensável: atacou os três cainitas com toda a força possível. E num momento de fúria atravessou a rua, atingido os dois primeiros, fazendo eles caírem no chão. Mas havia o líder, que apontava uma glock em sua direção. Porém a sorte lhe sorriu. E arma foi retirada num golpe rápido do Brujah. E nesse mesmo momento Tohny usou toda sua força atravessando o homem, que então ele notou, tinha uma estranha cicatriz na testa...
Acontece que o homem em questão era um homem de grande influência entre as fúrias (nome comum aos Salubri) e o homem a quem protegeu era o príncipe em pessoa. O que repercutiu na cidade, dando prestígio a Tohny e obrigando ao principe a lhe dar algo em troca de tamanha bravura. Foi assim que Tohny obteve um domínio para si.
A área em que vive hoje em dia é cheia de vitimas para se alimentar, mas seus alvos prediletos são skinheads ou punks arruaceiros. Em alguns casos, políticos também. Muitos brujahs não gostam de sua atitude perante os punks mas sua reputação e seus atos contra skins e políticos ainda o deixa nas graças dos mais novos. Os ançiões o olham com orgulho e temor, pois no horizonte existem aqueles no Sabá que querem sua força e devoção para si. Pois um soldado como esse, que ainda segue ideais antigos, com uma visão de tempo atual, é rara.
E Tohny sabe agora, que ele é só uma peça nesse xadrez. E ele quer se tornar algo acima disso...
A senhora de Tohny se chama Pamela Rodriguez Puenta. Ela parece descender de mexicanos, apesar do cabelo loiro. Possui uma neorme tatuagem nas costas que mostra alguns sinais de ocultismo. Ela parece ter entre 15 a 16 anos, apesar de ter uma face que destoa completamente dessa idade, pela malícia em seu olhos.
Ela é um membro influente entre os Brujahs. Muitos chegam a chama-la de “Joana D'arc Chicana”, título que odeia mas merecido, quando se sabe sobre seu número de mortos em combates...
Como todo Brujah, Pamela acredita ter encontrado em seu seguidor o que tanto alguém, como ela, almeja: um líder poderoso, que precisa melhorar, mas esta no caminho certo e que não fará distinção entre os cainitas, podendo talvez trazer paz ao inferno que Los Angeles se tornou.

domingo, 6 de março de 2016

Capítulo 2 - Chegando ao bizarro mundo onde encontra com uma versão mais jovem de si e o resto do grupo



Voando com dificuldade através dos galhos nas árvores, Merlin sobrevoou com seu taco de baseball por entre elas. Sem nenhuma ferida. Diferente de seu passageiro impaciente. Sua boca estava recheada de nozes. Batia nas copas com as costas do Elric, cheio de feridas. Óbvio que seu condutor o fazia de maneira inconsequente de propósito. Conhecia bem aquele mago louco e ele deveria fazer aquilo de caso pensado.

Depois de sobrevoar a área da Floresta Sem Fim, o jovem e o piloto chegaram até um descampado. Através de um pouso altamente forçado e nada planejado, a dupla heróis fez um grande buraco naquela área. A trilha através daquele lugar criou uma linha do tamanho de um campo de futebol. O rosto de Elric conseguiu ficar mais esfolada devido aquela queda perigosa.
Levantou-se lentamente devido aos ferimentos de seu recente pouso brusco. Camisa rasgada nas costas, nozes nos farrapos de sua roupa e galho em todo seu cabelo curto. Era deprimente seu atual estado, cheio de folhas por todos os lados. Que tipo de herói Elric poderia parecer daquele modo, nem imaginava.
Ele aproximou-se de Merlin como um furioso bárbaro das invasões contra Roma. E o segurou pela roupa.
-Você é desprezível – enquanto encarava o mago dizia isso, e cuspia uma noz.
-E você é B positivo. Não é? – completou o pequeno mágico.
-Como sabe disso? Esqueça! Não vou tirar nada de você – e finalmente o largou – Onde estamos?
-Na Floresta Sem Fim.
-Próximo da Primeira Casa dos Elfos. E extremamente longe do Castelo das Estrelas Douradas.
-Por acaso quer falar com a Imperatriz Princesa?
-Não. Mas da última vez me levou para lá. Falar com ela.
-É. Mas precisamos correr. Já que os horrores sombrios podem estar a nossa caça.
Então Elric se deu conta de como não pensou em tudo. Já que nem se perguntou o motivo de ter sido chamado mais uma vez aquele lugar.
-Os horrores sombrios? Quem são esses? Ou o que são?
-Os servos do terrível Senhor do Sol Negro. Um homem que um dia quis ser herói nessas terras, através da força e do medo.
Isso não era heroísmo, segundo o pensamento do Babaca. Era tirania. Quando as pessoas posam de heróis da justiça causando dor a todos. Um ser que não queria ser.
-Outro Senhor? Assim como foi o Senhor da Lua Sombria. Bem eu terei que derrotar ele.
-Mais ou menos...
Elric que agora estava de costas, virou-se como um relâmpago para Merlin. A floresta exalava um cheiro de agridoce, algo típico da terra élfica. Parecia que isso o acalmava, como se nunca estivesse calmo antes. Se tudo antes não fosse uma ilusão e aquela deveria ser a verdade mais pura. Ainda assim não entendia o motivo de ter sido chamado para aquele mundo.
-Como assim “mais ou menos”?
-Mais para menos do que para mais.
-Explica direito então Merlin – exigiu Elric. E agora, o Babaca parecia também um pouco decepcionado.
-Deixa que eu tentarei explicar! – foi quando uma voz surgiu, com um tom forte, pois queria mesmo ser ouvida.
De um punhado de grama, eis que surge o dono da voz. Um esquilo pequeno e fofo, mas muito irritado. Usava suas patas traseiras como pernas. Nas dianteiras possuía bandagens, como se muitos combates tivessem passado diante dele, já que havia marcas de sangue nelas.
-Rufchip! O esquilo! – soltou Elric de forma festiva.
-Não! Sou uma marmota! E adoro roer madeira – falou o pequeno roedor.
Elric se abaixou e estendeu sua mão na direção do esquilo. Este subiu em seu braço, na altura do ombro.
-Já que marmotas adoram madeira – disse o sorridente Elric.
Os dois riram freneticamente, como velhos amigos. Em seguida, Merlin uniu-se aos risos dos amigos. Ambos Babaca e Rufchip estranharam aquilo.
-Quanto tempo pequeno! E agora, que tal me explicar isso?
-Lógico. Parece mais maduro, caro Elric. E espero que esteja preparado. Horrores sombrios são pequenas bolas negras e repugnantes de maldade. Servem ao Senhor do Sol Negro. Não entendemos de onde vem, mas eles soltam barulhos que lembram um chiado estranho. É nossa única pista. E seus olhos são vermelhos e seus dentes iguais as lâminas de um guerreiro.
-Até me lembram minha sogra – respondeu Elric.
-Sim. Lembram a sogra de todo mundo – falou Rufchip com um focinho sarcástico.
Eles eram parte da equipe original, lembrou o rapaz. Com exceção de Losille, lá estavam Merlin, Rufchip e Elric. Membros do quarteto fantástico que salvou o Reino.
Eis que Elric babaca escuta um som estranho. Parecia um grunhido bizarro. Como um animal antigo enclausurado. Ou um moleque amordaçado.
-Ei! De onde vem esse som? – questionou o rapaz.
-É disso que estava falando – comentou Merlin.
-Como assim? – mais uma vez questionou confuso Elric.
-Foi por isso que te chamei. Não para ser o herói. Era para ser um mestre do novo protagonista.
-Como assim? Eu...
Nesse momento, o jovem mago interrompeu Elric:
-Spoilers meu docinho.
-Bem. Mas o que é exatamente que querem de mim?
-Bem... Rufchip você o amarrou?
-Sim – respondeu o esquilo – Ele não calava a boca. Só falava “onde esta meu PCP”. E outras coisas sem sentido.
Elric espantou-se e temeu. Talvez conhecesse o protagonista misterioso.
-Não era PSP?
-Sim. Eu o amarrei ali atrás daquela moita.
Logo em seguida Elric caminhou na direção indicada pelo pequeno roedor guerreiro. Já Rufchip pulou ao chão. Merlin sorriu.
Nosso Elric Babaca foi retirando o mato, e ao fazê-lo, seu coração quase soltava da boca. Ele conhecia a frase que o esquilo soltou. E quem poderia ter a usado. Um único ser no universo pensaria nisso, em um mundo mágico onde esquilos falam, troncos são feitos de bacon e princesas estão no constante perigo. Só um seria tão mesquinho e tonto.
E eis que Elric enxerga... O próprio Elric! Com oito anos! Amarrado.
-Mas como?... Ele... – falou Elric Babaca.
-Plot twist! – gritou Merlon fazendo um gesto engraçado com as mãos.
Estava ali, o Elric Herói. E agora entenderam por qual motivo expliquei tudo sobre a diferença dos dois. Não era à toa. E você leitor achando que toda aquela explicação de antes era só “encheção de linguiça”. Não é.
Amarrado em um carvalho o garoto Elric gritava de forma abafada. Com cordas fortes em pé e mãos. Além de uma mordaça tampando sua boca. Que por sinal, queria soltar muitos insultos através dela.
Elric Babaca fechou a moita e olhou para Merlin e Rufchip, perguntando:
-Sou eu?
-É sim – respondeu Rufchip.
-Já estava assim quando cheguei – tentou justificar Merlin.
O rapaz olhou mais uma vez através da moita. Observou bem o garoto que um dia foi. Em seguida deu um sorriso amarelo misturado com careta. Ele sabia que era Elric com oito anos, ou melhor, ele mesmo quando jovem. Ainda assim esfregava os olhos com força. Como se tudo que tivesse como memória do Reino fosse pouco comparado aquilo.
Saiu da moita na direção de si mesmo. Estranho escrever isso não é?
Desamarrou o garoto de forma rápida. Destampou a boca. Se arrependimento matasse...
-Até que enfim um inútil me desamarrou! – disse Elric Herói.
-É o que? – questionou com raiva Elric Babaca.
-Calma, calma – comentou o mago surgindo com o esquilo em seu ombro – Não priemos cânico. Elric este é o novo herói. Você irá o treinar.
O mais velho dos dois, começou a rodear o mais novo. Não conseguia compreender aquilo. Deveria ser um truque ou um plano do grande vilão. Ao menos quis que fosse. Algo dentro de si, no entanto, lhe dizia: aquele era ele mesmo com oito anos de idade. Até um psicólogo teria problemas para explicar isso. Enquanto isso, Rufchip e Merlin a tudo observaram calados.
-Como isso aqui surgiu? – perguntou Elric Babaca, apontando para sua duplicata mais nova. Devem ter notado que ele adora pontos de interrogação.
-“Isso” nada! Tenho nome. Sou Elric.
-Eu sei disso! Você sou eu.
-Hein? – fez então uma cara de tonto o Herói.
-Bem – começou a falar Merlin para Elric Herói – Lembra que eu falei sobre lhe arrumar mestre? Então... TCHARAM! – e apontou para a versão mais velha de Elric com os dois braços estendidos.
-E daí? Quem é esse cara? – o jovem questionou sobre aquele sujeito lhe salvou.
-É você! Inteligência rara! Só ele que não entendeu isso ainda? Precisamos desenhar para o sujeito – comentou o esquilo.
Em seguida o Herói olhou bem para o Babaca. Como se fosse um fantasma aquilo que enxergasse. O segundo gritou:
-Tampem os ouvidos!
Eis que Elric Herói salta um berro ensurdecedor de medo e pavor.
Quando terminou, Babaca, Rufchip e Merlin estavam com os dedos tampando seus aparelhos auditivos. Abaixaram suas mãos notando que havia terminado e encararam o jovem gritador.
-O que foi? – perguntou mais uma vez o Herói.
-Alguém pode me amarrar? – perguntou, dessa vez, o Babaca.
-Mas você o desamarrou – comentou Rufchip.
-Não ele! Eu mesmo! Se não vou arrebentar minha versão mais jovem.
-Wow! Calma ai! – argumentou Elric, o Herói.
-Calma nada. Eu me lembro como eu era chato.
Elric, o Babaca fitou Merlin e perguntou mais uma vez... Esses personagens adoram perguntar:
-Precisamos dele mesmo?
-Segundo a profecia... E como está no roteiro desse livro... Precisamos de Elric, o Herói da lenda! – respondeu Merlin eufórico.
-Você e suas frases sem sentido.
-Elas possuem sentido para quem as ouve ou as lê corretamente.
-Ok... Bem nós precisamos do pentelho.
-Ei! – gritou o mais jovem – Eu tenho nome. Sou Elric.
-Já sabemos! – falaram em coro o grupo.
A versão mais velha concordou com sua cabeça. Em seguida o mago continuou falando a jornada de Elric. Que ele deveria ser uma lenda para o Reino.
-Bem se for necessário o faremos. Mas tinha que ser “ele”? – comentou Elric, o Babaca.
-Você adora perguntas, não é?
Foi o que disse! Ainda assim ele respondeu:
-“Caso ele não se torne herói, como um dia surgiria você” é a pergunta certa.
Foi então que o Elric com vinte e cinco anos compreendeu melhor. Fosse lá qual paradoxo temporal que lhe fizesse encontrar consigo mesmo criança, se não ocorresse, seu presente estaria prejudicado. Ou seja, um necessitava do outro.
Merlin então pediu para que parassem com as brincadeiras. Começariam a jornada.
-Estão todos prontos? – de forma engraçada soltou o pequeno Merlin.
-Sim capitão! – respondeu de forma em energética e alegre Rufchip. Logo em seguida, um chapéu de pirata surgiu na cabeça de Merlin.
-Eu não ouvi direito! – pediu o mago.
Elric Babaca tirou o chapéu da cabeça de Merlin e o jogou para longe.
-Vamos logo – e o rapaz começou a caminhar – Para onde teremos de ir?
-Pergunte a você mais novo – e Merlin apontou para sua versão mais jovem.
-Eu não sei de nada – e logo após proferir tais palavras, um objeto foi visto no braço do Herói. Era algo antigo e lendário. Existiam símbolos estranhos como runas, signos do zodíaco e raízes quadradas. Era o Bracelete do Infinito. Aquele mesmo que o Babaca que lhe fez ser um herói e ao qual tinha uma réplica presa no pescoço do tamanho de um anel.
-A magia dele nos apontará o caminho – e após as palavras do Babaca, o item brilhou. E uma seta surgiu, indicando para o leste. O selvagem leste.
-Vamos! – disse Merlin impulsionando o grupo.
-Ok! – soltou feliz Rufchip.
-Por mim tudo bem – comentou o Babaca. Ele sentia-se feliz por ter mais uma vez a chance de explorar o Reino.
-Eu não concordo com isso. Podemos voltar? – soltou Elric, o herói.
Os três se viraram para ele e disseram:
-NÃO!
-Eu só quis... Disser...
E eles começaram a andar. Mesmo contrariando o mais jovem dos quatro.
O Babaca notou uma feição de insatisfação no Herói. Ele lembrou um pouco de como era ser criança.
-Ei! Relaxe vai ser divertido.
-Não preciso de suas promessas – e em seguida, o garoto demonstrou sua insegurança – Está certo mesmo que vai ser divertido?
-Sim. Da última vez foi.
E antes que o Herói fizesse outra pergunta, o Babaca aproximou-se do mago. Continuando assim sua caminhada.
Aquela deveria ser mesmo a Floresta Sem fim. Pelo que o protagonista lembrava era cheia de pinheiros, eucaliptos e árvores de origem europeia. Todas nascendo fora de época com certeza. Eram coisas criadas pela sua imaginação. Então não era incomum ver no Reino, histórias e geografias diferentes do mundo comum.
A floresta tinha sido lar de elfos desde o início dos tempos. Cheios de poder antigo e magia, eles protegiam aquelas terras dos males ancestrais. Ainda assim, nada os protegeu de sua própria xenofobia. Aquilo que fez o povo antigo ignorar muitos dos perigos.
Em especial Isildor, o Corvo Branco. Rei dos elfos. Ele perdeu sua mulher por não confiar nos humanos. E perdeu sua filha por confiar em um. Elric era o culpado disso, pensava ele.
Cada passo que eles davam era algo mágico. Mesmo com as lembranças tristes pela trilha, os poderes sutis naquele lugar faziam tão bem. Imagens de todos ali, Merlin e Rufchip. O quadro estaria perfeito se tivesse Lo ali.
Quebrando essas memórias, o Babaca perguntou a Rufchip sobre quem iria ajudar na empreitada.
-Inicialmente vamos chegar até a Primeira Casa do Elfos. Lá, esperando por nós, estará James Gawain. O guarda da Imperatriz Princesa e herói de terras onde o tempo já foi perdido. Já não temos quase ninguém.
-Talvez os Sarjeteiros... – e então Elric foi interrompido por Merlin.
-Elric sumiram.
E o Elric Babaca comentou:
-Não podem simplesmente sumir. Eles são heróis. Bem estranhos, mas são heróis.
-Todos desapareceram do Reino. O Nobre Artífice, o Arcano Traça de Livros, O Mestre da Narrativa, o Grande Pé, o Sátiro Historiador, o Androide do Futuro e o Guerreiro do Braço de Ferro. Nenhum deu sinal de vida desde que o vilão surgiu. Nos últimos meses, estou sem nenhuma notícia deles.
-Meses?
Acontecimentos estranho ocorriam no Reino sempre, mas aquilo deveria surgir com a ajuda do Adversário ou o Inimigo. Nunca soube qual seria o seu nome. E Elric Babaca tinha certeza do surgimento desse nome devido a obra de Bill Willingham. Ou acreditava que surgia dela. Era uma força que veio antes dos inimigos que criou, desde os goblins das trevas até o Senhor do Sol Negro. Só que este último, ele não imaginou. Como se sua mente nunca tinha filtrado aquele nome. Desde que foi pronunciado para ele.
Então pensou no que Elric, o Herói poderia fazer ou lembrar-se. E quando virou-se para sua contraparte mais nova ele zangou-se.
-Ei! O que pensa estar fazendo?
Notou que o Herói estava agachado mexendo em alguma coisa no chão.
Tinha algo errado naquilo. Ele parecia ter consigo uma flor e logo que notou ser observado, escondeu seu item.
-É só um item. Talvez algo para melhorar uma futura arma.
-Isso não é World of Warcraft. Ou cabal. É um mundo fantástico medieval cheio de magia. E o que pegou não é só uma flor. Isso é o cabelo de um duende de terra.
Então, abaixo de Elric Herói, um ser de quase doze centímetros o encarava. Era parecido com um humano, a exceção de suas orelhas e seu tamanho. Usava um macacão zaul e mais nada. Nem botas possuía. E seu cabelo não existia mais, em boa parte de sua cabeça.
Em seguida, o diminuto chutou um dos pés do garoto. E foi bem forte, fazendo o menino pular de dor. Parecia que bateu o dedo na quina de uma cama. Merlin comentou:
-Parece que bateu o dedo na quina de uma cama.
Não falei? Ou melhor escrevi?
-É lógico – explicou o Elric mais velho – Duendes da terra são um pouco irritados e fortes.
Acreditando que tudo estava calmo, aquele grupo improvisado continuou seu caminho. Enquanto faziam isso, conversavam e olhavam para tudo. Elric Babaca estava olhando para tudo com outros olhos, outra mente de anos atrás. Tudo é fantástico, cada coisa ali. As árvores, o céu, o chão, cada pedacinho daquelas terras, eram mágicos. Era como se O Senhor dos Anéis e Nárnia se cruzassem com os desenhos da Warner Bros. e Disney. Diferente de sua contraparte que só observava defeitos.
Enquanto eles andavam, Elric Herói gritava de raiva contra os goblins que tentavam vender bestas de repetição e balões de viagem. No meio do caminho ele mexeu em poções de um mago, e ao beber uma delas se tornou um pato preto e branco como uma zebra. Após Merlina quebrar esse encanto, o garoto novo deve a petulância de bater em um bando de gnomos que carregavam foguetes. Foi uma barulheira tão alta que faria seres nas fronteiras do Reino escutarem, aquela algazarra. Ainda assim, o moleque ficava enchendo cada criatura naquela região.
E quando estava quase escurecendo, o garoto aquietou finalmente. Um pouco ao menos.
-E como vamos chegar na Primeira Casa dos Elfos? – comentou o Elric mais velho.
-A manhã vai nos mais perto de nosso destino – Merlin explicava sobre isso, enquanto se esquentava na pedra-fogo que trouxe.
Ainda continuavam na estrada. Talvez fosse mais seguro assim.
-Ei! Elric mais jovem! Não se afaste! – gritou com autoridade Rufchip.
-Ok – ele respondeu.
Elric olhava ao redor. Estava cheio de medo. Mesmo no Reino, sabia sobre aquela magia estranha que a noite trazia. Que o mundo ali, durante aquele período era diferente. Não era algo cruel, só sombrio.
Como quando você pensa em algo ruim, só que não o faz. Aqueles sussurros sombrios e malignos.
-A noite eu escuto coisas ruins – comentou Elric Babaca.
-Que tipo de coisas ruins, meu jovem? – questionou Merlin.
-Vontades sombrias. Desejos sujos.
-Parte de você, é isso. Ou não. Mas poder sobre você eles não tem. O rejeite. Faça o necessário para conseguir rejeitar isso tudo.
-Eu sei. Mas não sei se consigo acreditar.
-E por isso não consegue.
-Espera... Essa sua fala me lembrou Yoda.
-Seus sentimentos use e as respostas encontrará irá. Talvez queira sabe como o Rufchip sente-se.
Rufchip, que comia uma maça virou-se para o Elric mais velho. Parou sua alimentação e começou a explicar:
-Muito tempo atrás, uma bruxa maligna me amaldiçoou com o coração tão grande quanto o de um leão, você sabe. Eu me tornei poderoso suficiente para obter vitória contra inimigos antes impossíveis. E poderia ser como um leão. Só porque sou forte como um não significa que sou um. Entende? Nunca usar o poder para atos malignos. E isso que nos difere dos inimigos. Nós não passamos da linha. Nós somos a linha. Eu pelo menos sou.
-Ao menos estou bem acompanhado. Tenho um esquilo que age como o Batman que cita Shakespeare e um mago juvenil metido a jedi.
-Ei! Eu tenho mil e quinhentos anos de idade! E uns quebrados! Juvenil não é uma definição perfeita.
O mago olhou na direção de onde talvez estivesse Elric, o Herói. Ele não estava lá. Aonde aquele moleque se meteu foi o que perguntavam.
Caminhando um pouco, mata a dentro, viram ele. Estava agachado por algum motivo. Pensavam que era só o garoto fazendo o “número dois”. Não era.
-Galera! Achei um porco-espinho!
Ao aproximar sua pedra-fogo de onde estava o menino, Merlin notou algo preocupante:
-Isso não é um porco-espinho. É um horror sombrio! Saia de onde está!
Eis que a bola de espinhos se ergueu com um tom escuro. Seus olhos grandes e vermelhos cresciam. Surgia uma bocarra parecida com dentes de tubarão no estranho ser. Era uma esfera arrepiada com uma garganta enorme. Sem contar garras negras e escuras, cheias de maldade.
-Corre! – gritou Merlin.
O Elric Babaca puxou o outro, que estava com a cabeça confusa. Meio tonto pelo que aconteceu.
No momento, em que corriam mata a dentro, descobriram algo perturbador. Havia mais de um ali. Uma horda de horrores sombrios.