segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Resolução de 2016


Eu não sou um homem bom.
Em 2013, ao assistir episódios de Doctor Who, eu consegui sair de um momento depressivo da minha vida. Nada mais justo que usar esse texto para homenagear a produção da BBC... E também exorcizar alguns demônios. Ao menos os de 2016.
Depois de vários episódios, incluindo os da sexta e sétima temporadas, de certa forma me identifiquei com o Doutor. Como um rapaz com seus pouco mais de trinta anos se identifica com um ser alienígena que viaja no tempo e espaço? Pela personalidade.
O Doutor sempre está acompanhado de um de seus “companions”. Seres, quase sempre humanos, que firmam os pés dele no chão. De qualquer forma, esses personagens o deixam. Não por vontade própria. Muitos ficam o quanto podem. Outros o abandonam para viver suas simples vidas. Outros morrem.
Dessa forma, uma das coisas que notei é que – como o Doutor – eu sou um solitário. Muitos amigos fizeram parte de minha história. Por conta de escolhas, ou simples mudanças necessárias, eles não estão diariamente na minha vida.
Assim como o Doutor eu sinto saudades deles. Assim como ele eu queria ir até as últimas consequências para entender isso. Poderia viajar até os fins do tempo. Mas não é só por isso que digo de sermos parecidos.
Eu machuquei pessoas. Pessoas que amei. Que confiaram em mim. Não importa quando tempo conhecia elas. Magoei pessoas. E mesmo que nunca tivesse falado uma única palavra com elas, não me sinto digno para fazer algo assim. E foram minhas escolhas esse ano que causaram dor para essa gente.
Também sempre fui vitimista e crítico. Não o tipo de pessoa que crítica tanto para o bem quanto para o mal. Falava coisas ruins de tudo. Lógico, fazia coisas boas. Ainda não sentia que minha balança moral pendia para algo bom. Confuso? Sim esse sou eu.
Perturbado. Confuso. Desorientado. Ansioso. Fraco. Medroso. Não covarde, mas medroso. Este sou eu. Assim como o Doutor... E o que ele me fez? O que esse personagem fictício me mostrou, para que mesmo sendo uma pessoa horrível aos meus olhos, eu pude agradecer por esse ano?
Que eu não sou um homem bom.
Primeiro ele não é imaginário. Não como nós estamos acostumados com imaginário. Ele sofre por ter causado muita dor e sofrimento. Pois quando ele fecha os olhos, ele escutava mais gritos do que qualquer um poderá contar. Ele se importa. O que ele fez com tanta dor? Ele se manteve firme com ela. Para nunca esquecer o que sofreu. Pois sempre lembrando o que ocorreu ele evitaria causar essa dor aos outros. Ninguém devia pensar assim. Pois ninguém é perfeito. Nem os santos. E assim como ele, não é perfeito, eu também nunca fui. Estar sozinho não era uma maldição, mas um momento de compreensão. Assim evita machucar pessoas inocentes.
Esse ano eu vi coisas que ninguém acreditaria. Maravilhas que poucos compreenderiam. Perdi coisas que fizeram muitos chorarem. Eu soube de segredos que destruiriam pessoas. Gente maligna e cruel. Pois sempre fui bom para escutar. Poderia fazer tanto mais com essas informações. Causar dor. Mas como o Doutor eu corro. Por ser covarde? Não. Pois estou sendo bondoso. Tanto uma possibilidade para aqueles que querem me causar dano, de evitar seus futuros erros. Eu não sou bom, nem mau. Não sou um presidente, ou policial, para fazer justiça com as próprias mãos. Eu sou um... Idiota! Com um caderno. E lápis. Extremamente feliz. Pois eu tenho minhas histórias e estórias. Pois elas nada mais são do que para onde vão nossas memórias esquecidas.
Eu, como o Doutor, tenho um lado maligno. Valeyard. O Destruidor de Mundos. Mas não serei tão mal a esse ponto. Pois compaixão e amor são bênçãos disfarçadas com nomes simples.

Feliz 2017. Assim como 2016 foi para mim. Em qualquer lugar no tempo e espaço.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Arquivo Sombrio - (Parte 1 - Introdução)


Há um ano comecei a escrever essas linhas para talvez ficar um pouco mais calmo depois de tudo que eu passei em 2016. Isso acontecia, pois nunca imaginei no que acarretaria estudar história. Sempre gostei de estudar essa matéria pelo que me lembro. Acho que isso se deva ao fato de sempre ter gostado das histórias relacionadas às cruzadas, sobretudo quando se tratada sobre os templários. Mas começo a me perguntar se não deveria ter feito outro curso qualquer com menos perigos. Sei lá... Talvez administração ou letras que são cursos mais chatos.
            Mas antes de falar sobre os fatos devo salientar duas coisas: quem sou eu e alguns fatos históricos que me envolveram nesse ano.
            Bem, meu nome é Carlos Eduardo Oliveira. Sou um dos filhos de dona Sandra Souza, atualmente dona de casa. Meu irmão mais novo se chama Claudio e é um verdadeiro idiota, mas não nos fixemos nele. Meu pai morreu há muito tempo atrás. Possuo três tios: Roberto, Conceição e Benedita. Tenho só três primos de primeiro grau devido ao meu tio Roberto e a mulher dele, Aparecida. Os nomes são Robson, Ramon e João Paulo. Atualmente estudo na UnG, fazendo curso de história e trabalho a tarde como operador de máquina de xerox. Chique, não é?
            Gosto de comer todo tipo de massas e comidas japonesas, especialmente apimentadas. Odeio verduras. Tenho como hobbys tocar bateria, ficar mexendo em meu computador e escutar rock. Se bem que também tenho uma guitarra, mas a toco mais para descontrair.
            Os fatos importantes até agora são que eu sou um estudante e a morte de meu pai. Sempre fui um ótimo aluno, mas nunca o mais brilhante. É que sempre gostei das lendas da Idade Média. Sabe, combates de cavaleiros errantes que lutavam contra exércitos. Coisa de garoto mesmo. Tudo bem que aqui no Brasil os garotos só pensam em futebol, mas eu pensava nisso. História.
            Meu pai já é um caso diferente: com oito anos de idade meu pai havia morrido. Foi o máximo que minha mãe falou sobre ele. Nunca soube nenhum dado sobre a vida dele, além do que consta no meu sobrenome. Família paterna, vida fora de casa, nada. Mesmo assim nunca gostei dele. Nunca estava em casa para ajudar minha mãe, então eu aprendi a trabalhar desde cedo. Havia vezes em que chegava bêbado da rua. E espancava qualquer um que estivesse na sua frente. Qualquer um mesmo. Sempre o odiei. Bem qual filho não odeia um de seus pais?
            De qualquer modo, eu sei que os meus problemas esse ano começaram por conta dele e da ditadura militar.
            Aí está o outro fato que ferrou minha vida. Como um estudante pesquiso vários períodos da história nacional e internacional, e devo confessar que um dos mais importantes são os chamados, anos de chumbo. Um período conturbado que pega de 1965 a 1985 na linha do tempo do nosso país
            O ano era 1964. O até então presidente, Jango, se recusou a tentar enfrentar uma resistência armada ao movimento militar que começou um golpe de Estado. No começo, se dizia que seria uma intervenção passageira devida “aos desmandos provocados pela infiltração esquerdistas no país”. As Forças Armadas teriam uma função patriarcal quase. Os tolos jornais da época saudavam isso como uma vitória do movimento democrático, acreditando que quando tudo estivesse bem haveria votação e um presidente seria escolhido. Bobinhos...
            Havia muitas coisas para serem feitas, entre elas – principalmente - reorganizar o país. O Brasil necessitava de um Poder Executivo forte, além de formar um novo governo a partir das alianças da UDN e PSD, das lideranças militares e dos diversos empresariados.
            Mas houve então em 09 de abril de 1964, o Comando Supremo da Revolução, uma junta militar que assumiu de fato o poder do país, promulgou um conjunto de regras políticas denominadas Ato Institucional número 1, mais conhecido como AI-1. Esse Ato fortalecia o Poder Executivo e concedia ao presidente poderes para suspender direitos políticos, cassar mandatos e exonerar funcionários públicos.
            Antecipando a Constituição, que previa eleições pelo Congresso Nacional 30 dias após a declaração de vacância dos cargos de presidente e vice-presidente, foram escolhidos o general Humberto de Alencar Castelo Branco como presidente, e o político do PSD mineiro, José Maria Alkmin como seu vice.
            Deveria haver eleições em outubro de 1965, sendo que entre alguns dos principais candidatos à eleição estava o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Porém, pressões dos udenistas levaram o governo a o incluir na lista de cassações políticas, acusado de corrupção em junho de 1964.
            Um mês depois foi aprovada uma emenda constitucional que adiando a eleição para 1966 e que prorrogava o mandato de Castelo até 1967. Era a institucionalização do Regime Militar.
            Esse período trouxe várias mudanças no cenário social, cultural e especialmente político de onde vivemos. Houve repressão: foi criado o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e outras coisas que pareciam vir direto da “Segunda Guerra Mundial”, mídias como jornais e rádios tinham que tomar cuidado para não falar nada contra o regime, um milagre financeiro que foi seguido de uma crise, repressão aos estudantes e professores de faculdades que eram sempre declarados como subversivos. Isso sem contar com as outras ditaduras militares que ocorriam nos países latino-americanos como a Guatemala, Chile, Argentina e Peru.
            Era uma verdadeira Era das Trevas, onde algumas pessoas perderam filhos, pais, irmãos, sobrinhos, netos e amigos... E que nunca tiveram a chance de enterrar seus entes queridos. Mas o que sempre me deixou mais revoltado é que em vários dos países em que ocorreram essas ditaduras houve a punição dos responsáveis por esses massacres. No nosso, alguns ainda estão no poder.

             E qual o motivo de falar sobre isso? Bem, digamos simplesmente que os relatos a seguir tratam sobre revelações incríveis sobre o período dos Anos de Chumbo e mais ainda, sobre meu passado nunca explorado.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Ultimato

Eu não estou bem. Sinceramente não estou bem. Em parte por minha própria culpa. Não posso culpar mais ninguém visto que minha cabeça esta meio detonada por... Sei lá. Mas também, deveria ter mais cuidado com coisas assim. O que posso dizer é que eu perdi algumas amizades, acreditei em pessoas que não deveria, além de ter cometido atos idiotas. Literalmente, o que sinceramente não exclui minha culpa em diversos momentos. A verdade é que estou podre por dentro. Me sinto sujo como se boa parte do que fiz até hoje, mesmo as boas, não tivesse o devido valor. Nem sei o motivo de escrever isso. Não vou redimir dos erros cometidos em mais de seis meses. Eu estou triste demais, quase sem vontade de criar como antes. Isso sem contar os meses sem trabalhar. Se é que cometi tantas coisas erradas quanto falam... Mas sinceramente? Que se exploda! Que se foda tudo! E se alguém quiser mesmo me ferrar... Imitarei o Homem de Ferro do cinema. E olha que nem gosto desse personagem.
Rua Duque de Caxias, 838, no Monte Serrat, quase que de frente a um bar e onde vende água mineral! Eu fui covarde por muito tempo! Se alguém realmente esta tão puto comigo então que venha e resolva isso de uma vez!
Eu escrevi aqui pois se fosse no Facebook alguém diria que eu "me exponho demais". Mais do que certo, mas se não escrevesse isso, as pessoas só leriam isso depois que alguém fuçasse nas minhas coisas de casa... Com eu morto. E não quero isso.

sábado, 12 de março de 2016

Uma história para Vampiro (Anthony Bulgarelli)


Anthony Bulgarelli, ou Tohny como é comumente chamado, era filho de italianos que vieram para esse país atrás de um futuro promissor. E foi o que acharam. O pai se deu bem, abrindo um negócio de sapatos, tornando seu nome em uma marca famosa. O que fez Tohny aproveitar bem a vida com os estudos mais caros, e recebendo do bom e do melhor. E diferente de muitos filhos que se esbaldaram com o luxo e o dinheiro do pai, o jovem Tohny quis se afundar nos livros. Estudou os mais diversos temas da área de humanas: antropologia, filosofia, geopolítica, sociologia, economia, história e direito... mas nenhuma delas o interessou, pois o que o fez foi entrar numa sobre políticas publicas.
Seus estudos sempre batiam nas questões dos países de terceiro mundo. Seu interesse sempre foi as guerras civis, “as guerrilhas”, o que fazia seus amigos e parentes o ignorarem. Ele não entendia como muitos tinham conhecimento sobre os fatos e mesmo assim, ignoravam o que ocorria ao mundo, sempre dizendo “isso acontece do outro lado do mundo, não há porque nos preocuparmos”. Foi então que num ato de rebeldia, ele após se formar no curso, disse que iria partir em direção aos países da América latina, brigando com os pais. Esse não foi o pior que poderia ter acontecido, pensou ele, pois seus pais nunca o entenderam mesmo...
Com o dinheiro que lhe restava viajou por toda a América e conheceu muitas pessoas, seu sofrimento e sua força de vontade. Conheceu o Chile, México, Brasil, Argentina e Bolívia. Criou muitos inimigos e treinou muito para se proteger deles. Ao ponto de treinar artes marciais e manejar armas de fogo.
E através de seu conhecimento e sabedoria obtidos durante a viagem, ele foi convidado a se tornar professor de Filosofia Política numa faculdade de Los Angeles. Ele tencionava se candidatar a deputado.
Certa noite quando saia de seu escritório na faculdade encontrou uma jovem que dizia ser sua “fã” e queria debater sobre assuntos de um livro que escreveu. Eles debatem durante horas sobre os rumos políticos do país. Tohny se espanta com os conhecimentos que ela tem sobre a estrutura política dos país, as vezes citando até mesmo fatos como a Guerra da Secessão, quase com uma precisão – caso ele fosse formado em história – que poderia se disser que ela esteve lá!
Mais tarde, naquela noite, ao chegar próximo ao seu apartamento, o rapaz é abortado por uma figura com casaco e touca que o leva facilmente ao chão. Mesmo assim Tohny tenta se debater. Mas isso só piora a situação, quando o encapuzado tira touca revelando a face distorcida da moça com quem conversara a algumas horas e um poderoso conjunto de dentes brotando de sua boca.
A fome lhe veio rapidamente. A consciência não parecia nada a não ser um arremedo de piada na mente de Tohny. Ele gritava como um filhote de animal desesperado pelo alimento materno. Ele criou forças das trevas de sua consciência e caçou como um desesperado. Não queria atacar um inocente, era o máximo que pensava. Foi então que viu skinheads atacando um mendigo. Não pensou no bem estar do pobre homem, mas sim no seu, quando esmurrou a face do careca maior no chão e paralisou o menor, com seus punhos poderosos. Quando notou sua face estava ensopada com o sangue do neo-nazista. Ele mal sentiu quando mordeu o pobre coitado. Mas a sensação... ele nunca foi muito de se sentir alterado com prazer sexual, mas aquilo batia de longe qualquer transa que tivesse tido até então. “Orgasmos múltiplos”, ele diria.
Mas o outro ainda estava vivo. E apesar da cara esmigalhada, corria muito bem – ou melhor andava como um mendigo – e iria falar a alguém sobre aquilo. Isso poderia ser péssimo para Tohny, afinal nem ele imaginava como explicar aquilo, o que ocorreu e qual o motivo de ter matado um homem, independente de quem fosse. Sua vida como professor estava arruinada se aquele homem o entregasse.
Quando Tohny achava que teria perdido o homem de vista, que aproveitou o ataque ao companheiro pra correr o máximo possível, só viu a jovem novamente com o braço estendido, agarrando a cabeça do skin. E com a força do outro braço simplesmente, quebrou o pescoço do careca.
-E então? Vai ficar ai parado, enquanto esse lixo apodrece nas suas mãos? Ou agora que já fez um favor a sociedade vai aproveitar e voltar comodamente pra sua casa? Eu te dei uma chance única de mudar o mundo seu filho de papai revoltado. Agora você faz partes daqueles que tem um ideal de verdade, acima de todas as coisas... agora vamos logo esconder esse corpos...
A pós-morte
Ele tenta até hoje se adaptar aos fatos de sua nova família, (a Camarilla, não os Brujahs) mas é tudo novo para ele: sua mentalidade, ainda voltada para o mundo mortal, o faz confundir varias coisas, até mesmo os nomes dos clãs, – exceto logicamente os nosferatus – mas isso não o deixa deprimido, tentando compreender o novo sistema em que esta envolvido. Incluindo o fato que no começo, achava que a Camarilla poderia transformar o mundo para todos.
Isso até o atentado.
Quando estava voltando para o refúgio de sua senhora, viu um grupo de Sabás atacando um homem na rua. Sabia que eram do Sabá pois tinham traços únicos que sua mestra o fez decorar. Foi então que fez o impensável: atacou os três cainitas com toda a força possível. E num momento de fúria atravessou a rua, atingido os dois primeiros, fazendo eles caírem no chão. Mas havia o líder, que apontava uma glock em sua direção. Porém a sorte lhe sorriu. E arma foi retirada num golpe rápido do Brujah. E nesse mesmo momento Tohny usou toda sua força atravessando o homem, que então ele notou, tinha uma estranha cicatriz na testa...
Acontece que o homem em questão era um homem de grande influência entre as fúrias (nome comum aos Salubri) e o homem a quem protegeu era o príncipe em pessoa. O que repercutiu na cidade, dando prestígio a Tohny e obrigando ao principe a lhe dar algo em troca de tamanha bravura. Foi assim que Tohny obteve um domínio para si.
A área em que vive hoje em dia é cheia de vitimas para se alimentar, mas seus alvos prediletos são skinheads ou punks arruaceiros. Em alguns casos, políticos também. Muitos brujahs não gostam de sua atitude perante os punks mas sua reputação e seus atos contra skins e políticos ainda o deixa nas graças dos mais novos. Os ançiões o olham com orgulho e temor, pois no horizonte existem aqueles no Sabá que querem sua força e devoção para si. Pois um soldado como esse, que ainda segue ideais antigos, com uma visão de tempo atual, é rara.
E Tohny sabe agora, que ele é só uma peça nesse xadrez. E ele quer se tornar algo acima disso...
A senhora de Tohny se chama Pamela Rodriguez Puenta. Ela parece descender de mexicanos, apesar do cabelo loiro. Possui uma neorme tatuagem nas costas que mostra alguns sinais de ocultismo. Ela parece ter entre 15 a 16 anos, apesar de ter uma face que destoa completamente dessa idade, pela malícia em seu olhos.
Ela é um membro influente entre os Brujahs. Muitos chegam a chama-la de “Joana D'arc Chicana”, título que odeia mas merecido, quando se sabe sobre seu número de mortos em combates...
Como todo Brujah, Pamela acredita ter encontrado em seu seguidor o que tanto alguém, como ela, almeja: um líder poderoso, que precisa melhorar, mas esta no caminho certo e que não fará distinção entre os cainitas, podendo talvez trazer paz ao inferno que Los Angeles se tornou.

domingo, 6 de março de 2016

Capítulo 2 - Chegando ao bizarro mundo onde encontra com uma versão mais jovem de si e o resto do grupo



Voando com dificuldade através dos galhos nas árvores, Merlin sobrevoou com seu taco de baseball por entre elas. Sem nenhuma ferida. Diferente de seu passageiro impaciente. Sua boca estava recheada de nozes. Batia nas copas com as costas do Elric, cheio de feridas. Óbvio que seu condutor o fazia de maneira inconsequente de propósito. Conhecia bem aquele mago louco e ele deveria fazer aquilo de caso pensado.

Depois de sobrevoar a área da Floresta Sem Fim, o jovem e o piloto chegaram até um descampado. Através de um pouso altamente forçado e nada planejado, a dupla heróis fez um grande buraco naquela área. A trilha através daquele lugar criou uma linha do tamanho de um campo de futebol. O rosto de Elric conseguiu ficar mais esfolada devido aquela queda perigosa.
Levantou-se lentamente devido aos ferimentos de seu recente pouso brusco. Camisa rasgada nas costas, nozes nos farrapos de sua roupa e galho em todo seu cabelo curto. Era deprimente seu atual estado, cheio de folhas por todos os lados. Que tipo de herói Elric poderia parecer daquele modo, nem imaginava.
Ele aproximou-se de Merlin como um furioso bárbaro das invasões contra Roma. E o segurou pela roupa.
-Você é desprezível – enquanto encarava o mago dizia isso, e cuspia uma noz.
-E você é B positivo. Não é? – completou o pequeno mágico.
-Como sabe disso? Esqueça! Não vou tirar nada de você – e finalmente o largou – Onde estamos?
-Na Floresta Sem Fim.
-Próximo da Primeira Casa dos Elfos. E extremamente longe do Castelo das Estrelas Douradas.
-Por acaso quer falar com a Imperatriz Princesa?
-Não. Mas da última vez me levou para lá. Falar com ela.
-É. Mas precisamos correr. Já que os horrores sombrios podem estar a nossa caça.
Então Elric se deu conta de como não pensou em tudo. Já que nem se perguntou o motivo de ter sido chamado mais uma vez aquele lugar.
-Os horrores sombrios? Quem são esses? Ou o que são?
-Os servos do terrível Senhor do Sol Negro. Um homem que um dia quis ser herói nessas terras, através da força e do medo.
Isso não era heroísmo, segundo o pensamento do Babaca. Era tirania. Quando as pessoas posam de heróis da justiça causando dor a todos. Um ser que não queria ser.
-Outro Senhor? Assim como foi o Senhor da Lua Sombria. Bem eu terei que derrotar ele.
-Mais ou menos...
Elric que agora estava de costas, virou-se como um relâmpago para Merlin. A floresta exalava um cheiro de agridoce, algo típico da terra élfica. Parecia que isso o acalmava, como se nunca estivesse calmo antes. Se tudo antes não fosse uma ilusão e aquela deveria ser a verdade mais pura. Ainda assim não entendia o motivo de ter sido chamado para aquele mundo.
-Como assim “mais ou menos”?
-Mais para menos do que para mais.
-Explica direito então Merlin – exigiu Elric. E agora, o Babaca parecia também um pouco decepcionado.
-Deixa que eu tentarei explicar! – foi quando uma voz surgiu, com um tom forte, pois queria mesmo ser ouvida.
De um punhado de grama, eis que surge o dono da voz. Um esquilo pequeno e fofo, mas muito irritado. Usava suas patas traseiras como pernas. Nas dianteiras possuía bandagens, como se muitos combates tivessem passado diante dele, já que havia marcas de sangue nelas.
-Rufchip! O esquilo! – soltou Elric de forma festiva.
-Não! Sou uma marmota! E adoro roer madeira – falou o pequeno roedor.
Elric se abaixou e estendeu sua mão na direção do esquilo. Este subiu em seu braço, na altura do ombro.
-Já que marmotas adoram madeira – disse o sorridente Elric.
Os dois riram freneticamente, como velhos amigos. Em seguida, Merlin uniu-se aos risos dos amigos. Ambos Babaca e Rufchip estranharam aquilo.
-Quanto tempo pequeno! E agora, que tal me explicar isso?
-Lógico. Parece mais maduro, caro Elric. E espero que esteja preparado. Horrores sombrios são pequenas bolas negras e repugnantes de maldade. Servem ao Senhor do Sol Negro. Não entendemos de onde vem, mas eles soltam barulhos que lembram um chiado estranho. É nossa única pista. E seus olhos são vermelhos e seus dentes iguais as lâminas de um guerreiro.
-Até me lembram minha sogra – respondeu Elric.
-Sim. Lembram a sogra de todo mundo – falou Rufchip com um focinho sarcástico.
Eles eram parte da equipe original, lembrou o rapaz. Com exceção de Losille, lá estavam Merlin, Rufchip e Elric. Membros do quarteto fantástico que salvou o Reino.
Eis que Elric babaca escuta um som estranho. Parecia um grunhido bizarro. Como um animal antigo enclausurado. Ou um moleque amordaçado.
-Ei! De onde vem esse som? – questionou o rapaz.
-É disso que estava falando – comentou Merlin.
-Como assim? – mais uma vez questionou confuso Elric.
-Foi por isso que te chamei. Não para ser o herói. Era para ser um mestre do novo protagonista.
-Como assim? Eu...
Nesse momento, o jovem mago interrompeu Elric:
-Spoilers meu docinho.
-Bem. Mas o que é exatamente que querem de mim?
-Bem... Rufchip você o amarrou?
-Sim – respondeu o esquilo – Ele não calava a boca. Só falava “onde esta meu PCP”. E outras coisas sem sentido.
Elric espantou-se e temeu. Talvez conhecesse o protagonista misterioso.
-Não era PSP?
-Sim. Eu o amarrei ali atrás daquela moita.
Logo em seguida Elric caminhou na direção indicada pelo pequeno roedor guerreiro. Já Rufchip pulou ao chão. Merlin sorriu.
Nosso Elric Babaca foi retirando o mato, e ao fazê-lo, seu coração quase soltava da boca. Ele conhecia a frase que o esquilo soltou. E quem poderia ter a usado. Um único ser no universo pensaria nisso, em um mundo mágico onde esquilos falam, troncos são feitos de bacon e princesas estão no constante perigo. Só um seria tão mesquinho e tonto.
E eis que Elric enxerga... O próprio Elric! Com oito anos! Amarrado.
-Mas como?... Ele... – falou Elric Babaca.
-Plot twist! – gritou Merlon fazendo um gesto engraçado com as mãos.
Estava ali, o Elric Herói. E agora entenderam por qual motivo expliquei tudo sobre a diferença dos dois. Não era à toa. E você leitor achando que toda aquela explicação de antes era só “encheção de linguiça”. Não é.
Amarrado em um carvalho o garoto Elric gritava de forma abafada. Com cordas fortes em pé e mãos. Além de uma mordaça tampando sua boca. Que por sinal, queria soltar muitos insultos através dela.
Elric Babaca fechou a moita e olhou para Merlin e Rufchip, perguntando:
-Sou eu?
-É sim – respondeu Rufchip.
-Já estava assim quando cheguei – tentou justificar Merlin.
O rapaz olhou mais uma vez através da moita. Observou bem o garoto que um dia foi. Em seguida deu um sorriso amarelo misturado com careta. Ele sabia que era Elric com oito anos, ou melhor, ele mesmo quando jovem. Ainda assim esfregava os olhos com força. Como se tudo que tivesse como memória do Reino fosse pouco comparado aquilo.
Saiu da moita na direção de si mesmo. Estranho escrever isso não é?
Desamarrou o garoto de forma rápida. Destampou a boca. Se arrependimento matasse...
-Até que enfim um inútil me desamarrou! – disse Elric Herói.
-É o que? – questionou com raiva Elric Babaca.
-Calma, calma – comentou o mago surgindo com o esquilo em seu ombro – Não priemos cânico. Elric este é o novo herói. Você irá o treinar.
O mais velho dos dois, começou a rodear o mais novo. Não conseguia compreender aquilo. Deveria ser um truque ou um plano do grande vilão. Ao menos quis que fosse. Algo dentro de si, no entanto, lhe dizia: aquele era ele mesmo com oito anos de idade. Até um psicólogo teria problemas para explicar isso. Enquanto isso, Rufchip e Merlin a tudo observaram calados.
-Como isso aqui surgiu? – perguntou Elric Babaca, apontando para sua duplicata mais nova. Devem ter notado que ele adora pontos de interrogação.
-“Isso” nada! Tenho nome. Sou Elric.
-Eu sei disso! Você sou eu.
-Hein? – fez então uma cara de tonto o Herói.
-Bem – começou a falar Merlin para Elric Herói – Lembra que eu falei sobre lhe arrumar mestre? Então... TCHARAM! – e apontou para a versão mais velha de Elric com os dois braços estendidos.
-E daí? Quem é esse cara? – o jovem questionou sobre aquele sujeito lhe salvou.
-É você! Inteligência rara! Só ele que não entendeu isso ainda? Precisamos desenhar para o sujeito – comentou o esquilo.
Em seguida o Herói olhou bem para o Babaca. Como se fosse um fantasma aquilo que enxergasse. O segundo gritou:
-Tampem os ouvidos!
Eis que Elric Herói salta um berro ensurdecedor de medo e pavor.
Quando terminou, Babaca, Rufchip e Merlin estavam com os dedos tampando seus aparelhos auditivos. Abaixaram suas mãos notando que havia terminado e encararam o jovem gritador.
-O que foi? – perguntou mais uma vez o Herói.
-Alguém pode me amarrar? – perguntou, dessa vez, o Babaca.
-Mas você o desamarrou – comentou Rufchip.
-Não ele! Eu mesmo! Se não vou arrebentar minha versão mais jovem.
-Wow! Calma ai! – argumentou Elric, o Herói.
-Calma nada. Eu me lembro como eu era chato.
Elric, o Babaca fitou Merlin e perguntou mais uma vez... Esses personagens adoram perguntar:
-Precisamos dele mesmo?
-Segundo a profecia... E como está no roteiro desse livro... Precisamos de Elric, o Herói da lenda! – respondeu Merlin eufórico.
-Você e suas frases sem sentido.
-Elas possuem sentido para quem as ouve ou as lê corretamente.
-Ok... Bem nós precisamos do pentelho.
-Ei! – gritou o mais jovem – Eu tenho nome. Sou Elric.
-Já sabemos! – falaram em coro o grupo.
A versão mais velha concordou com sua cabeça. Em seguida o mago continuou falando a jornada de Elric. Que ele deveria ser uma lenda para o Reino.
-Bem se for necessário o faremos. Mas tinha que ser “ele”? – comentou Elric, o Babaca.
-Você adora perguntas, não é?
Foi o que disse! Ainda assim ele respondeu:
-“Caso ele não se torne herói, como um dia surgiria você” é a pergunta certa.
Foi então que o Elric com vinte e cinco anos compreendeu melhor. Fosse lá qual paradoxo temporal que lhe fizesse encontrar consigo mesmo criança, se não ocorresse, seu presente estaria prejudicado. Ou seja, um necessitava do outro.
Merlin então pediu para que parassem com as brincadeiras. Começariam a jornada.
-Estão todos prontos? – de forma engraçada soltou o pequeno Merlin.
-Sim capitão! – respondeu de forma em energética e alegre Rufchip. Logo em seguida, um chapéu de pirata surgiu na cabeça de Merlin.
-Eu não ouvi direito! – pediu o mago.
Elric Babaca tirou o chapéu da cabeça de Merlin e o jogou para longe.
-Vamos logo – e o rapaz começou a caminhar – Para onde teremos de ir?
-Pergunte a você mais novo – e Merlin apontou para sua versão mais jovem.
-Eu não sei de nada – e logo após proferir tais palavras, um objeto foi visto no braço do Herói. Era algo antigo e lendário. Existiam símbolos estranhos como runas, signos do zodíaco e raízes quadradas. Era o Bracelete do Infinito. Aquele mesmo que o Babaca que lhe fez ser um herói e ao qual tinha uma réplica presa no pescoço do tamanho de um anel.
-A magia dele nos apontará o caminho – e após as palavras do Babaca, o item brilhou. E uma seta surgiu, indicando para o leste. O selvagem leste.
-Vamos! – disse Merlin impulsionando o grupo.
-Ok! – soltou feliz Rufchip.
-Por mim tudo bem – comentou o Babaca. Ele sentia-se feliz por ter mais uma vez a chance de explorar o Reino.
-Eu não concordo com isso. Podemos voltar? – soltou Elric, o herói.
Os três se viraram para ele e disseram:
-NÃO!
-Eu só quis... Disser...
E eles começaram a andar. Mesmo contrariando o mais jovem dos quatro.
O Babaca notou uma feição de insatisfação no Herói. Ele lembrou um pouco de como era ser criança.
-Ei! Relaxe vai ser divertido.
-Não preciso de suas promessas – e em seguida, o garoto demonstrou sua insegurança – Está certo mesmo que vai ser divertido?
-Sim. Da última vez foi.
E antes que o Herói fizesse outra pergunta, o Babaca aproximou-se do mago. Continuando assim sua caminhada.
Aquela deveria ser mesmo a Floresta Sem fim. Pelo que o protagonista lembrava era cheia de pinheiros, eucaliptos e árvores de origem europeia. Todas nascendo fora de época com certeza. Eram coisas criadas pela sua imaginação. Então não era incomum ver no Reino, histórias e geografias diferentes do mundo comum.
A floresta tinha sido lar de elfos desde o início dos tempos. Cheios de poder antigo e magia, eles protegiam aquelas terras dos males ancestrais. Ainda assim, nada os protegeu de sua própria xenofobia. Aquilo que fez o povo antigo ignorar muitos dos perigos.
Em especial Isildor, o Corvo Branco. Rei dos elfos. Ele perdeu sua mulher por não confiar nos humanos. E perdeu sua filha por confiar em um. Elric era o culpado disso, pensava ele.
Cada passo que eles davam era algo mágico. Mesmo com as lembranças tristes pela trilha, os poderes sutis naquele lugar faziam tão bem. Imagens de todos ali, Merlin e Rufchip. O quadro estaria perfeito se tivesse Lo ali.
Quebrando essas memórias, o Babaca perguntou a Rufchip sobre quem iria ajudar na empreitada.
-Inicialmente vamos chegar até a Primeira Casa do Elfos. Lá, esperando por nós, estará James Gawain. O guarda da Imperatriz Princesa e herói de terras onde o tempo já foi perdido. Já não temos quase ninguém.
-Talvez os Sarjeteiros... – e então Elric foi interrompido por Merlin.
-Elric sumiram.
E o Elric Babaca comentou:
-Não podem simplesmente sumir. Eles são heróis. Bem estranhos, mas são heróis.
-Todos desapareceram do Reino. O Nobre Artífice, o Arcano Traça de Livros, O Mestre da Narrativa, o Grande Pé, o Sátiro Historiador, o Androide do Futuro e o Guerreiro do Braço de Ferro. Nenhum deu sinal de vida desde que o vilão surgiu. Nos últimos meses, estou sem nenhuma notícia deles.
-Meses?
Acontecimentos estranho ocorriam no Reino sempre, mas aquilo deveria surgir com a ajuda do Adversário ou o Inimigo. Nunca soube qual seria o seu nome. E Elric Babaca tinha certeza do surgimento desse nome devido a obra de Bill Willingham. Ou acreditava que surgia dela. Era uma força que veio antes dos inimigos que criou, desde os goblins das trevas até o Senhor do Sol Negro. Só que este último, ele não imaginou. Como se sua mente nunca tinha filtrado aquele nome. Desde que foi pronunciado para ele.
Então pensou no que Elric, o Herói poderia fazer ou lembrar-se. E quando virou-se para sua contraparte mais nova ele zangou-se.
-Ei! O que pensa estar fazendo?
Notou que o Herói estava agachado mexendo em alguma coisa no chão.
Tinha algo errado naquilo. Ele parecia ter consigo uma flor e logo que notou ser observado, escondeu seu item.
-É só um item. Talvez algo para melhorar uma futura arma.
-Isso não é World of Warcraft. Ou cabal. É um mundo fantástico medieval cheio de magia. E o que pegou não é só uma flor. Isso é o cabelo de um duende de terra.
Então, abaixo de Elric Herói, um ser de quase doze centímetros o encarava. Era parecido com um humano, a exceção de suas orelhas e seu tamanho. Usava um macacão zaul e mais nada. Nem botas possuía. E seu cabelo não existia mais, em boa parte de sua cabeça.
Em seguida, o diminuto chutou um dos pés do garoto. E foi bem forte, fazendo o menino pular de dor. Parecia que bateu o dedo na quina de uma cama. Merlin comentou:
-Parece que bateu o dedo na quina de uma cama.
Não falei? Ou melhor escrevi?
-É lógico – explicou o Elric mais velho – Duendes da terra são um pouco irritados e fortes.
Acreditando que tudo estava calmo, aquele grupo improvisado continuou seu caminho. Enquanto faziam isso, conversavam e olhavam para tudo. Elric Babaca estava olhando para tudo com outros olhos, outra mente de anos atrás. Tudo é fantástico, cada coisa ali. As árvores, o céu, o chão, cada pedacinho daquelas terras, eram mágicos. Era como se O Senhor dos Anéis e Nárnia se cruzassem com os desenhos da Warner Bros. e Disney. Diferente de sua contraparte que só observava defeitos.
Enquanto eles andavam, Elric Herói gritava de raiva contra os goblins que tentavam vender bestas de repetição e balões de viagem. No meio do caminho ele mexeu em poções de um mago, e ao beber uma delas se tornou um pato preto e branco como uma zebra. Após Merlina quebrar esse encanto, o garoto novo deve a petulância de bater em um bando de gnomos que carregavam foguetes. Foi uma barulheira tão alta que faria seres nas fronteiras do Reino escutarem, aquela algazarra. Ainda assim, o moleque ficava enchendo cada criatura naquela região.
E quando estava quase escurecendo, o garoto aquietou finalmente. Um pouco ao menos.
-E como vamos chegar na Primeira Casa dos Elfos? – comentou o Elric mais velho.
-A manhã vai nos mais perto de nosso destino – Merlin explicava sobre isso, enquanto se esquentava na pedra-fogo que trouxe.
Ainda continuavam na estrada. Talvez fosse mais seguro assim.
-Ei! Elric mais jovem! Não se afaste! – gritou com autoridade Rufchip.
-Ok – ele respondeu.
Elric olhava ao redor. Estava cheio de medo. Mesmo no Reino, sabia sobre aquela magia estranha que a noite trazia. Que o mundo ali, durante aquele período era diferente. Não era algo cruel, só sombrio.
Como quando você pensa em algo ruim, só que não o faz. Aqueles sussurros sombrios e malignos.
-A noite eu escuto coisas ruins – comentou Elric Babaca.
-Que tipo de coisas ruins, meu jovem? – questionou Merlin.
-Vontades sombrias. Desejos sujos.
-Parte de você, é isso. Ou não. Mas poder sobre você eles não tem. O rejeite. Faça o necessário para conseguir rejeitar isso tudo.
-Eu sei. Mas não sei se consigo acreditar.
-E por isso não consegue.
-Espera... Essa sua fala me lembrou Yoda.
-Seus sentimentos use e as respostas encontrará irá. Talvez queira sabe como o Rufchip sente-se.
Rufchip, que comia uma maça virou-se para o Elric mais velho. Parou sua alimentação e começou a explicar:
-Muito tempo atrás, uma bruxa maligna me amaldiçoou com o coração tão grande quanto o de um leão, você sabe. Eu me tornei poderoso suficiente para obter vitória contra inimigos antes impossíveis. E poderia ser como um leão. Só porque sou forte como um não significa que sou um. Entende? Nunca usar o poder para atos malignos. E isso que nos difere dos inimigos. Nós não passamos da linha. Nós somos a linha. Eu pelo menos sou.
-Ao menos estou bem acompanhado. Tenho um esquilo que age como o Batman que cita Shakespeare e um mago juvenil metido a jedi.
-Ei! Eu tenho mil e quinhentos anos de idade! E uns quebrados! Juvenil não é uma definição perfeita.
O mago olhou na direção de onde talvez estivesse Elric, o Herói. Ele não estava lá. Aonde aquele moleque se meteu foi o que perguntavam.
Caminhando um pouco, mata a dentro, viram ele. Estava agachado por algum motivo. Pensavam que era só o garoto fazendo o “número dois”. Não era.
-Galera! Achei um porco-espinho!
Ao aproximar sua pedra-fogo de onde estava o menino, Merlin notou algo preocupante:
-Isso não é um porco-espinho. É um horror sombrio! Saia de onde está!
Eis que a bola de espinhos se ergueu com um tom escuro. Seus olhos grandes e vermelhos cresciam. Surgia uma bocarra parecida com dentes de tubarão no estranho ser. Era uma esfera arrepiada com uma garganta enorme. Sem contar garras negras e escuras, cheias de maldade.
-Corre! – gritou Merlin.
O Elric Babaca puxou o outro, que estava com a cabeça confusa. Meio tonto pelo que aconteceu.
No momento, em que corriam mata a dentro, descobriram algo perturbador. Havia mais de um ali. Uma horda de horrores sombrios.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Uma história para Vampiro (Thomas Gerlotte)


Ocupação: desconhecida
Clã: Malkavian Antitribu
Seita: Sabá
Idade real: 32
Idade aparente: 30
Thomas nunca foi um psicopata. Na verdade sempre foi alguém comum. Vivia sua vida comum, com sua esposa comum, com bons amigos comuns, com suas vidas comuns, em uma cidade americana comum... e ele odiava tudo aquilo! Ainda assim era uma pessoa normal pelos padrões humanos.
Muitas vezes ele dizia que aquilo não era vida. Que aquilo deveria ser algo completamente ridículo próximo do que ele realmente poderia fazer... e foi nesse contexto que ele conheceu Marx. Ele sempre falava sobre uma teoria que o mal esta inerente em todos os corações humanos. Mas o que mais assustou o pobre Thomas foi isso:
“O ser humano esta fadado a se consumir. Todos os tipos de seres que não forem humanos irão se consumir. O certo não é tentar salvar uns aos outros quando o navio afunda. Qual deles irá sobreviver seria o mais correto”. Foi então que Marx lhe explicou o que era e o que poderia trazer consigo: iluminação na vida de Thomas!!!
Após sobreviver ao rito do Sabá ele então fez o que sempre quis que era matar sua mulher, amigos, familiares numa chacina que ficou conhecida como “o Matadouro de Ohio”.
Ele veio a Europa em busca de fuga para o mal que cometeu... ou nem tanto... nunca se sabe quando se trata de um malkavian...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Uma história para Vampiro (Cristina Gossow)


Ocupação: cantora de metal melódico
Clã: Gangrel
Seita: Camarilla
Idade real: 28 anos
Idade aparente: 25 anos
Hobbys, gostos e desgostos: adora cantar, gosta de animais domésticos (cães e gatos) e odeia mortes.
Cristina possuía muita vontade de fazer sucesso como uma famosa cantora. Membro de uma banda conhecida como Soulless (Sem alma). Sempre indo para diversos lugares diferentes na Inglaterra. Uma cantora de som melódico. Todos sempre gostaram dela mas nunca se apegou a ninguém. Até Arthur entrar em sua vida...
Um homem de beira de estrada que a seduziu de um modo todo diferente. Ela nunca havia sentido isso por qualquer outro homem, mesmo ele sendo estranhamente bestial em todos os termos possíveis. Incluindo sua aparência. Mas em determinada noite ele fez a seguinte proposta a ele “gostaria de saber como é não ter alma?”. Ela não entendeu a pergunta, até o momento que as presas de Arthur se gravaram na sua garganta...
Cristina foi introduzida na comunidade da Camarilla, porém muito a contragosto participa desse esquema de mortes sem sentido. Em vida, Cristina sempre foi uma pessoa que demonstrou grande apego pela vida, fosse dela mesma, fosse dos outros. Matar para sustentar sua não-vida se torna imperdoável... mas necessário.
Desde que saiu da Soulless, vem procurando um espaço só seu em que não perca de foco o que realmente: uma vida pacífica. Agora como uma cantora solo que faz participações especiais em outras bandas.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Uma história para Vampiro (Omar El Soumaili/Adir Green)



"Seu nome verdadeiro é Omar El Soumaili, um antigo comerciante afeganistão que seguia as antigas tradições do islã a risca. Porém, nunca foi combativo, nem contra os estrangeiros em suas terras. Tanto que viajou até a Inglaterra em 1880 por questões de negócios. Por isso foi extremamente bem sucedido como comerciante de armas brancas como itens raros. Sua família era de antigos protetores das tradições muçulmanas, e conseguiu uma verdadeira fortuna em armas antigas: desde a idade antiga a média. O que ele não sabia era que sua família na verdade servia como rebanho e ponto de recrutamento para futuros membros dos assamitas. E suas atitudes poderiam comprometer sua vida. Ou o que viria ser sua pós-vida. Isso foi o ponto decisivo para que Bushra o abraçasse, o transformando em um cainita, antes do que queriam seus mestres. Ele viveu bem até compreender seus dons. Em 1888 o assassino Jack o estripador surgiu. O que causou problemas aos neófitos da época. E o assamita foi um deles. Sem ter apoio da Camarilla, sua mestra ter partido recentemente para o Oriente em missão pelo clã, Omar foi confundido como um assassino a sangue frio acima de qualquer superstição da época. Caçado pelos humanos, esquecido pelos vampiros, com exceção dos assamitas, que estavam ausentes em Londres... Ele foi dado como morto quando na verdade estava em torpor. Entre os de seu clã, é considerado um herói.
Ao ser despertado, quando um bombeiro encontrou seus restos no esgoto próximo ao rio Tâmisa, ele se alimentou e decidiu partir o mais longe possível dali. Soube sobre um novo mundo. E também soube que sua mentora foi morta por um mortal. E a linhagem do assassino está nos Estados Unidos. Se ele matar só um deles... Dos malditos, ele se sentirá bem.

Assumiu um outro nome, mas acima de tudo tenta viver bem e se adaptar ao modo de vida americano protegendo os preceitos dos assamitas. Apesar de não gostar do modo terrorista que o clã resolve problemas. Prefere encarar os problemas mesmo que seja através das armas de fogo. Ainda mantêm parte de sua fortuna, mas bem pouco, comparado com o que tinha quando foi abraçado séculos atrás."

Essa é uma nova ideia que tive para aproveitar o hiato de Contos. Criar backgrounds para Vampiros, de RPG. Espero que gostem.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Capítulo 1 – Aqui introduzimos o maior babaca do mundo largado por três garotas


Era uma vez, um babaca. Seu nome era Elric. Ele era um cara bem comum e sem sal nenhum. Ao menos era o que achava o próprio. Talvez por ser estranho, talvez por não se enturmar, ou simplesmente, pois as pessoas acham que ele é esquisito. De qualquer forma não era muito popular. Nem queria.
O bom é não ser reconhecido segundo ele. Andar pela rua sem ter pessoas apontando o dedo. Querendo ridicularizar você por ser magro, gordo, cabeçudo, mente pequena, bobo ou CDF. Ter vinte e cinco anos era bom por isso. Finalmente estava livre desses problemas. Idade mágica.
Na verdade, depois dos dezoito se sentia... Bem. Ninguém o incomodava. Nada o aborrecia. Nem sequer falava mais com ele. Sem conversas boas com amigos. Aparentemente nem tudo estava perfeito não é mesmo?
Ele voltava a se lembrar quando era garoto algumas vezes, quase que todo o momento em que respirava. Talvez aquilo fosse um pouco chato, mas ainda assim era bom. O garoto Elric iremos chamar de Elric Herói. E o mais velho será Elric Babaca. E por qual motivo eu explico isso? Logo, logo saberá. Só saiba que isso é só uma parte importante dessa leitura que está em suas mãos.
Pior ainda é quando se sabe que o Elric Babaca era um cobrador de pedágio, algo ironizado até pelos companheiros de serviço. Todos os dias recebendo dinheiro dos motoristas apressados das cidades distantes. Vendo eles passarem zunindo com os rápidos carros, motos, caminhões, caminhonetes, e toda a sorte de veículos criados pelo homem. Esses eram os dias agitados. Tempos assim que ele se forçava a gostar. Na verdade, ele sentia inveja dos motoristas: indo e voltando de onde quisessem, seguindo para qualquer fronteira. Não pela condição financeira, mas pela vontade. Seria o paraíso para Elric Babaca.
Só que ele nunca fez.
Sempre repetia a mesma velha rotina de atender motoristas de carros, motos, caminhões, caminhonetes, e toda a sorte de veículos (sim era bem repetitivo mesmo!). Mas com a mesma cara cheia de desânimo de costume dele. Parecia quase um vampiro, ou melhor, tinha um rosto de zumbi podre. Desses que estão em moda ultimamente. Ao invés de comer carne, devorava Ruffles, Doritos, pedaços de pizza de ontem, cachorros quentes e toda sorte de besteira. Sorte não engordar com tanta porcaria. Alguns falavam que tinha um estômago comparado ao de um avestruz imenso. Outros que não tinha fim. Eu falaria que possuía um buraco negro ao invés da barriga.
Mas nem isso era mais.
Sem contar as ex namoradas. Ah sim, as garotas. Cada uma diferente da outra. Sem nada em comum. A cada ano.
Uma tinha cabelos pretos, lisos como os de uma índia. Pele morena, quase cobre. Olhos escuros como jabuticabas. Tocava violino, assim como ele tentava tocar bateria. Era lindo. Pois gostava de quadrinhos, mitos, besteiras para comer, filmes e toda sorte de coisa que dificilmente uma garota como ela gosta. Ele não a amava só por isso, mas toda vez que ela fazia carinho nele parecia quando um animal era afagado de uma forma maravilhosa, depois de uma farta refeição. Os dois pareciam idênticos até nisso.
Só que a vida é uma caixinha de surpresas. E certo dia ela disse que iria embora. No ponto de ônibus estava ele, todo triste. Não entendia o motivo dela partir. Mas se calou. Antes de subir no ônibus, ela o beijou três vezes e disse:
-Eu te amo.
Frase maldita, frase bendita. Quanto uma pessoa fala isso, parece que o mundo para. Pelo menos para uma das pessoas. Pois se espera uma resposta quando é a primeira vez que alguém diz isso a outro. Pode ser um sim ou não, pode ser gelo ou uma bota de tamanho 51, mas se espera uma resposta.
Voltemos a história do Elric Babaca, e como foi abandonado três vezes.
Já a segunda não era nada parecida com a primeira. Ainda tinha o jeito meigo que ele tanto gostava. Era bem mais baixa que ele e por isso a adorava. Tinha como a carregar e isso a deixava brava. Pele bem clara, olhos castanhos. Os cabelos também tinham luzes douradas por cima dos fios acobreados. E quantas vezes no meio da rua a erguia como uma menininha. Isso a deixava parcialmente irritada, mas no fundo gostava daquilo. Mulheres... Vai se entender. Não eram parecidos em gênios, só que o rock era uma paixão em ambos. Ele curtia nu-metal, grunge e metal melódico, ela já gostava de heavy metal, hard rock e rock industrial. Gostavam de rock clássico e nisso concordavam muito. As danças ao som de Elvis eram ótimas.
Foi difícil quando decidiu terminar com Elric. Mas possuía motivo para isso. Ela viajava muito e o Babaca ficava enciumado, pensando que poderia encontrar alguém melhor quando se está junto de alguém que se ama, você deve confiar nela, do mesmo modo de quando se está longe. E ele não acreditava.
Elric Babaca recebeu uma ligação. Era ela, pedindo uma “conversa”. E quando se pede uma “conversa”, todos sabemos que sempre um dos dois vai chorar muito. Se eles se amam, pelo menos um vai fazer isso. Pois quando não se ama, não é derramada uma lágrima. Antes, durante ou depois do término.
A garota terminou com ele durante o serviço dela. Isso ocorreu pois ele insistiu em falar com ela o mais rápido possível. Quando estava no ônibus de volta para sua casa, sentou em um lugar que pudesse olhar para trás. Os olhos cheios de água. Derramavam e molhavam a janela. Era algo horrível.
-Eu não te amo mais.
Isso dói, machuca. Quando se escuta essas palavras, parece que alguém enfiou o punho no seu peito. E depois, colocou até o cotovelo. Atravessou, machucou, magoou. As pessoas se sentem mal e tão tristes quando escutam isso. Parece até que o mundo nubla – e muitas vezes é o que ocorre. Deus como dói!
A terceira e última, lógico, era completamente diferente. Cheia de vontade e vida. Trabalhava como educadora em uma creche. E como gostava disso. Ele a amava por isso. Toda a espontaneidade dela deixava ele tão feliz. Era única para seu coração como só os apaixonados veem as pessoas. Em vários pontos eles não combinavam. Ela sabia dançar, ele não. Ela sabia escrever, ele sabia falar muito. Ele gostava de cantar e aí ela se calava. Eram tão diferentes, mas isso não atrapalhava muito nenhum dos dois. Ela o chamava de urso. Ele a chamava de princesa.
Só que novamente ele ficaria sozinho.
Sem mais, nem menos, em um dia em que ele acreditava estar tudo certo o pior ocorreu. Eles iriam sair, foi o que Elric Babaca pensou. Mas ela não estava com um rosto muito convidativo. Falou pouco, como sempre fazia quando estava nervosa. Terminou tudo na calçada da rua. Ele tentou várias a persuadir. Nada funcionou.
-Estou tentando mudar você! – foi uma das poucas frases que soltou. Mas ele não enxergou sentido naquelas palavras. Nunca tentaria mudar outras pessoas, muito menos alguém que amasse. Portanto não aceitaria que alguém o alterasse. Se isso ocorre, é por livre e espontânea vontade. Nem sentia que era uma mudança, era uma melhora, uma evolução. Ainda assim, como contrariar alguém que quase sempre esteve certa na vida? Ou que tem uma cabeça muito dura?
Falemos mais da vida do Elric Babaca agora. Não mais de suas tentativas falhas de romances. Ele era filho de uma senhora muito humilde, que desde cedo trabalhou para sustentar sua casa. Além é lógico, ajudar o filho com estudos. Defendeu com todas as forças o único laço do antigo marido. Morreu em um acidente, na oficina em que trabalhou em vida. Um bom homem, partiu dessa vida muito cedo.
Além disso, tinha a avó. Abigail. Uma senhora bondosa e maravilhosa que lhe contava os mais belos contos. Mas não só de fadas, mas de anões, monstros, aldeões, dragões, ogros unicórnios, zumbis, lobisomens, dríades, ninfas, gigantes, gênios, jovens ousados, fantasmas, minotauros, dinossauros, vampiros, centauros, grifos, hipogrifos, povos pequenos, duendes, quimeras, mantícoras, serpentes marinhas, duplos, ogros magos, pesadelos e toda a sorte de criaturas.
Ela o fez ler quadrinhos mais clássicos com bons roteiros. Coisas clássicas como as de Neil Gaiman e Alan Moore, e tirava as coisas inapropriadas para idade de uma criança. Além de ler as tiras de Bill Watterson e Gino. Ele gosta de Bone, uma criação de Jeff Smith. Uma história mágica com ares de jornal. Lindos contos com princesas e  dragões, magia... e uma boa dose de “kaboom”, “kablam” e “boing”. Maravilhoso mundo que foi criado quase sempre com nanquim.
Como gostava de ler, aprendeu a ler livros lindos como O Hobbit, O Senhor dos Anéis, Sillmarilion, Crônicas de Nárnia, História Sem Fim, entre tantos outros. Verdadeiras sagas escritas por humanos. Histórias em que o mais improvável salva o mundo, em que a fantasia fala mais alto e a fé surge nos piores momentos. Assim são as histórias.
Todas muito belas, que não chegam aos pés de uma boa conversa com Abigail. Ela falava do jovem Merlin, muito mais sábio que os grandes magos da época. E uma gama de heróis e vilões únicos. Pena ter sumido todo esse mundo com a morte da senhora.
Ela morreu, calmamente, no quarto de sua casa. Segurando a mão de Elric em uma e na outra, seu exemplar de O Hobbit, em inglês. Ela tinha um sorriso quando se foi.
Isso mudou a cabeça de Elric Babaca. A depressão se abateu sobre ele. Foi antes dos três términos de namoro. Mesmo assim, foi complicado.
Eis aqui um fato que torna Elric Babca legal, ou mais ou menos isso: ele tinha um mundo mágico dentro de si. Sério!
Era repleto dos seres que ouviu nas lendas, contos, livros e outros lugares. Ele gostava de todos que conheceu por lá, mas alguns eram especiais. O jovem Merlin, um mago que mais falava do que agia – mas muitas vezes suas palavras valiam por mil lições de sabedoria – parecendo louco normalmente. Rufchip. O valente esquilo que descendia de Kenevarius, o dentuço, um antigo herói dos roedores. Tiny Coração de Galinha e Salsa, o mais covarde dos heróis. O cão dos desenhos da Hanna-Barbera era um intrépido cavaleiro perto dele. E por último, mas não menos importante, Losille... A corajosa Lo. Tão intrépida e perspicaz. Além de bela. Tão linda. Percebeu muito tarde que havia se apaixonado pela pequena elfa.
Em um dia, os dois brigavam como cão e gato. E um dia sem notar, ele fazia carinhos em seu cabelo. Se aquilo era magia, então aquele era o encantamento mais poderoso que nenhum homem quebraria. A força mais poderosa que consumiria o inferno e derreteria o gelo do inverno. Era lindo. Magia antiga. Um dia ela acabou.
Losille morreu... Um erro, um equívoco, um soluço, uma falha... Crítica. A rosa élfica. Suas últimas palavras para Elric?
-Você tem gosto de chocolate, leite e gota de pétala de rosa.
Definhou segurando a mão de seu amado. Pobre Babaca. Babacas se apaixonam. E são tolos. Acreditam no amor aquando ele não acredita neles. Choram por alguém que morreu, que os deixou, que os traíram, abandonaram como animais. Sabe? Aqueles muito novos ou muito velhos, como um produto qualquer. Os filhotes de cães por exemplo, normalmente têm três meses, os anciões vários anos – entre dez a quinze anos, mais ou menos – assim como os sentimentos. Algumas vezes, como um cachorro, os tolos ficam perdidos sem aquele carinho de antigamente. Morrem e definham. Homem e bicho. Complicado.
Mesmo assim, voltemos ao mundo mágico de Elric, o Babaca. Quando tinha oito anos ele se perdeu em uma floresta e caiu nesse mundo de alguma forma. Bateu de frente com monstros, viajou por estranhos mundos conhece magos e princesas. Mas acima de tudo, derrotou males antigos. Poderosos demais. Se tornou Elric, o Herói. Que usava o Bracelete do Infinito.
Quando acidentalmente chegou ao mundo estranho e bizarro de onde obteve o artefato, pensou sobre como fazer aquilo, voltar a sua casa. Os seres estranhos levaram ele para lugares terríveis inicialmente. Mas começou a notar que ele mesmo transformava as coisas em algo ruim por sua culpa mesmo. Já que elas na verdade eram tão fantásticas. Poderiam viajar por terras únicas, onde haviam sátiros que comiam livros, criaturas peludas que tocavam guitarras, ciborgues com defeitos de fabricação, personagens que pareciam extraídos de animações japonesas, e tantas coisas que nem nos contos de sua avó teria visto igual. Magnificas noites, manhãs e tardes eles passaram ali.
Tanto que ele até achou que tinha acordado de um sonho quando saiu de lá. Porém, ele notou, estupefato, que seu dedo indicador tinha uma réplica do bracelete encantado. Uma chance de voltar para aquele universo.
Finalmente, chegamos ao momento tão esperado. Quando Elric Babaca, mesmo não sabendo voltará o mundo que um dia considerou ele um herói. Ou achou que iriamos só ficar nessa rotina.
Era uma tarde qualquer. Mas era um dia da semana. Talvez uma quarta, sexta ou quem sabe uma terça... Não importa! O importante se refere ao que aconteceu depois do serviço por sua roupa usual: camisa azul social com botões bonitos, calça jeans velha e surrada, tênis com a sola do sapato esquerdo gasto e duas blusas que usava para deter o frio do inverno. Um cabelo curto, mas bem arrumado, com uma testa protuberante e olhos verdes. Seria até mais bonito, se arrumasse melhor sua roupa, assim, poderia ficar mais apresentável. Entretanto, não era assim que um babaca pensava. O pior vestuário para os momentos mais importantes. E aquele não seria diferente.
Arrumava as blusas por cima da camisa de manga curta. Eis que um dos colegas de trabalho o chamou:
-Tudo bem, Elric? Está livre hoje à noite?
-Ah... – e antes que terminasse a frase foi interrompida.
-Putz! Eu me esqueci que combinamos um número de amigos especifico. Acho que com você vai ser gente demais.
Quando falou isso, o colega (um homem gordo e de óculos, com o tipo comum de tiozão) deu de costas e pediu a Elric que entendesse. O Babaca aceitou. Quis falar algo contra, mas a timidez e o medo impediram ele. Até ficou com vontade de quebrar o suposto amigo. Literalmente.
Tudo bem, pois logo voltaria para sua casa. Entraria no computador, leria um livro, ou quem sabe, uma história em quadrinhos. Talvez olhasse novamente as estrelas. Pensar no que era bom.
E foi o que fez então.
Subiu no telhado da casa em que passou a morar nos últimos anos. Saiu da sombra de sua família para viver sozinho. As contas atrasadas, mas ainda era um bom lugar. O lugar ideal em uma cidade cheia de fumaça que cobria o céu. Bela, mas mesmo assim sombria. Como ela poderia conter tantos nomes e corações? Mesmo assim, sua alma estava cheia de vontade em encontrar alguém para si, por mais difícil que fosse.
Pegou a escada de madeira do lado do pequeno casebre. Subiu em cima das telhas de cor marrom, pegou um pano e o colocou por cima delas. Deitou-se lentamente pois as costas ficavam tão doloridas, depois do serviço. Os olhos cansados, visualizando os dias seguintes. O que faria exatamente neles, era sua preocupação. Sem ideias, sem planos, sem muitas armas para enfrentar os problemas do mundo. Dias tristes se seguiriam como de costume.
Não se abateria naquela hora. Era o seu momento com a lua e as estrelas. Olhando para elas, como quando fitamos as coisas mais lindas do mundo. Coisas simples. Como quando se senta na areia da praia e se olha o oceano. Ou quando se termina de subir a montanha olhamos o horizonte. Tão belo e sinistro as vezes. Sempre natural como os dentes de um dragão. Brincando com a imaginação das crianças e dos adultos, surgindo ideias e imagens. Monstros e fadas. Criaturas únicas em suas mentes repletas de coisas chatas. Tiradas de uma história de Peter Pan ou Harry Potter. Quando pessoas comuns encontram o fantástico é através disso. Pena tudo não terminar como nas histórias que sua avó contava. Lindas, cheias de duendes, ogros e elfos. Ali e aqui, lá e mais uma vez. Alguns monstruosos e destrutivos, loucos e belos. Um diferente do outro de qualquer forma. Cada qual com a sua própria magia.
E em um dado momento, Elric enxergou uma estrela cadente. Dizem que se você desejar algo quando ela passa no céu noturno, ele torna-se realidade. Parecia uma besteira, mas já que estava no vaso da privada, era isso ou o esgoto mesmo. Fechando os olhos e respirando fundo, soltou:
-Desejo voltar ao mundo mágico do... Reino.
De repente, não mais que de repente, notou que uma nova estrela cadente surgiu. Mas essa cruzava o céu em zig zag, dava ré, piruetas, toda a sorte de acrobacias na noite. Aquilo era mesmo um corpo celeste? E foi então que quando notou o mais alarmante, se apavorou ainda mais: a “coisa” vinha em sua direção!
Como aquilo poderia estar acontecendo? Esfregou os olhos para constatar que não dormiu no momento em que os fechou. Qual não foi sua surpresa ao perceber que o objeto se aproximava mais. Pegou um binóculo, que havia deixado ali para ver as estrelas, assim poderia saber do que se tratava. Sua surpresa se tornou pânico quando descobriu que de forma veloz e assustadora, Merlin, o mago, voava em rota de colisão com o seu telhado.
-MERLIN! NÃO! – gritou Elric.
-ELRIC! SIM! – gritou Merlin.
Elric agitava os braços no ar em negativa querendo que Merlin parasse. Inútil. O ser mágico caiu sobre Elric. Foi um golpe tão grande que quebrou parte do telhado. O estrondo também.
Os dois levantaram, como se fizessem isso de um sono pesado. O Babaca arrumava sua camisa azul cheia de botões, com manga curta. Já Merlin só se levantou com um salto olímpico. Era comum para ele, afinal, tratava-se de um mago.
-Mas que...! – gritou Elric interrompido por Merlin.
-Oba! Oba! Oba! Isso é um livro infanto-juvenil! Esqueceu?
Elric olhou para Merlin bem contrariado. E estranhando as frases do mago.
-Tudo bem. O que traz o maior dos magos até mim? – falou o rapaz em tom sarcásticos e depois mudou – Acha que acreditarei que é o mesmo Merlin que encontrei certa vez naquele lugar? Maravilha! Estou pedindo respostas de uma alucinação...
-Não sei quem é essa madame, mas eu acho que quebrei parte do telhado da sua casa.
Elric bateu a mão no rosto, em evidente desaprovação e sinal de raiva.
-Mas, do que é você está falando?
-Ora dessa tal Alucinação. Devo crer que se trata de uma madame? Senhora? Senhorita? Donzela? Moça? Querida? Moçoila? Broto? Tchutchuca?
O jovem ficava nova palavra do mago. Parecia cheio de fúria contra o garoto mágico. Notou, de qualquer forma, que Merlin não mudou. Continuava o mesmo de quando ainda tinha oito anos. Cheio de truques, nas palavras e nas mãos.
-Não importa. Seja o que for vá embora.
-Não posso nobre Elric. Não sem antes o levar comigo.
-Ora bolas! Não necessita de mim. Você é uma loucura minha! Só isso.
-Se sou só uma loucura sua – falou isso e de repente movimentou sua mão na direção da face do Elric – Como posso ter pego seu nariz?
-Está ficando louco? Olha o que digo... Estou falando que minha loucura esta ficando louca! Ei, estranho estou sentindo um formigamento no...
E antes que terminasse te falar, olhou para a mão de Merlin. Não havia um polegar entre os dedos. Havia, o que chamariam de narina.
-Meu nariz!
-Não. Meu nariz.
Elric Babaca tateou o rosto em busca do nariz, já que esse sentido não lhe era privado agora. Sem sucesso.
-Devolve!
-Quais as palavras mágicas?
-Por favor – falou rangendo os dentes aquele Babaca.
-Eu disse mágicas. Não de súplica.
-Abracadabra?
-Essa foi da semana passada. E eu disse palavras no plural.
-Como? – disse incrédulo Elric.
-Você me entendeu...
Elric começou a pensar e quebrar o crânio. Então, pensou na melhor e única resposta que consegui imaginar:
-Abre-te Sesámo?
-Palavras mais que corretas.
O nariz saltou e pulou três vezes no chão, antes de grudar no rosto de Elric. O rapaz arrumou aquele fugitivo no próprio rosto. Com cuidado.
-E então não irá comigo? Ou terei que lhe transformar?
O rapaz olhou com um canto de olho para o jovem mago. E deu as costas.
Nesse mesmo instante Merlin soltou um encantamento. Primeiro, o transformou em um camelo enquanto andava por sobre o telhado. Elric nem havia reparado.
Em seguida, o metamorfoseou em um s esqueci que combinamos um número de amigos especifico. Acho que com você vai ser gente demais.
Quando falou isso, o colega (um homem gordo e de óculos, com o tipo comum de tiozão) deu de costas e pediu a Elric que entendesse. O Babaca aceitou. Quis falar algo contra, mas a timidez e o medo impediram ele. Até ficou com vontade de quebrar o suposto amigo. Literalmente.
Tudo bem, pois logo voltaria para sua casa. Entraria no computador, leria um livro, ou quem sabe, uma história em quadrinhos. Talvez olhasse novamente as estrelas. Pensar no que era bom.
E foi o que fez então.
Subiu no telhado da casa em que passou a morar nos últimos anos. Saiu da sombra de sua família para viver sozinho. As contas atrasadas, mas ainda era um bom lugar. O lugar ideal em uma cidade cheia de fumaça que cobria o céu. Bela, mas mesmo assim sombria. Como ela poderia conter tantos nomes e corações? Mesmo assim, sua alma estava cheia de vontade em encontrar alguém para si, por mais difícil que fosse.
Pegou a escada de madeira do lado do pequeno casebre. Subiu em cima das telhas de cor marrom, pegou um pano e o colocou por cima delas. Deitou-se lentamente pois as costas ficavam tão doloridas, depois do serviço. Os olhos cansados, visualizando os dias seguintes. O que faria exatamente neles, era sua preocupação. Sem ideias, sem planos, sem muitas armas para enfrentar os problemas do mundo. Dias tristes se seguiriam como de costume.
Não se abateria naquela hora. Era o seu momento com a lua e as estrelas. Olhando para elas, como quando fitamos as coisas mais lindas do mundo. Coisas simples. Como quando se senta na areia da praia e se olha o oceano. Ou quando se termina de subir a montanha olhamos o horizonte. Tão belo e sinistro as vezes. Sempre natural como os dentes de um dragão. Brincando com a imaginação das crianças e dos adultos, surgindo ideias e imagens. Monstros e fadas. Criaturas únicas em suas mentes repletas de coisas chatas. Tiradas de uma história de Peter Pan ou Harry Potter. Quando pessoas comuns encontram o fantástico é através disso. Pena tudo não terminar como nas histórias que sua avó contava. Lindas, cheias de duendes, ogros e elfos. Ali e aqui, lá e mais uma vez. Alguns monstruosos e destrutivos, loucos e belos. Um diferente do outro de qualquer forma. Cada qual com a sua própria magia.
E em um dado momento, Elric enxergou uma estrela cadente. Dizem que se você desejar algo quando ela passa no céu noturno, ele torna-se realidade. Parecia uma besteira, mas já que estava no vaso da privada, era isso ou o esgoto mesmo. Fechando os olhos e respirando fundo, soltou:
-Desejo voltar ao mundo mágico do... Reino.
De repente, não mais que de repente, notou que uma nova estrela cadente surgiu. Mas essa cruzava o céu em zig zag, dava ré, piruetas, toda a sorte de acrobacias na noite. Aquilo era mesmo um corpo celeste? E foi então que quando notou o mais alarmante, se apavorou ainda mais: a “coisa” vinha em sua direção!
Como aquilo poderia estar acontecendo? Esfregou os olhos para constatar que não dormiu no momento em que os fechou. Qual não foi sua surpresa ao perceber que o objeto se aproximava mais. Pegou um binóculo, que havia deixado ali para ver as estrelas, assim poderia saber do que se tratava. Sua surpresa se tornou pânico quando descobriu que de forma veloz e assustadora, Merlin, o mago, voava em rota de colisão com o seu telhado.
-MERLIN! NÃO! – gritou Elric.
-ELRIC! SIM! – gritou Merlin.
Elric agitava os braços no ar em negativa querendo que Merlin parasse. Inútil. O ser mágico caiu sobre Elric. Foi um golpe tão grande que quebrou parte do telhado. O estrondo também.
Os dois levantaram, como se fizessem isso de um sono pesado. O Babaca arrumava sua camisa azul cheia de botões, com manga curta. Já Merlin só se levantou com um salto olímpico. Era comum para ele, afinal, tratava-se de um mago.
-Mas que...! – gritou Elric interrompido por Merlin.
-Oba! Oba! Oba! Isso é um livro infanto-juvenil! Esqueceu?
Elric olhou para Merlin bem contrariado. E estranhando as frases do mago.
-Tudo bem. O que traz o maior dos magos até mim? – falou o rapaz em tom sarcásticos e depois mudou – Acha que acreditarei que é o mesmo Merlin que encontrei certa vez naquele lugar? Maravilha! Estou pedindo respostas de uma alucinação...
-Não sei quem é essa madame, mas eu acho que quebrei parte do telhado da sua casa.
Elric bateu a mão no rosto, em evidente desaprovação e sinal de raiva.
-Mas, do que é você está falando?
-Ora dessa tal Alucinação. Devo crer que se trata de uma madame? Senhora? Senhorita? Donzela? Moça? Querida? Moçoila? Broto? Tchutchuca?
O jovem ficava nova palavra do mago. Parecia cheio de fúria contra o garoto mágico. Notou, de qualquer forma, que Merlin não mudou. Continuava o mesmo de quando ainda tinha oito anos. Cheio de truques, nas palavras e nas mãos.
-Não importa. Seja o que for vá embora.
-Não posso nobre Elric. Não sem antes o levar comigo.
-Ora bolas! Não necessita de mim. Você é uma loucura minha! Só isso.
-Se sou só uma loucura sua – falou isso e de repente movimentou sua mão na direção da face do Elric – Como posso ter pego seu nariz?
-Está ficando louco? Olha o que digo... Estou falando que minha loucura esta ficando louca! Ei, estranho estou sentindo um formigamento no...
E antes que terminasse te falar, olhou para a mão de Merlin. Não havia um polegar entre os dedos. Havia, o que chamariam de narina.
-Meu nariz!
-Não. Meu nariz.
Elric Babaca tateou o rosto em busca do nariz, já que esse sentido não lhe era privado agora. Sem sucesso.
-Devolve!
-Quais as palavras mágicas?
-Por favor – falou rangendo os dentes aquele Babaca.
-Eu disse mágicas. Não de súplica.
-Abracadabra?
-Essa foi da semana passada. E eu disse palavras no plural.
-Como? – disse incrédulo Elric.
-Você me entendeu...
Elric começou a pensar e quebrar o crânio. Então, pensou na melhor e única resposta que consegui imaginar:
-Abre-te Sesámo?
-Palavras mais que corretas.
O nariz saltou e pulou três vezes no chão, antes de grudar no rosto de Elric. O rapaz arrumou aquele fugitivo no próprio rosto. Com cuidado.
-E então não irá comigo? Ou terei que lhe transformar?
O rapaz olhou com um canto de olho para o jovem mago. E deu as costas.
Nesse mesmo instante Merlin soltou um encantamento. Primeiro, o transformou em um camelo enquanto andava por sobre o telhado. Elric nem havia reparado.
Em seguida, o metamorfoseou em um sapo. Gordo e papão. Comeu até uma mosca varejeira que por ali passava.
Porco e gato foram o seguinte. Por último o transformou em um ornitorrinco.
Elric que nada notou até então, só enraiveceu. Nada pior que ser transformado em uma mistura de pato com castor.
-Agora chega! Isso foi demais! Me transforme em um elefante ou até um cachalote. Ou até mesmo um joão de barro. Mas justo um cruzamento de mamífero com ave aquática? Eu quero voltar ao normal!
-Qual a palavra mágica?
O ornitorrinco Elric pulou no colarinho de Merlin. Encostou seu focinho com o nariz dele e gritou:
-Me torne humano de novo, ou juro que faço essas patas fazerem um estrago em você! – falando isso, mostrou sua arma natural do lado esquerdo.
-Olha só! E não é que você disse a palavra certa Elric?
No mesmo instante, Merlin estalou os dedos. E com isso o Babaca possuiu sua forma humana, caindo no chão, visto que estavam no colarinho do mago.
Levantou-se e mais uma vez deu de costas para o mago, quando Merlin soltou as palavras que comoveram o coração de pedra.
-O pai de Losille deixou nossas terras.
O Babaca parou. O pai de Losille era rei dos elfos, poderoso e cheio de força de seu povo. A Folha das Quatro Estações, como era chamado. Honesto e correto, justo e forte. Quando sua única filha morreu, com certeza perdeu seu chão, pois ela era seu céu estrelado. A sua única certeza depois da morte, pois essa também chega as fadas. E ela se foi por culpa de Elric.
Quando Elric, o Herói, estava no Reino, ele tinha uma grande amizade com Isildor, o nome verdadeiro do rei dos elfos. Conhecido também como o Corvo Branco, foi ele que permitiu sua filha viajar com a sua antiga comitiva.
-Ele tomou um dos pássaros? Foi em direção das nuvens? – falou o Babaca.
-Sim.
-Talvez eu vá.
-Não me faça favores. Não é por mim. É pelo Reino. Por favor! – e ao falar isso, Merlin mostrou os olhos cheios de afeto e charme dignos de um bebê – Necessitamos do Herói.
Elric ergueu os braços em sinal de derrota. E ainda existia uma vontade louca de visitar aquele mundo.
-Como posso falar não quando você falou as palavras mágicas.
O pequeno mago sorriu e bateu palmas. Em seguida, ele fez surgir um objeto único.
-Um taco de baseball? Você não usa uma vassoura?
Aquele mago fez uma face com fúria digna de um grande vilão. Nesse instante falou:
-Vassouras são para meninas. Eu sou um rapaz. E bem boa pinta por sinal.
Isso só fez Elric revirar os olhos pela tolice dita.
-J.K. Rowling deve discordar de você. E ainda o chamaria de machista.
-Não sei quem é esse senhor, muito menos me interessa conhece-lo...
-É “conhece-la”. J.K. é mulher.
-É mesmo? – soltou Merlin com cara de esponja.
-Sim?
-E como ficam John Fitzgerald Kennedy ou Juscelino Kusbitchek?
-Mas o que tem... Bem, não vou contra sua lógica. E então... Onde eu subo?
Risadas contínuas brotaram de Merlin.
-Você não vai subir.
Em seguida, ele subiu no veículo esportivo, literalmente falando.
Elric ficou confuso. Coçou a cabeça, cheio de questões sobre a viagem. E viu que aquele taco começava seu voo.
-Ei! O que você quer... – e antes que notasse uma corda enrolou-se no corpo de Elric.
Rapidamente, o taco de baseball cruzou os céus. Com um rapaz sendo levado em uma corda prendendo-o. Passando pelo ar. Gritos loucos de dor e raiva seguiram-se.
-Me solta! Socorro! Merlin, seu nojento!
-Nada de elogios! Vamos partindo. Apertem o cinto. Próxima parada: o Reino!
E ainda que continuasse zangado Elric Babaca soltou seu torto sorriso de saudades. Estava retornando ao lar.
Naqueles momentos no ar, graças a Merlin eram literalmente mágicos. Parecia que estava em um daqueles brinquedos gigantes dos parques de diversão. Só que em vez de medo, era nostalgia que sentia. Era ótimo. Como viagens que nunca fez. O vento batia em seu rosto enquanto viajavam pelas nuvens.
Sempre quis aquilo. A quebra com seu mundo tedioso e comum. Voltar como um herói que já foi um dia.
Enquanto flutuavam, todos os sentimentos voltaram ao cruzar aquele infinito mundo. Uma lenda que bate no seu coração, talvez sua fantasia final. Qual fosse aquele mal, ele enfrentaria para ajudar o reino. Doutor louco maltratando animais ou um réptil inútil raptando princesas seria derrotado.
E após cruzarem os espectros do arco-íris eles podiam ver. Finalmente, eles enxergavam. Nem contaram as horas.
A selva tropical de Banana Kong. As antigas terras devastadas do dragão Almiel. Batalhas terríveis pelo Trono de Bacon, eram clara lá embaixo. A Pirâmide Redonda de Dart continuava inteira, mesmo não sendo uma pirâmide. Tudo isso fazendo fronteira com as Terras Inesquecíveis e Cair Longe.
Estavam finalmente sobre o Reino. A terra mágica de Elric. Que Murphy esteja com ele.