sexta-feira, 21 de março de 2014

(Parte 19) Capítulo Quatro: Inverno novamente




Eles cruzariam as fronteiras da Inglaterra logo se não fosse o ocorrido de antes. Quando estavam caminhando, conseguiam imaginar o que deveriam fazer em relação aos atuais acontecimentos.
Sabiam que Kalic Benton estava com interesse nos itens do Desalmado e do Cavaleiro de Platina. Mas agora, descobriram que ele tinha interesse em Lacktum e Halphy. Isso foi possível imaginar, desde o confronto na torre de Azerov. O quem Mallmor falou inicialmente, era que se Halphy ou Lacktum quisessem, poderiam sair sem nenhum dano. Halphy tinha suas teorias: Kalic Benton com certeza estava envolvido com tudo de mal que ocorreu com Lacktum. Isso incluía a morte de seus entes queridos, o sumiço de Lirah – noiva de Lacktum – e a destruição de Van Sirian. Ela já desconfiava do motivo de a quererem, mas preferia não comentar com o grupo.
A neve havia cessado com a tremenda força que estava nos últimos dias. Mas era difícil atravessar as terras inglesas. Menos da metade um mês, eles atravessaram o terreno e a fronteira estava próxima. Mesmo com tantos feridos pelo caminho.
Só havia um problema. Pelo menos para Lacktum: teriam que passar por um terreno que já foi conhecido dele. Foi notado que havia muitos caminhos para cruzar aquele terreno. Mas todos estavam sendo protegidos pelo exército inimigo. E então Lacktum, Halphy e Arctus decidiram que chegariam as Terras Altas por aquela região.
Enfim, a noite caiu como um manto, enquanto a neve ainda descia como plumas. Isso criava no mago uma nostalgia sombria. Ele se lembrava de ver o corpo de seu pai, mãe e irmã. O pai que enfrentou o inimigo de máscara. A mãe e a irmã que nunca fizeram nada a ninguém. E Lugarao’Céu... só viu a casa dela ardendo em chamas.
As lembranças foram esquecidas por alguns instantes. Era possível ver uma pequena vila não muito longe e um castelo, outrora majestoso.
-Meus amigos – falou o arcano – esse é o condado de Van Sirian. Minha terra natal e meu antigo lar.

Eles passavam pela vila, que lembrava a necrópole do Oriente em que encontraram Kalidor. A diferença é que mesmo com o silêncio mórbido da vila igual ao do lugar onde deixaram Federick, os corpos não estavam em sarcófagos e catacumbas. Estavam nas casas, nas portas, na estrada e no caminho do castelo. Todos jogados ao chão, alguns pareciam se abraçar em uma comovente cena. Alguns picados por corvos, outros devorados por animais do tamanho de cães. Havia até mesmo vermes em alguns devorando carcaças humanas. Crianças, velhos e animais. Homens ou mulheres. Não houve piedade no confronto que participaram. Logicamente, se passaram alguns anos desde que o confronto aconteceu, mas suas marcas deveriam permanecer naqueles que sobreviveram ao caos daquele dia. E até onde se sabia, Lacktum era único sobrevivente de Van Sirian. Bem assim como dos nobres daquela terra.
Gustavo e Arctus rezavam a cada instante em que permaneciam ali. Lacktum ordenou que nenhum corpo fosse tocado, pois temia ataques de mortos famintos naquele local.
Agora muitos entendiam de onde surgia a petulância do mago, a arrogância e -acima de tudo – a raiva dele. Qualquer um que tivesse um episódio como esse, durante sua juventude, poderia forjar seus sentimentos com puro ódio. E era algo que Lacktum, talvez, superasse.
Mas enquanto caminhavam, indo em direção ao castelo, ouviram o grito de Fiel. Ele havia o mandando a frente para saber o lugar era seguro. Quando desceu, o clérigo perguntou:
-O que foi esse grito de alerta?
-Vi luzes no castelo. Abandonado ele não esta.
Continuaram a andar.

O portão continuava destruído, assim como o arcano se lembrava das cenas do massacre. Com certeza, as aldeias ao redor, acreditavam que o lugar era mal assombrado. E não era para menos.
Além disso, graças à neve que caia, havia enormes montes de neve. Ela cobria as construções ao redor do castelo. Outras só certas partes. Mas a entrada do castelo estava livre.
Lacktum então pediu:
-Gustavo, nos mostre se o mal aqui reside.
Quando o paladino iria pressentir se havia mal no lugar algo aconteceu.
Uma luz surgiu da entrada do castelo. Lembrava uma lanterna, mas extremamente sombria e de tom azulado. Uma fumaça com uma aura diferente, quase divina. E era possível ouvir a canção dos condenados através dela.
Das sombras surgiu uma armadura de tom ébano, que se confundia com a noite. Era uma loriga segmentada. Com a mão direita, portava uma lanterna que era fonte da iluminação sinistra e com a esquerda segurava uma espada longa. Tinha uma capa de cor negra, que era presa por um broche de rosa negra. No elmo, havia uma enorme pluma de cor sombria.
Lacktum esperava encontrar Kalic Benton, mas ao notar corretamente, um mago não portaria uma armadura. E não parecia se tratar de um revenant solitário. Um verdadeiro cavaleiro com aura sinistra.
Ele parou a uma boa distância do grupo. Colocou a lanterna presa a cintura e fixou a espada no chão, cheio de gelo. Pousou as mãos sobre o cabo da arma.
-Caro Gustavo, não vai me apresentar seus colegas? Ou pretende matar eles também? – disse o homem de armadura.
Foi quando o paladino, mesmo sentindo muito frio, começou a suar frio. Aquela voz o atormentava no passado, com raiva, mas autoridade também. Uma voz que se aproximava do tom paterno. Alguém sumiu da vida do paladino, até agora.
-Diogo! – gritou um Gustavo completamente desnorteado, com o corpo tremendo.
-Quem é esse homem? – perguntou Halphy.
Foi quando o estranho de elmo falou:
-Eu me apresentarei. Meu nome é Diogo Fernandez, antigo mestre do estilo do Lobo Sacro. Atual mestre da Rosa das Trevas. Antigo servo de Kanglor, pois hoje sirvo a Hel. Mestre de nobres e príncipes. Meus últimos pupilos se chamavam Federick, Gustavo e Joseph. Três príncipes de terras distantes. E houve a morte de um deles pelas mãos dos outros. Minto por acaso Gustavo?
Todos olharam para o paladino com espanto. E este abaixou a cabeça. Seu silêncio mostrava que era verdade.

-Ora Gustavo, diga que é mentira! Que isso nunca aconteceu! Esse homem não fala a verdade! Não é?
Ele continuou com a cabeça baixa e olhos cerrados. Não queria admitir que um passado negro condenasse os irmãos Salles. O que faria? De repente Lacktum soltou sua língua ferina contra o homem de armadura negra.
-Eu não quero saber sobre isso. Temos um inimigo que possui uma réplica da Lanterna dos Condenados. Ou pensa que o fato de ter falado sobre isso, nubla a certeza de possuir esse item. E até onde sei, Gustavo demonstra mais honra que você. Um homem que muda de estilo de combate e deu? Há! Faça o favor de não insultar a minha mente. Quer saber alguém que não merece confiança aqui, esse alguém é você!
A armadura negra não se mexia. Mas dela surgiu mais uma vez a voz de Diogo.
-Muiti bem... Lacktum, eu suponho? Kalic Benton me falou muito sobre você. O que disse até agora faz jus ao seu intelecto.
-Muitas coisas ruins eu suponho – falou o arcano.
-Tem coisas boas? – cutucou a meio elfa
Foi quando Gustavo soltou um rompante de fúria contra o antigo mestre. Ele se lembrou dos ensinamentos de Diogo. Coisas que vinham do tempo que James Gawain criou o estilo do Lobo Sacro: um inimigo declarado é um inimigo; uma espada desembainhada tem como repouso ou a bainha de seu dono, ou o peito de seu inimigo; e se a espada não serve para matar, ela deve proteger aqueles que amam.
-Minha lâmina! Seu pescoço! – gritou exaltado o paladino.
-Muito bem meu pupilo – disse Diogo, sorrindo – Mostre as garras. Mas tenho que partir para tratar assuntos mais importantes...
De repente, Gustavo sacou a espada que portava. Ele correu com ela, curvando bastante seu corpo, com o escudo na frente. A espada, que estava toda voltada com a ponta para trás, seria um golpe circular certeiro. Seria certeiro, se tivesse acertado a espada.
Antes que chegasse a tocar o antigo mestre puxou a lanterna e proferiu:
-Que os espíritos surgidos no mal, me obedeçam prontamente. Aqueles que não enxergaram a luz me obedeçam imediatamente.
Foi quando Gustavo interrompeu a trajetória, devido a um tremor no lugar. Quando notaram, achavam que era um terremoto, mas não era forte o bastante. Então, foi que Lacktum conseguiu notar algo tão tolo que passou pela sua mente tão rápido. Uma das casas cobertas de neve não era uma casa.
-Mas o que?... – soltou Gustavo.
-Gustavo! Volta – gritou Lacktum.
Nesse instante, o paladino saltou para trás, com o intento de não ser esmagado pela neve.
A neve caia, enquanto o ser se erguia debaixo dela. Parecia que a criatura surgia de algum pesadelo. Era gigante. Do tamanho de uma torre.
-Um gigante? – perguntou Arctus aflit.
-Não existem gigantes na Inglaterra! Pelo menos a alguns século! – falou Lacktum, respondendo rapidamente.
-Então o que é aquilo? Um cachorro grande? – falou Thror.
-Talvez um revenant? – gritou Seton.
-Não! – falou Halphy irritada e puxando alguns dos membros do grupo para trás de uma construção – existem muitos revenants, mas nenhuma armadura cobriria um ser tão grande por completo! Essas coisas precisam ser cobertas por inteiro para se locomover, pelo que entendo.
-Maldição! – soltou Rufgar nervoso.
-Praga! – disse Alexander.
- O que foi? – disse Valente, prestes a partir para cima do inimigo, se não fosse Lacktum o segurar. Todos estavam atrás da construção agora.
-Esse cheiro que estou sentindo e pelas palavras daquele homem... Acho que se trata de um morto faminto!
-Praga – disse Thror.
-Praga nada! Arctus pode o expulsar! – falou aliviado Lacktum.
-Por isso! – respondeu tristonho o grego.
-Mor-mor-morto faminto? Ai... – Furta-Trufas caiu depois de falar isso. Halphy o pegou em seus braços.
A criatura parecia combinar um enorme tamanho com uma força descomunal, mas não era só isso que ele trazia de assustador. Era uma criatura como uma ossada com vida. Enormes pontos de luz avermelhada cintilavam em suas orbitas vazias. Um enorme esqueleto, que obedece a seu mestre maligno, como um boneco nas mãos de seu dono. Esses seres atacam até serem completamente destruídos ou eliminarem seus alvos. A monstruosidade era o esqueleto de um gigante, que saia da neve.

-Com certeza animaram o corpo de um gigante e o trouxeram até aqui – falou o arcano.
Estavam todos escondidos, com medo do ataque do monstro. Só que Halphy constatou:
-Eu acho que se trata de uma criatura grande demais para nos esconde dela.
-Acha mesmo? – perguntou temoroso Seton.
Foi quando sua mão, em forma de garra esquelética, despedaçou o telhado da construção. Alguns pedaços voaram na direção dos Dragões, mas nada que os ferisse. Furta Trufas, que parecia acordar, desfaleceu novamente.
-Deixem comigo! – falando isso, Gustavo se levantou com rapidez em direção ao monstro. Seu olho parecia cheio de raiva, O pior é que Diogo não estava mais ali. Ou seja, o alvo de sua fúria sumiu. Mas o mal permaneceu.
-Que a lâmina de Deus venha até mim. Pelo nome de Mikael, príncipe dos arcanjos, que o mal pereça na minha lâmina.
Nesse momento, a lâmina de Gustavo se encheu de uma aura brilhante e cintilante. Com o valor de seu coração, a arma percorreu o ar até acertar a perna do esqueleto. Aparentemente, afetou demais o oponente sinistro. Isso era claro, pelo grito sinistro que o esqueleto. Lembrava o uivo de um lobo, com extrema tristeza.
Com isso, Arctus pegou seu crucifixo e a levantou contra o ser das trevas. E como um poderoso homem, exclamou:
-By the name of God and Metatron, the prince of the seraphim. Through this names that bring truth, release this site from all evil. Amen
Uma aura de grande bondade e poder surgiu ao redor de Arctus. A paz que irradiava, criava uma redoma de força que se dispersou e deveria destruir o monstro, mas não o fez.
Os poderes de alguns sacerdotes com fé verdadeira conseguiam operar milagres. Entre um desses um desses milagres, estava algo chamado exorcismo. O dom de afetar entidades malignas como gênios, demônios ou até mesmo anjos das trevas. Mas algumas vezes, esse dom é usado para manter espíritos que não alcançaram a luz até o Além[1]. Normalmente, quando isso ocorre, os espíritos inquietos se enfurecem. E a enorme ossada não era exceção.
Ela se debatia como se estivesse em pura fúria. O crânio girava muito rapidamente como um mangual pesado erguido em combate. E o monstro já tinha decidido quem destruir.
Foi quando Gustavo pulou na frente do golpe que seria feito contra Arctus. O pobre paladino bateu contra uma parede. No mesmo momento desmaiou.
-Gustavo! – gritou em desespero Thror.
O céu anunciava uma tempestade. Mas a verdadeira destruição ocorria no chão. Pequenas construções que restavam, eram demolidas pelo simples encostar do monstro na madeira. Aquilo fazia Lacktum temer. De repente se lembrou de dois anos atrás. Não sabia o motivo, mas algo naquilo tudo fez lembrar-se do massacre de tudo que amava. Ele ficou estático de medo. Não conseguiu enfrentar os próprios temores. E a meio elfa notou isso.
-Lacktum! – batia e falava a ladina feiticeira – Nós precisamos de você aqui.
Será que tudo iria acontecer novamente? As únicas pessoas importantes de sua vida sumiram naquele lugar. Ele se sentia medo, pois novamente era inverno.
-Maldições de Odin! – disse o transtornado arcano – Esse lugar é uma maldição de algum gigante ou força das trevas! Só isso explicaria tantos problemas! Por Asgard!
-Estou achando que ele esta dominado pela lua – disse em tom baixo o druida.
-Quieto Seton! – pediu Halphy.
Arctus levantou o companheiro caído. O golpe foi terrível, mas não havia tempo para aplacar a dor. Quando notou, estava atrás de uma construção. Mesmo não estando vivo, a ossada gigante parecia soltar um hálito congelante. Isso cobria todo o local ao redor dos dois, deixando o clérigo com mais medo do que frio.
-Arctus! – gritou a ladina, antes de tentar voltar a tirar o mago daquele estado – Vamos Lacktum, se continuar assim, Arctus e Gustavo vão perecer diante de morto faminto!
-Esse lugar é amaldiçoado. Só existe essa explicação! – Lacktum enlouquecia cada vez mais.
Halphy tinha que fazer algo em relação ao arcano. Então, se lembrou do nome de alguém que poderia o retirar daquele estado.
-Pense em Lirah! O que acha que ela pensaria disso? De sua atitude agora?
Isso deveria fazer o ruivo reagir, mas nem isso foi suficiente. Foi quando uma idéia passou pela mente da ladina. Se ele não foi comovido pelo nome da mulher amada, talvez se revoltasse com a memória do inimigo.
-Olhe aqui, seu mago egocêntrico e manhoso – disse ela com ares de razão – se não em ajudar Kalic Benton irá vencer! Eu não sei o motivo de me querer viva, mas eu sei o querer você: ele quer te atormentar! Quer acabar com cada fração de razão que você tem! Quer deixar que ele vença? – falava isso enquanto puxava, com força, a camisa do mago – Que perder tudo? E quando digo tudo, falo dos Dragões da Justiça! Nós estamos juntos desde Starten! Se não somo companheiros somos o que?
Lacktum levantou seus olhos. Eles continham a raiva de antes, o mesmo fogo de ódio. Halphy soube atiçar o jovem mago.
Ele então levantou com certeza de que só um Van Kristen teria.
-Após o inverno, vem a bonança! Thror se prepare para a luta! Tenho um plano.
-Certo! – respondeu o grego.

-Halphy! Você, Alexander e Fiel, chamem a atenção daquela coisa!
-Ah que maravilha! – disse a ladina com tom de reprovação – Nós somos a isca!
Nesse instante, Halphy e os dois animais, correram em direção ao monstro. A criatura parou seus ataques ao sacerdote para matar seus novos alvos.
-Thror se prepare para magia – falou Lacktum para o grego.
-Como? – se espantou Thror.
-Arctus! Venha aqui! Seton você também. Se aproxime.
O padre ouviu o grito da direção dos colegas, deixando Gustavo em segurança antes. Colocou o paladino próximo de um estábulo. Em seguida foi até os companheiros. Lacktum, quando notou todos ao seu redor, falou seu plano.
-Vamos preencher Thror com poder suficiente para destruir este ser – falou ele com certeza do que falava – Acho que Gustavo já o feriu bastante, mas acredito que minha magia não vai afetar o monstro. Nem a de ninguém.
-Mas por qual motivo não preenche a mim, então? – reclamou o druida.
-Você é guerreiro?
-Não.
-Ai esta sua explicação.
-Praga!
-Mesmo que fosse notou o que tem na ponta da corda que segura?
Ele olhou para a corda e notou o que havia na outra ponta: o desarmado Rufgar.  Novamente, Seton se decepcionou.
-Praga novamente!
-Preparem as magias – disse o padre Arctus.
-That rage ignite both this warrior, that his rage fill his blade against the enemy.             
Agora é sua vez druida
-Eich arf bydd un diwrnod yn dod mor beryglus â'r hud sy'n treiddio y byd hwn.
É com você Arctus
-Dio guidare la vostra lama. Essere letale come la spada di Gabriel.
Agora vá Thror. Vá e faça o melhor que puder!
-Podem deixar comigo! – disse o grego em resposta.
Os músculos de Thror aumentaram de modo particularmente rápido. Literalmente, pura mágica. Sua espada possuía também duas auras: uma que irradiava energia cintilante e dourada, já a outra, possuía cor branca. Era como se Thror tivesse crescido tanto em alma como em corpo. O grego mostrou que a magia o permeava.
Ele correu na direção da torre. Arctus e Seton estranharam a ação, mas Lacktum os acalmou. Já imaginava o que Thror faria.
O grego subiu a escadaria. Em ritmo frenético passou, sem ver um quarto sequer, por toda a extensão da torre. Chegando lá, viu a janela, e então soltou dela.
Enquanto o monstro terrível atacava a jovem Halphy e os animais, muitos notaram o salto louco que Thror fez como um demônio saído do Inferno. Suas pernas procuravam um lugar seguro, enquanto o corpo percorria o ar. Então, a corrida aérea teve fim.
A lâmina cheia de mana despedaçou parte da mandíbula da enorme cria da necromância. Ela quebrou como se fosse feito de material muito pobre. Mas todos sabiam que isso se devia a magia.
Novamente, a criatura expeliu um grito. Parecia mais um rugido de uma fera ferida, agora. Com o golpe caiu, quase esmagando alguns dos membros dos Dragões da Justiça. Um pedaço de madeira acertou Arctus, quando o monstro caiu sobre ela, atingindo o padre na cabeça.
-Arctus! – gritou o druida.
-Concentre-se! The sound travels through the air and becomes a weapon. This all with the slightest movement of my hands.
Nesse instante, das mãos de Lacktum que se bateram, surgia um vórtice sonoro que incomodava todos. Não afetou de vez a ossada, mas foi o suficiente para o druida usar uma magia.
Ele tocou o gelo, enquanto recitava:
-Mae'r rhew o'n cwmpas yn dod yn y carchar!
Foi quando a neve de baixo da ossada começou a cristalizar. Ela ficava ao redor da perna do esqueleto, o impedindo de andar. O rugido que ele soltava ficava cada vez maior. Parecia um enorme leão com a bata ferida por um caçador.
Enquanto isso, Thror ficava no chão, caído como um morto. Mas só estava cansado.
-Levanta careca! – gritou Halphy desesperada.
-Esta bem – soltou Thror inconformado – Mas eu quero descansar!
Thror levantou com o escudo acima da cabeça e abaixou a espada. A ponta da arma ficava na direção do chão. Flexionou o joelho, de modo que o bote fosse perfeito. Naquele momento, como poucas vezes acontecia, seu ar caricato sumia. Com a batalha, Thror parecia ser outra pessoa, possuído por um espírito bélico. E então, em disparada feito um relâmpago, a espada curta fez um novo golpe na perna do monstro.
A pena já havia sido congelada o que facilitava mais o golpe. A enorme criatura caia depois do corte perfeito de Thror.
Mas antes que tombasse por completo, o grego acertou o que seria perto dela em um grande ato de força.
-Γιατί Άρης!
No fim, o morto faminto de ossos se espatifou, trazendo silêncio repentino. A aura de morte parecia permear todo o lugar mesmo com a ossada em pedaços na frente deles. Na verdade, isso criou um clima mais sinistro ainda, ao lugar.

Quando tudo acabou, Lacktum notou uma luz bem ao longe, na direção das fronteiras.
Ele então pegou algumas tiras de couro e dois objetos sólidos e transparentes. Colocou junto das tiras os objetos de modo que o maior ficava na frente do menor.
-O que é isso? – perguntou Arctus, enquanto subia no estábulo junto com o mago.
- Uma luneta – respondeu – Eu comprei de um oriental de uma de nossas aventuras. Conseguimos ver ao longe com ela.
-É bruxaria?
Lacktum tirou a visão do item e olhou com raiva para o padre.
-Você anda com uma maga, uma meio elfa, um druida e ainda fala sobre bruxaria? O nosso problema mesmo é o que estou vendo. Pegue isso olhe.
Arctus, desconfiado e desajeitado, olhou através do item.
Ele viu Diogo em cima de um cavalo marrom, com pelagem bem cuidada. Havia tirado o elmo negro e mostrava sua face. Estava em carne viva, como um cadáver que morre esfolado. Seus dentes a mostra, pareciam presas e seus cabelos mal concediam uma aparência humana a ele. O que era mais claro mesmo era o brilho da Lanterna dos Condenados falsa que portava consigo.
Quando o padre terminou de ver a cena, o cavaleiro entrou na floresta.
Lacktum então falou:
-Vamos. Temos que cuidar dos feridos.




[1] Além, nesse caso, quer disser o mundo pós-vida, após a vida terrena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário