quinta-feira, 30 de agosto de 2012

(Parte 1) Capítulo Um: O Céu é uma mentira




Até onde sabemos sobre a humanidade, teríamos surgido há aproximadamente 2,5 milhões de anos.  E existem dois períodos distintos no surgimento da mesma: o Paleolítico e o Neolítico. Isso se deve ao fato de boa parte de nosso período de existência se resumir a essas duas fases distintas. Esses períodos são cercados de um grande mistério, pois não possuíam registro, sendo que uma das primeiras formas de expressões seriam as pinturas rupestres seriam as imagens encontradas em sítios arqueológicos.
Esses dados são o que qualquer historiador dirá a você. Mas isso é a verdade?
Tantas culturas de diferentes origens citam suas próprias gêneses de formas diferentes. A crença católica é a que a mais possui referências históricas, pois vivemos numa sociedade formada por essa fé. Os povos de origem asgardiana, céltica, olímpica, entre outros, tem seus nascimentos citados como um ato divino. Mas é só isso? Somente isso? E como pode ser isso?
Deuses com formas humanas ou semi-humanas moviam, destruíam e até moldavam o mundo a seu bel prazer. Aproveitavam de todos os homens, tratando a nós como escravos, ou no máximo, divertimento. As mulheres eram abusadas ou enganadas em troca de favores da carne e mesmo contra a sua vontade, tinham que ceder a isso. Nem mesmo as crianças eram poupadas das maliciosas mentes das entidades que as tomavam de seus pais se possuíssem interesse, por qualquer motivo que seja.
Mas somente um entre todos, só pediu o necessário. O único que sacrificou seu bem maior acima de tudo! Ele que em mais de uma cultura foi, e é chamado, por Senhor. Essa história trata sobre isso: sacrifícios e destinos.
Essa história não trará nenhum nome conhecido das lendas e dos mitos, a não ser quando este participarem da história. Ela poderá citar nomes como de: Arthur Pendragon, o rei celta e católico; Leônidas, o rei que valeu por um exército e que tinha um exército que valia por mil; e até mesmo Júlio Cesar, o homem que tocou o título de Imperador, mas nunca, obteve êxito, mas eles não são o foco dessa história.
História sim. Não um conto de fadas, pois nada nessa história esta livre de um triste fim. Muito menos um conto de terror, pois apesar das forças malignas operantes sempre existem aqueles que mantêm a ordem. Quanto mais um mito ou lenda, pois nada aqui foi criado. No máximo uma fábula já que os personagens têm uma função alegórica, trazendo uma moral: mesmo que você não olhe por alguém, podem estar olhando você.
Minha função é mostrar o que olhos que existiram naquele período, olhos mortais, viram e presenciaram. Desde o mero encontro com uma pequena fada, até o confronto contra dragões e demônios. E, acreditem esse foi o menor dos problemas

Quantos homens erguerão suas armas contra o mal? Mas o que é o mal? Nocivo? Mal? Tudo o que se opõe a honra? Mas então o que é honra? Mesmo que víssemos plenamente a palavra mal, seria um termo difícil definir. E então o que fazer para explicar ela? Vou entregar ao leitor a minha idéia sobre o mal. O mal é tudo aquilo que se opõem ao nosso destino. Ás vezes, nós esquivamos dele guiando nosso destino. Em outras nos entregamos a ele, deixando nosso futuro ser dominado. Mas existem, aqueles que erguem a lamina da vontade contra os obstáculos criados pelo mal.
Houve uma terra que tinha como marca maior, em sua história, a morte do filho Dele, que Ele sacrificou em nome dos nossos pecados. Essa cidade chama-se Jerusalém.
Quando o Império Romano do Ocidente caiu, deixou uma marca que atingiu boa parte dos países que ele tocou com um tornado: o cristianismo. As religiões, assim como as tradições de vários povos, foram modificadas em nome da nova religião. E todos aprenderam o que eram os dogmas e sacramentos.
Mas o homem traz consigo sempre a vontade de obter mais. De conquistar mais.
Após o ano mil, Jerusalém era o centro do mundo religioso de várias culturas. Religiões, que tiveram origem no Oriente Médio, foram postas em confronto direto. Os árabes islâmicos queriam a Cidade Santa, pois de lá, Maomé teria subido aos céus, já os judeus que lá se encontravam, tinham diversos lugares sagrados e os cristãos reverenciavam a cidade por ser um dos últimos locais em que Jesus Cristo esteve vivo. Mas por questões acima dos religiosos – é o que afirmavam os líderes das facções – os povos se enfrentavam em batalha sangrenta.
Existem ainda os fatores demográficos e de remissão: graças ao aumento da população desde o começo do ano mil, os católicos necessitavam retirar esse excesso de suas terras. Para isso, o Papa Urbano II dizia que os homens que entrassem para a guerra contra os infiéis, teriam seus pecados perdoados. Os cavaleiros chamados pelo papa para tal embate usavam - em nome de sua fé - uma cruz bordada em suas vestes por cima da armadura. Eram então chamados de cruzados, guerreiros e símbolos do cristianismo no Oriente. Eles iniciaram as Cruzadas, um dos conflitos, no período da Idade Média, mais extensos e sangrentos da história da humanidade.

Entre os séculos, XI e XIII, a Santa Sé promoveu as Cruzadas, que poderiam ser traduzidas como expedições militares, mesmo sendo tratadas pela maioria, como modo de evangelizar os infiéis.
Existiram diversas Cruzadas, mas quase todas culminaram na derrota cristã e perdas de vidas de ambos os lados. Mas ao final da Primeira Cruzada os nobres voltaram para suas terras, com exceção, os que ficaram estabelecidos em regiões conquistadas e as transformariam nos quatros Estados cristãos. Seriam eles, o Condado de Edessa, o Principado de Antioquia, o Condado de Tripoli e o Reino de Jerusalém.
Foi em 1144 que ocorreu o impossível, pois o Condado de Edessa foi capturado pelo exército muçulmano. Com isso os turcos puderam reagrupar seus homens, e enfim a longa fronteira dos três Estados cristãos restantes. Estava para começar a Segunda Cruzada.
Graças aos pedidos dos Estados cristãos os embaixadores enviados a Roma tiveram resposta positiva em relação a ajuda contra os turcos. O Papa Eugênio III – encarregou o clérigo Bernard de Clarvaux, um erudito e conhecido homem de propagar entre os cristãos sobre a nova Cruzada. Com isso o rei Luís VII da França e o imperador Conrado III do Sacro Império Romano, entraram de vez nessa jornada em 1147.
Isso fez com que boa parte dos exércitos de ambos os territórios, se deslocassem, acompanhando seus reis. O que fez com que seus territórios ficassem um tanto quanto desprotegidos.
Nessa época - em que alguns poucos erguiam suas armas contra aqueles que achavam injustos - homens e uma mulher que se dirigiam a Starten, na França, teriam que usar estes itens se ainda quisessem continuar nesse plano de existência.

Esses textos foram traduzidos de escritos antigos que estavam na língua antiga dos elfos. O sidhe. Essa língua teria surgido no começo dos tempos em que até os esses seres eram jovens demais para se lembrar.
Elas relatam sobre acontecimentos que ocorreram no Reino da França, no ano de 1147 em uma estação de primavera. Cada um dos jovens personagens caminhava em direção ao vilarejo.
Richard Naara estava indo ao vilarejo de Starten, pois, o que as vozes das cidades próximas diziam sobre o lugar é que a cidade teve problema com a profanação de corpos. Mas Richard sabia que tal como seu nome era a única coisa que tinha a profanação de corpos não era o problema verdadeiro. Os mortos voltaram a andar. Sabia muito pouco sobre o assunto, mas tentaria ajudar.
O jovem elfo cobria sua cabeça com um manto bem pesado com a finalidade de cobrir sua herança élfica. Usava uma roupa leve com luvas pesadas contrastando com suas vestimentas. O cabelo, mesmo pela cobertura na roupa, saltava para fora. Sorte que suas orelhas pontudas não faziam o mesmo. Enquanto caminhava na direção o lugar, arrumava o azevinho e o visco, itens típicos de um druida. Mas ele necessitava não só deles, mas confiar em suas próprias habilidades herdadas de sua mãe. De quem tanto sentia saudade.
Diferente dele, também partia Halphy – que como Richard descendia de uma família sidhe – mas não estava lá por motivos nobres. Não aos olhos humanos ao menos.
Os dois homens, Hugo e Lacktum, trilham caminhos paralelos, porém por meios e motivos diferentes. Enquanto Hugo Capeto ainda não sabia se entregaria sua mente às trevas do seu coração, as de Lacktum o traziam a Starten por memórias que torturavam demais. Mas ele sabia que não havia mais salvação para si.
Mas iniciemos essas narrativas por um guerreiro.
Thror, grego e um guerreiro excepcional. Seu passado era tão obscuro quando a perícia inerente de armas que tinha. Tanto para vender, quanto para usar. Cerca de três dias do litoral de distância, Thror caminhou sem rumo até a cidade por pura confiança no destino. Levando consigo uma espada, uma armadura e alguns bons equipamentos, nada mais. Estranhamente, ele achava que a armadura o impedia de movimentos mais acrobáticos. Os poucos que o conheceram em combate, o achavam estranho.
Mas estranho mesmo era a marca em sua cabeça. Qualquer um que o examinasse, acharia que uma marca como aquela poderia matar um homem comum. Porém, mesmo assim, Thror Tzorv continuava vivo. O mesmo golpe nos homens, em campo de batalha, matava qualquer um, mas o homem da cicatriz se vangloriava da marca. Mesmo não sabendo de onde ela vinha.
Porém a visão de Thror começou a embaçar, nublando seus pensamentos e fazendo sua mente vagar para sua terra natal. Ele notava flores que só surgiam nas colinas gregas, eram chamadas de narciso. Até mesmo as colunas da casa que surgia a sua frente, parecia nova. Não as ruínas que ele abandonou á um pouco mais de um ano. Mesmo assim, sua visão que se concentrava numa colina grega que Thror não se lembrava, voltou a um morro que descia para Starten na França.
Essa visão de um passado que não conhecia, o assombrava enquanto descia o morro e atravessava a ponte de madeira em direção a Starten.

Starten ficava a quatro dias do litoral da França. Protegida por pequenas montanhas, que diziam estar povoadas por monstros, só possuía mais uma via de acesso por uma pequena ponte de madeira improvisada, feita de eucalipto. Ao sul havia florestas que se tornavam intransponíveis, enquanto ao norte havia o cemitério.
Esse caminho era usado e respeitado três meses atrás. Porém com o caso das gêmeas DuBoi, as histórias sobre estas duas garotas explicariam o motivo da população local não atravessar aquele solo de repouso eterno.
Lacktum com seus cabelos vermelhos, seu grimório entre seus pertences na mochila e sua pele de urso como veste, presa num cinto de couro, olhava para uma cruza manchada de sangue no centro da cidade. Ele olhava com uma intenção curiosa, diferente dos outros homens que fitavam o símbolo com medo. O sangue ainda marcava o local, como uma amostra profana do que acontecerá antes.
O ferreiro se aproximava para falar com o estrangeiro, estranhando seus olhos curiosos de inglês. Já Lacktum percebeu quando se aproximou dele, um homem sujo pela ferrugem de uma forja.
- O que faz aqui – começou o forjador – homem do extremo norte da ilha das brumas?
- Vim pelos rumores – disse contrariado Lacktum – de morte e outras coisas que surgem nas terras do rei Luis VII.
Ignorando o que Lacktum falava, o ferreiro continuou apontando para as marcas de sangue e explicando o ocorrido.
- Á um pouco menos de três meses – disse o ferreiro, como se trouxesse lembranças de algo amargo – duas garotas de oito verões foram raptadas na cidade. Dois ou três dias depois quando perdemos as esperanças que as encontrássemos as vimos, vindo do norte. Do cemitério. Nuas. Caminhavam com dificuldade, era o que achávamos. Na verdade, quando se aproximavam vimos uma mancha vermelha. Pensamos que era sangue. Mas elas não possuíam mais sangue, nem tão pouco órgão, elas estavam mortas!
- São coisas terríveis – disse sem alterar o humor - Mas como sabiam que foram raptadas?
- A casa delas tinha sido destruída. Os pais mortos por alguma coisa. Ainda bem! Foram poupados de ver uma cena de afeto profano na frente da santa cruz. As garotas devoraram crianças, ali mesmo, que brincavam antes.
Lacktum então começou a andar e olhou de canto de olho para o ferreiro, cruzando a cruz e seguindo até a igreja.
- Inglês, – disse o ferreiro – se dirige a igreja com a finalidade de se intrometer nesse problema, não é? Mas não parece querer saber sobre o ocorrido. Vem a essas terras então por qual motivo?
O mago Lacktum olhou sarcástico. Ele fitava a face do ferreiro, medindo as palavras, lógico.
- Nas terras, onde mortos estão vivos, soube que o corpo de alguém que amei, estaria aqui. E temi por sua integridade... Ferreiro inglês.
Disse isso, andando novamente até a igreja. O ferreiro soltou um pequeno, mas sarcástico sorriso.

Ele se aproximava com o manto cobrindo o rosto e o corpo. E não era sem motivo. Richard nunca seria visto com bons olhos.
Seu sangue puro entre os sidhes o tornaria alvo dos clérigos fervorosos da igreja daquelas terras. Um devoto dos deuses faéricos nunca teria paz nas mãos sacerdote. Quem dirá os dois!? Entrava na igreja com grande temor, acreditando que alguém poderia o descobrir.
Já Hugo fazia o mesmo, sem pensar em nada que o preocupasse. Mas se alguém descobrisse sobre seus dons arcanos, ele seria caçado de qualquer modo. Porém isso não intimidava nem um pouco.
Para completar o grupo que seguia até a igreja, Thror entrava com sua arma e armadura do modo mais discreto possível. O que se tornava difícil, mesmo com equipamentos mais simplórios.
Todos sabiam que o padre Jean estava desesperado procurando mercenários. Isso, afim de, obter um resultado contra os mortos que deixavam seus sepulcros. Afinal, o pequeno templo católico de Starten tinha somente a proteção de Deus e de Owen, um ex-soldado que desertou do exercito do rei francês. O padre mandou mensageiros ao alto clero que não respondeu, ou quando o fez, ironizou suas mensagens loucas sobre mortos famintos.
Ele, o padre olhou as figuras que estavam na igreja com admiração e espanto: o mago Lacktum mantinha seu olhar sarcástico, porém sereno em direção ao sacerdote enquanto sentava no banco da frente na sé; Richard ficava longe da luz, afim de não ser visível seus traços de sidhe ao padre; Já Hugo olhava as luvas amarradas aos braços, com tiras de couro, com desenhos rúnicos, que portava. Ele cobria o rosto com o manto e com as mãos estendidas pelo banco; por ultimo, Thror se mantinha de pé fitando o padre com seriedade, mas respeito.
As vestes marrons, sujas com o trabalho balançavam, enquanto começava a falar com seus olhos jovens verdes. Mesmo com só pequenos tufos de cabelo ao lado de sua cabeça demonstrava jovialidade e beleza que normalmente não se via em alguém do clero.
-Obrigado por comparecerem – disse o sacerdote – Acho que sabem dos nossos problemas nos últimos meses?
Lacktum levanta, tomando a frente no assunto.
-Ora clérigo, - disse o arcano apressado – fale logo sobre os mortos-vivos que rondam a cidade. Que seus fiéis comentam até com estrangeiros.
O padre se espantou, mas não deixou transparecer em seu rosto.
-Não há como negar isso a você meu jovem.
-Fiquei sabendo disso – falou Lacktum cruzando os braços – com o ferreiro local, eu acho.
-Ah Gor! Ele se preocupa muito com o que ocorre aqui, apesar – disse o padre alterando o tom de voz – de não ser daqui. Mas mesmo assim, ajuda na proteção da cidade como uma sentinela muito prestativa e atenta. Já deve que se confrontar com estes seres, mas nada que meu caro amigo Owen, saberia lidar.
Surgia por de trás de um pilar, um homem loiro vestindo uma brunea. De sua cintura, surgia um mangual pesado, que ficava batendo em sua cintura. Ainda no cinto, havia um desenho de uma cruz no centro.
- Ele também auxilia nos combates? – disse o grego Thror, olhando as ótimas armas e a armadura de Owen.
- Sim, mas – disse o guerreiro Owen – se concentrem no que fala vossa clemência.
- Tudo bem, continue.
O padre tomou fôlego, para o fim de pronunciar as palavras certas. Olhou como se soubesse que os homens ali entenderiam suas palavras. Ou assim esperava.
- Nesses últimos tempos... Precisei queimar os corpos dos fiéis que morreram, como os pagãos fazem, pois os mortos do cemitério se levantam e nos atacam! Muitos dos fiéis, hoje na vila, encararam pais e mães, irmãos e irmãs, tios e tias, e toda sorte de ancestrais que deveriam estar inertes em seus sepulcros. Começou com o caso das gêmeas e foi progredindo. Vez sim, vez não, essas criaturas mortas nos atacam e levam ao menos um membro da vila
A voz do sacerdote ficava cada vez mais aflita.
- Mandei um pedido de ajuda a alguns vilarejos próximos, mas sem contar os estranhos fatos aqui relatados. Afinal, quem acreditaria? Nem a Santa Sé acreditou nisso. Quem dirá o povo das terras humildes, e sem rei, da França? Por isso peço encarecidamente que ajudem Starten nesse tempo de crise.
Os homens sentiram um grande sinal de temor do padre, como se ele temesse que não aceitassem a missão. Como se ele temesse pela cidade, por algo pior.
Hugo, Thror e Richard olharam, como certos de suas respostas. O mago Lacktum se demorou a mostrar alguma reação. Por fim responderam. Thror começou.
- Se é assim, - disse um careca Thror sorridente – vamos acabar com essa crise. Não é mesmo encapuzado?
- Meu nome – disse o sidhe contrariado – é Richard, homem das terras das polis. Sou da terra onde surgiram as fadas. E mortos famintos não me assustam.
- E você rapaz? – disse o grego olhando na outra direção.
O italiano Hugo Capeto olha com uma vontade única, pensando em como isso poderá ser interessante.
- Eu aceito, eco – disse o italiano com olhos quase reptilianos... Quase dracônicos.
Quando Thror se dirigia para Lacktum, este se adiantou e falou com ele, como adivinhando.
- Não se preocupe grego. Eu também irei ao cemitério.
- Juro por Deus, - disse o padre Jean com um olhar esperançoso – que irei lhes compensar de algum modo. Seja aqui, ou no outro mundo.
- Muito obrigado – disse Richard, rindo com a ironia sobre outro mundo.
Owen foi a algumas aldeias próximas a Starten, onde mantinham quadros de anúncios. Eles serviam para diversas funções: quando necessitavam de fazendeiros; mão de obra para alguns assuntos artísticos; e soldados, a para a já debilitada milícia francesa. Algumas vezes, continham quadros de recompensas por um bandido ou animal feroz. Mas como Starten não era muito famosa, quase sempre, o lugar era mais conhecido por dar acesso ao litoral, o que não rendia serviços muito diversificados.
Os homens começavam a sair quando ao longe, da direção do cemitério, ouviram o som de um trovão, num dia sem nuvens de chuva. E os ouvidos mais atentos podiam notar que havia outro, som como o grito de uma garota.

A jovem Halphy era uma garota, inteligente e seus talentos na arte do roubo e malícia ressaltavam essas características para si. Mas ela nunca foi muito desse tipo de atitude soturna ou ladina quanto mais jovem... Não muito.
Ela seguia aquele homem desde que entrou nos limites da cidade de Starten. Estranho, mesmo com seu tom nobre, aquele homem surgindo com arma e armadura pomposas, em terras francesas. Suas vestes negras contrastavam com a armadura vermelha que vestia e os cabelos negros mostravam que não era daquelas terras.
Já Halphy era uma pessoa única: era de sangue sidhe[1] como os arcanos chamam, meio elfo para os humanos e fealith[2] para os elfos. Continha pouco dos traços sidhe, mas o bastante para um arcano a reconhecer. Mesmo assim, ela cobria suas orelhas com seus grandes cabelos com a finalidade de não descobrirem sua identidade élfica.
Mas o estranho sombrio continuava o caminho até o cemitério, ignorando Halphy completamente, mas isso não era algo que ela queria – a não ser que isso fosse extremamente desejado para seu serviço – naquele momento. Ela acabou de chegar a Starten, quando o viu surgir praticamente do nada. Ele não surgiu da mata, como se fugisse de algum lugar, mas se mantinha com suas feições impassíveis, ignorando completamente Halphy. E isso não era possível. Já que ela não queria ser ignorada!
-Que maldito, - resmungou baixo Halphy – ele não sente dó dos meus pés? Bem não deveria mesmo ter que se preocupar comigo, afinal ele nem repara que eu estou aqui. E afinal... Estou falando sozinha? Bem de qualquer modo ele pode ser um alvo em potencial de roubo.
A curiosidade da jovem falava bem alto. Afinal, quem poderia ignorar a talentosa e superior, Halphy. Existiam momentos em que Halphy quase sempre se via como uma garota comum cheia de vontades típica de uma moça de sua idade. Como essa curiosidade que lhe surgiu devido ao fato de ter sido ignorada pelo estranho. Mas havia outros em que lhe deixava aflorar seu ar de superioridade devido a sua inteligência e seu parentesco élfico. Nada como ser um símbolo de superioridade, pensava ela.
Foi então que algo de muito estranho ocorreu. Ela conseguiu ouvir do estranho o seguinte:
-Ele parece que não esta aqui. Sua aura esta extremamente fraca. Posso a sentir. Não tem como o distinguir dos outros.
Nesse momento, que parecia já criar uma grande confusão na mente da jovem Halphy, se tornou melhor com o movimento rápido e bizarro da cabeça do estranho girando em para trás. Literalmente girando para trás.
-Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! – soltou Halphy olhando para o ser que acabará de se mostrar um verdadeiro monstro.

Enquanto todos conversavam na igreja foi possível ouvir um som estridente ao qual, alguns já sabiam o que era.
-Parece ser a voz de uma jovem – soltou Hugo.
Então Thror levantou sua arma como um símbolo sagrado de um clérigo e começou a correr para fora do templo.
-Por Ares! Uma luta! Há quanto tempo não consigo uma boa luta!
-Espere homem! – gritou em vão Richard – O tolo vai para o suicídio se for até lá só sem saber o que enfrentará.
-Então não é nosso dever ajudar um companheiro meu caro elfo? – soltou baixo o feiticeiro.
-Mas como...
-Ora meu rapaz... Há poucas coisas que um feiticeiro não consiga reparar. Atendo pelo nome de Hugo, Hugo Capeto. Qual seria o seu?
-Bem... - disse constrangido o elfo encapuzado – meu nome é Richard Naara.
-Richard mesmo? Para um elfo? Nomes estranhos que os seres faéricos conseguem nesses tempos sem reis... Mas também quem diria um feiticeiro ajudando um padre a eliminar um mal necromântico, não é?
-No caminho te conto. Vamos!
Nesse momento Hugo puxou seu novo conhecido Richard para fora da igreja enquanto sobrava só um dos membros daquela reunião feita as pressas. O padre olhou para ele como se quisesse dizer que não poderia se ausentar daquele lugar. Lacktum nunca gostou da fé do Deus Cristo, mas entendeu os motivos do padre. Havia outros que precisavam de uma proteção acima da comum. Ele acenou de forma respeitosa, mas com uma dose de sarcasmo e começou a correr.
Nesse mesmo momento um sorriso saltou da face do jovem padre Jean.  E ele possuía grande malícia.

Todos correram em direção ao cemitério. Havia grande apreensão em alguns daqueles homens com exceção de Lacktum. Ele olhava o lugar ao seu redor e percebendo o mundo que o cercava. A floresta ficava atrás do cemitério o que concedia ao lugar um ar fúnebre. As arvores, todas, convergiam para uma clareira que era o ponto principal do cemitério. Elas pareciam se tornar o limite do lugar de repouso dos mortos. Era possível ser notado pelo maior dos mausoléus que ficava quase no limite da localidade. Era belo, mas emanava uma aura que pessoas, como Richard, detestavam. Eles chamavam de A Canção dos Condenados. Quando uma grande aura de força necromântica, de forma natural ou sobrenatural, se aglomera numa região, quase sempre cria sons que são entendidos como pequenas brisas, ventos e até tufões que muitos acreditam ser naturais. Mas a verdade é que são as vozes dos mortos usando a natureza para falar o que todos sabem: que a morte é terrível, mas existem coisas piores.
Quando todos chegaram, viram uma moça caída ao chão com uma grande expressão de medo começou a olhar para eles enquanto balbuciava palavras.
-Ca... Ca... A... Ca... Ele... Vi... Rar... Ca...
Foi nesse momento que Thror fiz uma brilhante pergunta:
-Careca?
-Ela não esta se referindo a você grego – disse Lacktum rápida e asperamente.
-Bem – quis responder o guerreiro – poderia ser... Não é?
Hugo e Richard se calaram diante da ponderação de Thror. Mal o conheciam, mas reparavam que ele tinha menos intelecto que um roedor. Guerreiro não eram sábios, porém, nunca tão estúpidos. Mesmo assim o jovem mago inglês ressaltou:
-Só se ela estivesse com medo, dessa sua cara feia grego. E com essa marca na cabeça ainda por cima...
-Eu queria dizer – falou a jovem, se refazendo do susto – que eu vi uma cabeça girando.
-Ah! – disse o brilhante guerreiro – É normal quando vemos uma cabeça sendo decepada.
Todos olharam com tanta raiva para o grego, que Richard precisou segurar o feiticeiro para não lhe esbofetear. Seria cômico, não fosse pela situação de todos se encontrarem na frente de um cemitério.
A jovem se levantou arrumando seus cabelos castanhos enquanto olhava aquele bando de homens estranhos e esquisitos. Não que todo homem não fosse assim, mas aqueles eram realmente assustadores, se não fosse pela mente perspicaz da meio elfa. Ela começou então a reclamar:
-Em vez de fazerem adivinhas com minha fala, deveriam me ajudar a levantar bando de brutos!
-Perdões senhorita – disse Hugo quando notou que a jovem permanecia no chão. Ele estendeu sua mão á jovem que limpou prontamente sua calça com tapas bem rápidos e curtos. Começou a se limpa com palmadas bem concentradas, especialmente as partes sujas da lama do cemitério. A moça era muito bela e possuía olhos mais amendoados que o normal, mesmo para uma moça daquela idade. Os cabelos castanhos cobriam suas orelhas que alguns notavam que continha um pouco dos traços élficos. Mas outros notavam coisas mais preocupantes que isso, e o fato dela usar calças: ela tinha ferramentas que lembravam mais os ofícios de um ladrão. Como deveria de ser, isso chamou a atenção de Lacktum, além dos outros fatores que havia notado.
Ela iria começar a falar algo quando, sem aviso algum, Thror virou a cabeça em uma direção. Parecia que ele olhava pela mesma direção que acabavam de vir. Surgia então na cabeça do guerreiro grego uma imagem, de muito tempo atrás. Mesmo não se lembrando de boa parte de sua memória, ele começava a tornar alguns de seus lapsos sobre o passado, em formas de defesa contar certos perigos. Foi então que o mago lhe disse:
-Esta olhando muito para trás careca. Algum problema?
-Corram.
-Mas do... – e antes que terminasse a frase algo aconteceu.
-Corram!
-Estrangeiro louco – ela disse. Mas logo se arrependeria dessas palavras.
Todos sentiram que o chão tremia abaixo deles, mas alguns tinham noção que aquilo não se tratava de um simples ato da natureza. E o único guerreiro entre eles já notava que aquilo era algo mais profundo e sinistro. Ao ponto que começou a correr em direção ao cemitério. Alguns acharam que se tratava de um tolo covarde, mas quando olharam novamente para a cidade notaram que estavam absurdamente enganados.
Do chão começavam a brotar estranhas sementes que tinham tons de azul e marrom. Esses brotos pareciam possuir formas de dedos que se movimentavam como estivessem estalando com o ar do lugar. E então o que ninguém imaginava começou a surgir em suas mentes: aqueles brotos não pareciam com formas de mãos... Eles eram mãos! Contorcidas e pútridas, que começavam a forçar carcaças que já foram corpos, cheias de insetos viscosos e nojentos. Eles começavam a se erguer da terra com formas semi-humanas e cheias de morte que exalavam enquanto tentavam tomar uma forma mais ereta.
Algumas formas não eram completamente humanas. Entre elas poderia se notado uma parte do que seria, um corpo cortado ao meio. Outro tinha boa parte da face arrancada como se por um golpe de espada. Havia outro que possuía o mesmo problema, mas pelo golpe de um terrível animal, talvez um urso ou lobo. Existia entre aquele circo de horrores, até mesmo mulheres grávidas e animais que deveriam ter sido enterrados nas cercanias do cemitério. Era um pequeno pandemônio que surgia diante dos olhos daqueles jovens.
-Carneeeeee... – soltavam algumas das criaturas.
Entre eles, os que mexiam com magia já ouviram falar sobre esse tipo de criatura. Era conhecida entre os necromantes menos experientes, mas temida como qualquer outro. Afinal, mexer com a trama vital não era fácil e para conseguir isso eles precisavam lidar com o maior obstáculo para a vida alguns diriam. A morte não deveria ser um empecilho para alguém assim. Portanto, deveriam encontrar modos de controlar todos os aspectos dela. E entre eles estava à transformação de cadáveres em crias da vontade do conjurador que as trouxeram de volta a vida. Sem mente – e alguns diriam sem alma – esses seres podem também surgir espontaneamente absorvendo o necroplasma ao seu redor e os sentimentos que possuíam em vida as pessoas que tinha ao seu redor, assim como os próprios. Isso quase sempre alterava suas formas finais, os tornando cada vez mais perigosos dependendo do que eram preenchidos. Mas aqueles que monstros que estavam a sua frente não passavam da mais baixa das categorias desse tipo de criaturas. Os povos de pele bronzeada de além do mediterrâneo tinham um nome para aquele tipo de criatura, mas os europeus os conheciam como mortos famintos[3].
Foi nesse momento que Halphy iria começar a correr em direção ao cemitério notou de forma forçada que o guerreiro grego havia parado sua investida. Ela iria reclamar de ter acertado o seu pequeno nariz contra a armadura do grego, quando percebeu o motivo da brusca parada de Thror.
Era possível ver o guerreiro de cicatriz na cabeça, colocando a sua frente o escudo para combater. Ele se posicionava, de modo a dobrar o joelho para melhor golpear e se esquivar de qualquer ataque que surgisse. A espada longa era colocada de lado com a ponta da lamina para baixo, mas firme, como um cavaleiro segura a crina de sua montaria. Sua barba deixava sua expressão que antes parecia extrovertida, em mais seria do que antes.
Quando então notou, um grupo menor de mortos – porém não menos apavorante – surgia na frente do grupo. Halphy então soltou mais um grito.
-Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!

Eles se preparavam para um combate, mas era certeza que seriam massacrados pela massa de mortos que se colocava entre eles e a salvação. Naquele breve instante era possível notar que a desesperança surgia nas almas e corações daqueles jovens. O mal tem esse efeito sobre os corações que possuem luz. Traga toda a vida e bondade, até não surgir nada que se possa ser digno de pena. Assim funcionam as trevas. Porém, as trevas já se apossaram do coração de Lacktum.
O mago inglês então notou que a formação profana não era perfeita. Havia uma brecha entre as criaturas que poderia ser utilizada para que todos fugissem.
-Corram e me sigam por suas vidas! – gritou isso enquanto passava entre os seres macabros que se colocavam entre eles e o caminho do cemitério. Ao menos era um lugar que, a primeira vista, não estava recheada daquelas pragas que fugiram de seus túmulos. Era arriscado, mas não havia muitas opções no momento.
O feiticeiro e o druida ficavam mais para trás, enquanto Halphy seguia na frente junto ao guerreiro careca. Este abria caminho com uma tática simples, mas eficaz. Usava o escudo como uma barreira entre ele e os mortos famintos, e com a lâmina de sua espada longa, retaliava qualquer oponente adjacente. Quase sempre o que ocorria era o surgimento de cenas bizarras, como a cabeça de uma mulher que teve o crânio cortado ao meio pelo grego com a ferida enorme. Era bizarro ver um corpo que deveria ter sido uma bela jovem trespassada pela lamina e mesmo assim continuar de pé!
Todos passavam pelo pandemônio de criaturas com temor, mas ao mesmo tempo com a coragem tola que a juventude nos concede. Quem pudesse ver o grupo, poderia acreditar que talvez fosse uma experiente equipe que preferia não enfrentar os mortos. Mesmo fugindo. Mas ao contrário, a coragem os tornava fortes contra o mal que havia na frente de cada um deles. Porém, não havia para onde fugir muito menos aonde se esconder, pensavam alguns.
Foi então que quando alguns se achavam seguros demais Halphy grita:
-Ruivo cuidado!
Era tarde demais. Uma mão, que mais parecia uma garra de tão afiada, perfurou o ombro do jovem Lacktum. Este então preparava uma magia, mas nesse mesmo instante, foi acertado por um segundo ataque nas costas. Quando havia pensado em atingir seu primeiro atacante, teria deixado suas costas abertas para um novo golpe. E isso fez que perdesse muito sangue.
Halphy então se colocou acima do jovem inglês, que estava agachado colocando as mãos nas costas, como um escudo contra os monstros. Ela pegou uma adaga e colocou a frente do corpo como uma leoa que protege sua cria. Os ataques eram constantes, mas ela não poderia deixar que os seres que os cercavam acabassem com o jovem. Na verdade, após se posicionar para proteger o jovem ruivo ela se fez uma pergunta: por que raios ela estava naquela posição, protegendo um desconhecido? Não o conhecia e mesmo assim estava quase que se colocando em uma situação de risco. E para que? Para talvez isso a matar e atrapalhar em seus intentos de obter o artefato que tanto quis? Bem, o erro estava feito, e agora era agüentar firme o que estivesse para acontecer.
O mago inglês então soltou:
-Art that guide my intentions and bring wind power to protect us.
Nesse momento um pequeno raio de energia se concentrou na mão ensangüentada de Lacktum. Era brilhante e parecia ter vida própria, tanto que quando o mago a lançou, não parecia uma flecha que saltava de sua mão, mas sim um vaga-lume que voava tão rápido quanto à seta de um arco, atingindo o peito do monstro. E nesse instante, ele foi jogado contra o escudo de Thror, que logo o golpeou atravessando o rasgo que o mago fez com a magia.
A ladina lhe deu apoio para levantar, que ele negou prontamente. Mas ela era teimosa assim como o mago. Colocou o braço dele por cima de seu ombro, sempre tento cuidado para que não tocasse de jeito algum em seu ombro ferido. Ele então notou que a garota possuía uma besta de mão junto a cintura.
-Você tinha uma arma que iria lhe proteger contra ataques de perto. Qual foi o motivo de não a usar? – perguntou o mago suando pela dor e perda de sangue.
-Eu estou carregando o motivo! – falou isso a ladina enquanto bufava – Mas não se preocupe! Um dia, se ainda estiver vivo lhe cobrarei isso. Pode ter certeza disso!
-Pago minhas dívidas, mas adoro quando posso cobrar elas.
Quando os dois notaram, viram que o bando todo estava dentro do que seria um mausoléu e os chamava para se proteger dos ataques inimigos. E num esforço que parecia uma corrida, chegaram até a construção de belas pedras. Os outros aproveitaram e fecharam a porta grande e pesada, graças aos músculos poderosos de Thror. Todos estavam a salvo. Alguns pensavam isso.
Das sombras então surgiu um som:
-Quem ser vocês? – soltou uma voz fraca e esganiçada, mas furiosa.

Mesmo ferido Lacktum não temia por sua vida ou pela dos outros. Especialmente a dos outros. Então, levantou sua mão e proferiu:
-Darkness is not my enemy. And like everything on it is he who keeps my then want you to tell me.
Nesse instante, uma pequena pedra de cascalho que estava na mão do mago começou a brilhar com intensidade tremenda. Com isso, o mausoléu começou a se revelar para o grupo de jovens.
Havia uma escada, que era bem extensa. O teto como as paredes parecia ser de um material pouco comum daquela região notou Richard. Parecia vir de muito longe, talvez até do Oriente. Não havia tochas nem lugar para colocar uma. Foi então que se fixaram na visão do que teria soltado aquela frase na parte mais baixa da escadaria.
Era um bando de goblins, ou duendes verdes - como muitos falavam – ao qual apontavam pequenas lanças e seu líder, carregava um bastão. Parentes distantes dos elfos, mas mais próximos dos gnomos, kobolds, korrigans, trolls, e criaturas deformadas do mundo elemental e seus iguais. Eles quase sempre são conhecidos por serem pequenos, de tom esverdeado, ranzinzas e malignos. Mas nem todos eram assim. Esperavam que não fosse que nem as lendas.
-Nós estamos aqui, pois ficamos sabendo que esse lugar estava infestado de mortos... Famintos. Acho que é isso – soltou um Lacktum machucado e cansado – Minhas costas doem!
-Esperar – disse quando subia a escada para ver a ferida no inglês.
Ele então começou a passar a mão sobre a ferida nas costas e proferiu as seguintes palavras de cura:
-Bod y ysbrydion a gynhwysir yn y natur da yn dod i enaid hwn cythryblus.
A magia que estava nas mãos do goblin então levantou as feridas como se elas começassem a sumir nas mãos da pequena criatura. Os espíritos do bem operavam, exclamou Richard. Ele entendia da natureza em um todo, assim como da magia que ela impregnava em todos os sentidos. Alguns chamavam de deuses, elementais, espíritos e forças da floresta. Mas eles representavam o que havia de bom ou furioso na natureza.
-Temos um poderoso arcano aqui eu acho – soltou Hugo – Talvez ele esteja envolvido com os mortos lá fora.
-Ora essa! – gritou Richard revoltado.
-Nom ser quem procuram... Mas saber quem ser. Na verdade, - disse o goblin – se vierem de cidade eu poder disser aonde esta culpado.
-Como assim? – soltou Thror revoltado – Alguém naquela vila fez isso com os corpos? Diga quem é para minha lâmina se encontrar com seu pescoço.
O goblin esboçou um rosto de severidade.
-Ser sacerdote.
Todos ficaram abismados com a suposta revelação do diminuto ser. O que padre Jean teria haver com o mal que surgia naquela região? Não fazia sentido... Para alguns.
-Eu não gosto muito da fé católica, – disse Lacktum assumindo – mas qual motivo ele teria para fazer isso? Conte.
-O motivo estar aqui nesse mausoléu.
Então ele fez um sinal para que o seguissem. Agora que notaram melhor, viram penas em seu pequeno tufo de cabelo. Havia uma espécie de tiara improvisada na cabeça que prendia as penas na cabeça do duende verde. Elas eram de vários pássaros diferentes e Halphy jurava que viu o corpo de um filhote de rato pendurado na cabeça. Era nojento, ela pensava, mas não era como a maioria das outras garotas. Não tanto quanto as outras garotas, mas pelo menos não era tão fresca quanto normalmente uma garota seria.
Ele batia seu pequeno cajado no chão como apoio para seu diminuto corpo, que apesar de pequeno, era bem velho pelo que se notava. Cheio de verrugas, tanto pela velhice, como pela pele áspera que todos os goblins têm. Apesar da estatura, era o único entre eles que parecia impor algum respeito como chefe espiritual dos outros. Sereno, mas com ar sério – mesmo para um ser tão insignificante em tamanho – ele guiava os aventureiros enquanto ralhava com os membros de seu próprio grupo.
Então, quando todos estavam com a cabeça completamente cheia de dúvidas Halphy soltou:
-Então, qual motivo do padre Jean estar fazendo essas coisas diabólicas?
O goblin notou o ar de sarcasmo, mas já começou a argumentar.
-Séculos atrás... Grande mal surgir em forma de um deus terrível que humanos nunca conseguir enfrentar. Esse mal, trazido por um portal poderoso. Tão poderoso que surgir em lugar onde humanos, surgir e onde todos irão perecer. Mas grupo de heróis descobrir, como vencer deus macabro. Mas o que importar, é que um grande e poderoso dragão estar envolvido nisso. Durante batalha, seu corpo ficar preso nesse portal. Histórias também disser que maioria dos heróis morrer, exceto dois. As lendas chamar de Cavaleiro de Pele de Platina e o Desalmado. Tão poderosos que eles conseguir selar o portal com dragão junto... Como uma espécie de cadeado.
-E o que isso tem haver conosco aqui? – perguntou Hugo impaciente.
-Espere, - disse Lacktum pensando friamente – o que ele diz tem um pouco de razão. Pelo menos, no modo arcano de se ver as coisas. Um ser de tamanha magnitude realmente poderia ser usado para selar um portal. Dragões, por si só, são grandes fontes de mana. E se bem entendi, um desses dois homens da lenda deveria ser muito bem um mago, bruxo, feiticeiro ou até mesmo uma divindade, não é goblin?
-Sim.
-O que eu não consigo entender – e disse isso Lacktum, enquanto seguia o pequeno ser e segurava o cascalho brilhante - é qual o envolvimento do padre nisso tudo! Você esta tagarelando demais.
Chegaram então próximo de um portão grande de aço que continha um corpo próximo. Parecia uma enorme besta, visto de longe, mas ao se aproximar era possível notar uma face quase humana. Pelagem grande e espessa com dentes protuberantes e olhos esbugalhados como de um monstro. Ali havia o corpo de um ogro.
-Ora essa! Armadilha! Essa coisa vai nos devorar! – disse Richard desembainhando sua pequena foice.
-Não! Olhar direito! – o pequeno goblin apontou para o corpo do ogro. Havia uma enorme poça de sangue próxima daquele corpo enorme. Na verdade, já estava seco, mas era possível notar que alguém teria o golpeado com precisão no peito com um item extremamente pesado e poderoso. Thror já havia notado, mas o próprio Richard constatou pelo seu curto conhecimento de armas – mas longo em relação a cortes e golpes:
-Foi o golpe de uma maça.
-Golpe de Owen, protetor de padre.
-Novamente, não querendo ser mal, mas, - disse Lacktum com ar sarcasmo, ainda não querendo crer nas palavras do duende verde – você ainda não explicou o que isso tem haver com padre Jean. E o que esse lugar tem haver com isso? E vocês?
-Na verdade nos sermos protetores.
-Protetores? – disse Thror estranhando ainda mais a conversa.
-Realmente é muito estranho – soltou Halphy com as mesmas dúvidas do grego.
-Na verdade cemitérios servir de lugar para deixar corpos em paz. Mas também espíritos.
-E o que isso significa? – soltou Lacktum impaciente.
Foi quando o goblin começou a abrir o portão, que agora notavam ter instruções mágicas. Ele abria com dificuldade o portão cheio de runas e letras. Letras arcanas alguns notavam. De proteção e selamento.
-Corpo de dragão estar preso em portão. Mas espírito não.
Quando o portão foi aberto, notaram lá dentro um enorme sarcófago de pé cheio de runas e letras, abaixo e acima dele. Várias correntes surgiam de todas as direções da sala, que era tão pequena. A sala em si, parecia que não via a luz há vários anos. O ar estava cheio de teias que pareciam criar outra proteção ao redor do caixão antigo. Os desenhos ao seu redor deixavam o terrível lugar, ainda mais sinistro. Eram desenhos de demônios e dragões, além de uma face draconiana na parte da frente do sarcófago. Criando uma atmosfera de medo e pavor que os deixava sufocado só de ver aquela coisa. Parecia que todos já haviam visto aquela estrutura repugnante em outros tempos e outras vidas. Mas na verdade, eles o viam toda vez que fechavam seus olhos, sabendo que o medo iria sobrepujar tudo aquilo que mais acreditavam, destruindo seus sonhos. E era claro o motivo. Dentro daquela forma horrenda havia um dos maiores medos e pavores que o ser humano possui em forma de uma monstruosidade. Um dragão. Ou melhor, seu espírito.

-Nós goblins sermos servos de Caliban, deus esquecido que se arrependeu de seus pecados em épocas antigas e agora serve aos desígnios de proteger segredos. Essa construção ser protegida por nossa espécie vários anos.  Pois aqui conter esse espírito maligno ao qual não deve sair até dia destinado.
-Dia destinado? Como assim? – soltou uma inconformada Halphy – E isso agora tem hora marcada para acontecer?
-Minha cara, - disse Richard, tentando conter a jovem de pensamentos impulsivos – não se alarme. Isso é natural nas profecias. Não é?
-Sim – soltou o goblin, firme como antes – Existir uma profecia sim. Profecia disser que haverá época em que esse mal se libertará de qualquer modo. Isso pelo que ler em escritos antigo acontecer quase que daqui um ciclo das estações inteiro. Mas haverá como deter eles. Armadura de Cavaleiro de Platina e vestes do Desalmado. Elas poder o deter. Deter mal.
-Como? – perguntou Thror com cara de dúvida.
Então Lacktum sorriu com ar de satisfação, como se fosse o único que soubesse a resposta para essa questão.
-Os itens estão impregnados com os poderes antigos dos heróis que prenderam esse tal dragão. Só através deles é possível lacrar o portal. É isso que eles querem, não é? Libertar o mestre através desses itens? Deixarem ele livre totalmente de sua clausura forçada, correto pequeno?
-Sim.
-Eles quem? – soltou Halphy interrogativa.
-Ora não é óbvio? Os que acreditam que com a libertação desse monstro conseguiram ter poderes. Os que devem ter cedidos corpos a ele, pois esse dragão deve saber controlar os mortos. Padre Jean não estava querendo aventureiros para proteger a cidade de Starten. Estava querendo aventureiros para aumentar seu exército. Não notaram que havia vários deles entre os mortos?
Era certo o que ele disse. No momento em que foram atacados não discerniram muito bem, mas agora, refletindo sobre o que enfrentaram, notavam vestimentas de aventureiros. Não de camponeses. E então todos já tinham idéia do que ocorria. Era macabro.

-Oráculo de Delfos! – soltou o pequeno duende verde.
-Como assim? – indagou o druida elfo.
-O Oráculo de Delfos – disse espantosamente o guerreiro do grupo – É um antigo meio de se prever o futuro que os gregos utilizavam. Eram objetos ou pessoas que através de ligação divina, se comunicavam com os deuses e obtinham respostas. Um dos mais famosos era o de Delfos. Acho que era isso – por fim colocou a mão no queixo pensativo.
Todos o olharam espantado perguntando:
-Como sabe disso?
-Saber do que?
-Ora o que a acabou de... – Hugo iria continuar a falar, mas foi interrompido por Halphy.
-Olha... Depois do que aconteceu lá fora, começo a confiar nesse grego sem nem pensar muito. Vamos prosseguir – na verdade, a jovem não poderia disser ali, mas notou que talvez ele, o grego, fosse fácil de ludibriar e enganar. Alguém útil e forte para lhe proteger num futuro não tão distante.
 -Como estar dizendo, esse oráculo já ser citado uma vez por líder da minha ordem. Disser que quando o tempo chegar ser necessário que alguém enfrentar perigos para encontrar os itens, pois eles ser chave para trancar portão infernal. Eles ter consciência, os fracos não resistir a poderes deles. Mas o mais importante é que outros buscam por eles. Eu e os goblins não poder fazer isso, pois ficar prontos para proteger o local. Especialmente que ogro, nosso maior defensor ser morto. Padre Jean cede oferendas ao dragão em forma de aventureiros incautos. Vocês tiveram sorte. Vocês poder encontrar o Oráculo.
-Coloque sorte nisso pequenino – soltou Halphy – O ruivo que o diga...
-Respeito comigo garota arrogante. Já lhe disse: quando puder irei quitar minha divida.
O jovem fala com tanta certeza fazendo parecer que a divida seria paga com o sangue da garota a sua frente. Mas ela não se abalou pelas palavras do mago. Aprendeu com sua mãe que magos podem ser mestres na arte da lábia, com a finalidade de evitar confrontos ou intimidar pessoas mais supersticiosas. E isso com certeza ela não era. Viveu entre a magia e estava louca para obter mais desse poder. Para tanto esperava muito encontrar um determinado item que iria lhe conceder seus desejos mais sinistros.
-O que quer que façamos duende? – questionou o concentrado Hugo.
-Vão até Delfos. Descubram onde cada item esta e detenham o plano dele. Pois não existem outros para fazer isso.
-E sua ordem? Não pode nos auxiliar?
-Nosso grupo ser dizimado á alguns dias... Receber uma carta dizendo sobre isso... Parece que arcano mascarado destruir templo secreto de minha ordem.
Nesse momento um sorriso maligno surgiu na boca de Lacktum. Será que enfim encontraria o seu algoz? Será que enfim teria encontrado o homem que lhe trouxe tanto tormento? E talvez, só talvez, conseguiria enfim encontrar Lugarao’Céu? Eram coisas que quase ninguém entenderia, mas alguém que sofreu como ele sabia que aquilo era o mais perto de Paraíso. E a Paz Eterna, viria quando tivesse a cabeça cheia de sangue do homem. Seria algo que o afetou por anos, e agora era o momento crucial de sua vida para obter redenção. Sua redenção.
-Bem vamos voltar então? Se Jean estiver envolvido com isso – disse Hugo preocupado – os aldeões podem estar em extremo perigo.
-Vamos então - disse Halphy, sem se importar com o que eles achavam que ela estava fazendo ali. Richard e Lacktum olhavam com certo ar de desconfiança para a menina que acabara de gritar, e agora mostrava tanta confiança usando roupas que mais parecia de um homem. O que não chegava a incomodar nenhum dos presentes, afinal, eram com a mente bem aberta se fosse comparados a todos da aldeia.
Ela era uma mulher bem diferente da maioria. Mais audaz, mas que ainda mostrava toda a desenvoltura de uma mulher que descobrira há pouco tempo o que significava liberdade. E até seus defeitos.
Mas excluindo isso todos decidiram então: iriam se encontrar com o padre Jean. Afinal, alguns ali não acreditavam na religião, assim como nos representantes deles. E muito menos no seu Céu.


[1] No caso se refere aos elfos. Pode ser um termo referente a estes seres ou se referindo a um elfo em si.
[2] Fealith: inspirado no alfabeto de J.R.R. Tolkien. Significa “espírito cinza”. Seria uma ofensa contra os meio elfos pois eles não teriam uma alma limpa como os sidhes.
[3] São mortos-vivos. Normalmente se refere a esqueletos e zumbis. Como o termo “zumbi” não é europeu, foi preferível colocar um termo com sentido para os monstros.



Linha Cronológica e Glossario


Para facilitar o entendimento de alguns sobre a história publico aqui uma linha cronológica do tempo e um glossário:

Linha cronológica do tempo
568 – Os lombardos se estabelecem na Itália, vencendo as tropas de Constantinopla.
632 – Maomé torna-se senhor da Arábia, convertida ao islamismo.
711 – Os árabes conquistam a Espanha, depois de haverem constituído um imenso império na Ásia e no Norte da África.
732 – O prefeito do paço, Carlos Martelo, salva a Europa da invasão árabe em Poitiers.
800 – Carlos Magno, depois de haver-se apoderado de vastas terras na Germânia e do antigo reino dos Lombardos, é coroado Imperador do Ocidente.
843 – O império formado por Carlos Magno é dividido pelo tratado de Verdun, em França, Alemanha e Lotaríngia.
911 – Os carolíngios desapareceram da Alemanha, onde o trono se torna eletivo.
962 – O monarca alemão, Oto, o Grande, funda o Santo Império Romano-Germânico.
987 – Sobe ao trono da França, Hugo Capeto, extinguindo-se a dinastia dos carolíngios.
1053 – O cisma do Oriente se torna definitivo.
1066 – Os normandos, guerreiros de origem escandinava que se haviam estabelecido ao noroeste da França, invadem a Grande Bretanha, e seu chefe, Guilherme da Normandia, fica sendo rei da Inglaterra.
1073 – Gregório VII, ao tornar-se papa, começa a combater a intromissão dos imperadores alemães na escolha dos bispos (Querela das Investiduras).
1096 – Se inicia a Primeira Cruzada.
1099 – Godefroy de Boullon toma Jerusalém dos maometanos.
1122 – A concordata de Worms põe fim à Querela de Investiduras entre o papa e o imperador alemão.
1147 – Se inicia a Segunda Cruzada.


Glossário

-A-
Alquimia: espécie de química da Idade Média e da Renascença, que buscava sobre tudo, descobrir a Pedra Filosofal, formula secreta para transformar os metais em ouro sem necessitar passar pela “lei da troca equivalente”. Baseia-se em transmutação, formula feita com uma troca equivalente: para se obter algo é preciso entregar algo de valor equivalente.
Asgard: seria o lugar onde moram os deuses nórdicos (mitologia escandinava/ germânica) e significa “residência dos chefes”. Sua ligação com a Terra se faz através do arco-íris Bifrost.
Avalon: seria uma ilha coberta por bosques e vales verdejantes, em algum da Grã-Bretanha. Seus portais estão envoltos por uma espécie de bruma que esconde uma terra encantada habitada por belas sacerdotisas, conhecedoras de todas as artes mágicas.

-B-
Bárbaros: na antiguidade designava aos povos que não pertenciam ao Império Romano. Aqui possui o sentido de guerreiro selvagem e irascível.
Bardo: poeta e músico. Poderia ser chamado de menestrel. Entre os gauleses o bardo era o oficial encarregado de garantir o bem estar e a harmonia na corte real
Bíblia: do grego, “os livros”, é um conjunto de textos da religião judaica reunida a partir do século VI a V a.C. e completados pelas gerações até o século II a.C.. Os cinco principais livros (Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) formam o Torah (ou Pentateuco). Há também os textos dos profetas (Neviim) e os escritos variados (Ketuvim). O cristianismo do século I possui textos da seita judaica de forma autônoma. Os textos da Bíblia judaica são denominados Antigo Testamento. A vida de Jesus e de seus apóstolos é denominado Novo Testamento.
Bretão: natural da Britânia, atual Inglaterra.
Bruxa: entende-se como uma (ou um) vidente, que pode prever acontecimentos por meio da magia, além de outros dons arcanos. Na Grande Arte (ou simplesmente Arte) também pode se referir a elas como feiticeiras. No livro um dos aspectos que é usado seria a da bruxa que pratica magia negra e por isso se torna um monstro.

-C-
Cavaleiro da Tavóla Redonda: os cavaleiros do rei Arthur. Eles se reuniam em uma mesa redonda que representava a igualdade entre os membros. Há divergências também sobre o número e a identidade dos cavaleiros. Em geral, as historias citam doze cavaleiros.
Cabala: tratado filosófico – religioso hebraico, cujo conteúdo visa decifrar um sentido secreto da bíblia através de uma teoria e um simbolismo dos números e das letras. A cabala é a ciência do nome de Deus, a tradição oculta ou esotérica dos hebreus.
Camelot: teria sido o reino de Arthur e dos Cavaleiros da Tavóla Redonda, situada ao sul da Inglaterra. O relato da vida social em Camelot, registrado por escritos tardios do século XIV e XV, sempre girou ao redor das festividades cristãs, principalmente o Pentecostes quando, inclusive, iniciou-se a busca do Santo Graal, devido a necessidade de cristianização dos povos da Grã-Bretanha e Irlanda.
Clero secular e regular: o clero secular era formado por padres e bispos que viviam em contato constante com o mundo leigo, acompanhando sua rotina. Já o regular era formado pelos frades e monges, que viviam fechados em mosteiros ou conventos sujeitos as regras especiais.
Códice: a partir do século I e II, o antigo rolo de papiro (volumen) passou a ser substituído pelo códice, livro de folhas cortadas e costuradas em cadernos que facilitava o manuseio e criava hábitos de leitura.
Coven: um grupo de bruxos é chamado de coven. Normalmente, cada coven é composto por treze membros que se reúnem periodicamente para a realização de trabalhos mágicos ou também chamados de Sabbats.
Ctoniano: palavra que determina as divindades subterrâneas ou infernais da mitologia grega.

-D-
Dinastia: sucessão de reis de uma mesma família que assumem o governo
Dragão: criatura guardiã de tesouros ocultos e dos poderes arcanos que permeiam a mente. Na China e no Japão traz sorte e longevidade, domina os elementos e forças ocultas. Na mitologia católica simboliza forças demoníacas. Em lendas célticas, simbolizava o instinto primitivo que deve ser dominado. Também são citados em lendas gregas e nórdicas.
Druida: nome dado aos sacerdotes do povo celtas. Constituíam uma classe mágica muito poderosa dentro da qual seus membros se agrupavam em especialidades mágicas distintas de acordo com os poderes maiores da cada um.

-E-
Elementais: o povo celta os chamava de pequeno povo. Eles provem do mundo arcano. Guiam-se através de emoções humanas, pois conseguem determinar os sentimentos e sua intensidade. São classificados em: duende (vegetais), gnomos (terra), faunos (animais), ondinas (água), sereias (mar), silfos (ar) e salamandras (fogo). Os gnomos têm parentesco com outros seres como os trolls, korrigans, leprechauns e gremlins.
Esparta: cidade-estado grega que ficou conhecida por sua arte militar.
Estela: espécie de coluna comemorativa ou funerária. Em algumas estelas até hoje preservadas que representam importante fonte de pesquisa histórica estão gravadas cenas de guerras ou ocupações.

-F-
Fealith: em uma tradução aproximada seria “espírito cinza”. Seria um termo pejorativo criado pelos elfos ao referir aos filhos de sua raça com humanos (meio elfos).
Fomore: povo composto por gigantes deformados que surgem em histórias celtas e em muitas lendas eslavas. Sua moradia seria nas ilhas próximas a Irlanda, pelo que se relata. Eles representam as forças obscuras do caos.

-G-
Grandes elementais do ar: são os elfos. Criaturas com grande influência do ar e dos cristais. São altos, belos e fortes além de excelentes arqueiros e espadachins. Muitas vezes são confundidos com os silfos e fadas, aos quais possuem um parentesco.
Germânico: o mesmo que germano povo da antiga Germânia. Entre os povos germânicos estavam os francos, hérulos, ostrogodos, visigodos, saxões e vândalos. Germânico é também o ramo de línguas da qual fazem parte o alemão, o inglês, o holandês e também as línguas escandinavas (sueco, dinamarquês, norueguês), entre outras.
Gladiadores: pessoas especialmente treinadas ou prisioneiros que nos circos romanos, lutavam entre si ou com feras. Alguns combates podiam durar até a morte.
Gnose: fonte das energias divinas que alguns conjuradores possuem. Entre eles podemos citar padres, sacerdotes, druidas, xamãs, demonologistas e monges.

-H-
Hades: nome da região infernal na mitologia grega, o lugar para onde vão todos os mortos. Também é o nome da divindade que rege esse mundo, o Senhor do Mundo dos Mortos.
Hierarquias angelicais: seres cujos corpos são formados por uma luz divina e astral que só podem ser vistos graças a uma “casca” chamada egregora, assumindo a forma física desejada. Possuem uma aureola que circunda a cabeça que simboliza a gloria celeste, que em latim é chamada nimbus. Haveria nove coros ou ordens diferentes: serafins, querubins, tronos, dominações, potências, virtudes, principados, arcanjos e anjos. Como os gênios e demônios seriam entidades menores que servem a uma força suprema.
Homérico: (XII-VIII a.C.) época que teria sido composta por grandes poemas referentes principalmente a Guerra de Tróia: Ilíada e a Odisséia. É atribuído ao poeta Homero, mas pesquisas apontam para dois ou mais compositores da obra e até que o poeta grego nunca tenha existido. Mas de qualquer modo esse período é chamado homérico.

-I-
Infiéis: pessoas que não tem a fé considerada verdadeira. Na Idade Média era empregada pelos europeus para designar os povos ou as pessoas que não professavam a fé cristã. Para os muçulmanos, em contrapartida os infiéis eram aqueles que não seguiam os preceitos de Maomé. Em resumo, seria aquele que não crê.
Inquisição: tribunais estabelecidos em alguns países da Europa na Idade Média para perseguir e punir

-J-
Jihad: entre os islâmicos é a obrigação de combater incessantemente todo aquele que for contrário ao islamismo ou que não aceite o seu domínio. A idéia de guerras santa é encontrada na civilização ocidental, assumindo particular importância durante as cruzadas.

-L-
Lagar: local equipado para espremer, por exemplo, uvas e azeitonas, e assim fabricar vinho e azeite.
Latim: língua que deu origem ao português e a outros idiomas, como o espanhol, o francês e o italiano. Na Antiguidade, era falada especialmente pelos romanos.
Livro dos mortos: conjunto de textos nos quais o morto expunha suas qualidades e pedia absolvição ao deus Osíris.

-M-
Magia: seria a alteração da realidade devido à vontade de alguém ou de uma entidade. Ela se encontra em toda a parte e possui sempre fonte mística. Ela esta em todas as coisas da natureza, pois ela por si só é inerente em tudo ao nosso redor. Seus usuários são magos, bruxos, feiticeiros, onmyoujis, shugenjas, alquimistas, wu-jens, sacerdotes, druidas, xamãs, padres monges, necromantes, demonologistas, entre outros.
Mana: ou maná. Segundo a Bíblia, alimento que Deus mandou aos israelitas em forma de chuva no deserto. Quase sempre é a fonte de poder das magias arcanas de magos feiticeiros. Apesar de muitas vezes essa fonte de poder provir dos deuses. Em outras culturas pode ser chamado de soma, ki, chi, ka, chakra, entre outros nomes.
Monarquia: sistema de governo em que o poder supremo é exercido por um monarca imperador ou rei – O poder do monarca é por toda a vida e, em geral, hereditário.
Mundo mediterrâneo: este é o nome pelo qual era conhecida a região banhada pelo mar mediterrâneo.

-N-
Necrópole: locam onde eram enterrados os corpos das pessoas falecidas em certas culturas.
Necromância: forma de magia que manipula a energia da vida através do controle sobre a morte. Entre os dons concedidos por essa variedade de magia esta o controle dos mortos e outras magias. Quebra o tabu universal de nunca profanar cadáveres.

-O-
Olimpo: a montanha mais alta da Grécia com cerca de 2917 metros de altura. Seria a morada dos deuses gregos. Se situa no celebre monte entre a Tessália  e a Macedônia.
Oráculo: local, objeto ou pessoa ao qual se acredita que um deus poderia conceder um conselho ou fazia uma profecia.

-P-
Paladino: como eram chamados os cavaleiros que acompanhavam Carlos Magno na antiguidade. Na história do livro são guerreiros de grande bravura que fazem os desígnios de um deus e protegem sua fé. Tem poderes concedidos por essa divindade.
Pentáculo: estrela de cinco pontas ou pentáculo é um símbolo poderoso e antigo de significado místico em muitas religiões e filosofias, entre elas a cabala, a tradição celta e até o cristianismo.
Pergaminho: geralmente de couro de animal – de cabra ou de carneiro – preparado para ser usado na escrita.
Pequenos elementais de terra: se refere aos anões seres aparentados dos gnomos que tem como dom lidar com pedras e aço. São poderosos forjadores e guerreiros que dizem terem sido criados no centro da Terra. Eles possuem rivalidades com elfos a sua conexão mística com elementos diferentes: com o aço e pedras (nos anões) e com cristais e o ar (nos elfos).

-R-
Relíquia: é um objeto preservado para efeitos de veneração no âmbito de uma religião, sendo uma peça associada a uma historia religiosa. Podem ser objetos pessoais ou partes do corpo de um santo ou personagem sagrada ou outros itens. São tratados quase sempre como artefatos.
Runa: significa mistério na língua germânica antiga. Formado por 25 pedras com inscrições com exceção de uma delas em branco

-S-
Sibila: bruxa. Também poderia ser uma profetisa, sacerdotisa de Apolo.
Sidhe: significa montes ocos. Lugar onde se enterravam as pessoas de origem celta. Muitos temiam esse esses montes, pois se acreditava que possuíam passagens mágicas para os reinos élficos. Também designam qualquer coisa ou alguém de origem élfica.

-T-
Teocracia: governo controlado por pessoas que afirmam ser representantes de uma divindade ou até que se consideram um deus na terra.
Tirano: na Grécia antiga, era o titulo dado ao governante que detinha o poder ilegalmente. Com o aperfeiçoamento do século V a.C. o termo ganhou sentido pejorativo.
Tuatha de Danann: significa Povo da Deusa Dana e é o nome da tribo composta dos grandes deuses do panteão irlandês, de cultura celta.